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Turbulências Globais

Publicado 20.10.2014, 13:08
Atualizado 14.05.2017, 07:45

Fomos pegos de surpresa nestes dias de intensa turbulência nos mercados globais. Ninguém esperava as fortes oscilações e correções de ativos ocorridas na semana que passou. As bolsas de valores recuaram forte, assim como as moedas oscilaram e as commodities despencaram, com destaque para o barril de petróleo na menor cotação em muitos anos. Pelo Brent, em poucas semanas saiu do topo recente de US$ 114 para US$ 86,30 (ver gráfico a seguir). Nas bolsas internacionais, as quedas também foram fortes. Em 30 dias, até quinta-feira passada, nos EUA, o Dow Jones acumulou queda de 5,9%, no Reino Unido as perdas chegaram a 8,7%, na Alemanha a 10,9% e no Japão a 11,1%.

Cotação do Barril de Petróleo

O que aconteceu afinal? Parece consenso que esta onda de pessimismo foi detonada por uma série de fatores conjugados. Citemos alguns: (1) possibilidade de crescimento menor da economia mundial, com destaque para EUA, China e Zona do Euro; (2) receio da Grécia sair do programa de ajuda do FMI; (3) impacto do Ébola no turismo, afetando negócios e o crescimento global, caso esta vire uma pandemia, e (4) tensões geopolíticas exacerbadas, como o imbróglio entre Hong Kong e o governo da China, a guerra civil na Ucrânia e as incertezas sobre os próximos passos do Estado Islâmico. Muitos concordam, no entanto, que esta onda foi exagerada. Como bem se comentava nos mercados, “foi como se alguém, num ambiente fechado, cheio de gente, gritasse fogo e detonando uma onda de pânico”.

Outros dois fatores também devem ser citados: a ata do Fed e os comunicados cautelosos do FMI no seu meeting em Washington. A ata disse que a economia norte-americana começa a ser afetada pela desaceleração global, com a demanda externa recuando e o dólar valorizado, o que tende a impactar no fluxo de comércio e no crescimento. No encontro do FMI, há duas semanas em Washington, aumentaram as preocupações com a liquidez global e a taxa de juros baixa por tempo demasiado nos países desenvolvidos, o que tende a empurrar os investidores para o risco. Segundo o FMI, esta política de crédito farto (Quantitative Easing nos EUA), mantida por tempo demasiado, tende a gerar uma bolha e depois seu estouro, caso a reversão, via elevação de juro, seja realizada numa velocidade incompatível. Na verdade, vivemos um momento de transição na economia global, com as políticas monetárias muito frouxas, além de certa falta de coordenação entre as políticas monetárias dos principais bancos centrais.

Enquanto o Fed aguarda o timing ideal para elevar a taxa de juros de curto prazo (Fed Funds), sendo esta decisão devendo ser gradualista e vinculada ao comportamento da economia, na Zona do Euro o BCE se preocupa em aprofundar o afrouxamento monetário, o mesmo ocorrendo no Japão. Na Zona do Euro a economia está parada, impactada pelo esgotamento da política de Wellfare State, pelos excessos fiscais do passado, no impasse entre conciliar a necessidade de ajuste fiscal e o crescimento e geração de empregos. Para piorar, como os países membros estão “parados”, as exportações da Alemanha não reagem, impactando no crescimento do principal país da região (no segundo trimestre, o PIB recuou 0,2%); e no Japão, os estímulos monetários recentes, a partir do Abenomics, produzem eficácia limitada.

De qualquer maneira, vivemos um momento delicado em que a divulgação de indicadores mais fracos tende a gerar uma onda de aversão ao risco e correção de ativos. Daí a necessidade, neste momento, das autoridades monetárias atuarem em coordenação e com cautela. O que disser Jannet Yellen, chairman do Fed, ganha em importância, por emitir sinais mais claros e tranquilizadores aos mercados e mostrar “controle” sobre as variáveis da economia norte-americana. Sobre os fatores que detonaram esta onda especulativa cabem mais comentários.

Nos EUA. Saíram na semana passada alguns indicadores mostrando a economia crescendo menos do que o esperado. As vendas do varejo de setembro recuaram 0,3% contra agosto, a demanda por bens duráveis veio aquém do esperado e o PPI registrou deflação de 0,1% (refletindo uma economia em frágil aceleração). A partir daí, o mercado passou a conjecturar sobre a possibilidade de adiamento do ajuste de juro para o final de 2015 ou início do ano de 2016. Retratando isto, o rendimento dos títulos públicos de 10 anos chegou a recuar a 1,8%, menor patamar desde maio de 2013. Mesmo assim, o quadro que se tem nos EUA é ainda de retomada do crescimento, mesmo que sujeita a solavancos no meio do caminho. Para este ano, o FMI prevê crescimento em torno de 2,2% e no ano que vem de 3,0%.

Na Zona do Euro. A deflação é uma ameaça concreta na região. O CPI, em 12 meses, passou de 0,4% para 0,3% em setembro, contra 1,1% há um ano. Soma-se a isto o fraco desempenho da Alemanha, com o PIB recuando, assim como o índice de confiança Zew (-3,6%). O fluxo menor de comércio para os parceiros da região se justifica pelo fraco crescimento destes e pelas tensões na Ucrânia, envolvida em guerra civil. Segundo o FMI, a Alemanha deve patinar num crescimento fraco neste ano, em torno de 1,4%, mantendo a mesma toada em 2015. A França também está parada e só deve crescer 0,4% neste ano e 1,0% em 2015. A Itália deve recuar neste ano (-0,2%) e crescer 1,8% em 2015. Em adição, a Grécia voltou a preocupar, diante da ameaça de dispensar ajuda do FMI. Para o FMI, a Zona do Euro deve crescer 0,8% neste ano e 1,3% em 2015.

Na China. Também mostra perda de dinamismo. A inflação, pelo CPI, por exemplo, registrou 1,6% em setembro contra o mesmo mês do ano passado, sendo que em janeiro estava em 2,5%, e o PPI registrou deflação de 1,8%. Isto mostra a demanda desacelerando e a economia suavemente devendo crescer menos nos próximos anos. Neste ano, pelo FMI, a projeção de crescimento é de 7,4% e em 2015 de 7,1%.

Comentários Finais. Concluindo, a virada dos mercados globais, nesta semana, se deveu, basicamente, a perspectiva de crescimento menor da economia mundial, mas também pelos comunicados cautelosos do Fed e do FMI (dentre outros fatores). Achamos, no entanto, como dito acima, que houve exagero nestes ajustes, até porque a retomada dos EUA segue ocorrendo, assim como os ajustes graduais na Zona do Euro, China e Japão. Nos EUA, alguns diretores do Fed já defendem a prorrogação do processo de estímulos via QE3, pelo menos até dezembro, com a reunião do Fed agora em outubro não anunciando a retirada dos estímulos. Na Zona do Euro, a pressão é por mais relaxamento. No Brasil, além da “contaminação” das incertezas sobre a retomada da economia global, somos afetados também pela acirrada disputa eleitoral, de difícil prognóstico neste momento. Pesquisas indicam empate técnico entre os dois candidatos Dilma e Aécio, mas é lamentável o nível dos debates, com poucas propostas e muitas acusações. Os mercados oscilam ao sabor das pesquisas e destes fatos políticos. A partir do dia 27/10, passado o segundo turno, ou o mercado ingressa num rally de alta ou num forte ajuste corretivo.

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