SÃO PAULO (Reuters) - A Bovespa fechou no vermelho nesta sexta-feira, acentuando perdas após declarações da chair do Federal Reserve, Janet Yellen, dando indicações de que o banco central norte-americano deve elevar as taxas de juros "nos próximos meses", e com cautela sobre o cenário político doméstico no radar.
O Ibovespa recuou 0,87 por cento, a 49.051 pontos, devolvendo ganhos ligeiros de mais cedo. Na semana, o índice perdeu 1,35 por cento, segunda baixa semanal seguida.
O giro financeiro do pregão foi de 4,35 bilhões de reais.
A bolsa brasileira chegou a ensaiar alta no início do pregão, ajustando-se a movimentos do mercado na véspera, quando ficou fechada por feriado. Mas não sustentou os ganhos e acentuou perdas após a fala da chair do Fed.
Yellen afirmou que se o crescimento dos Estados Unidos continuar a melhorar, assim como o mercado de trabalho, uma alta do juro nos próximos meses será apropriada.
Nesta sexta-feira, o Departamento do Comércio dos EUA informou, em segunda estimativa, que o Produto Interno Bruto (PIB) do país cresceu a ritmo anual de 0,8 por cento no primeiro trimestre, ante 0,5 por cento divulgado em abril.
A cautela nos negócios na Bovespa foi engrossada pela preocupação de investidores com o noticiário político, incluindo eventuais novas divulgações envolvendo políticos próximos ao presidente interino Michel Temer.
DESTAQUES
- PETROBRAS recuou 5,07 por cento nas preferenciais, maior pressão de baixa do Ibovespa, em dia de queda nos preços do petróleo.
- USIMINAS (SA:USIM5) caiu 2,3 por cento, em dia negativo no setor siderúrgico. O grupo Nippon Steel planeja contestar a eleição de Sergio Leite para a presidência-executiva da siderúrgica. "Evidencia mais uma vez embates no controle societário da Usiminas", disse a Guide Investimentos.
-QUALICORP caiu 7,06 por cento. A coluna Radar, da revista Veja, afirmou que o STJ homologou delação premiada do empresário Benedito de Oliveira Neto na Operação Acrônimo, que investiga propina na campanha do governador de Minas, Fernando Pimentel (PT). Entre as empresas acusadas de irregularidades estariam a Qualicorp (SA:QUAL3) e a petroquímica BRASKEM, cuja ação perdeu 0,62 por cento. A Qualicorp disse em comunicado que "nunca pagou propina a quem quer que seja".
- FIBRIA subiu 2,31 por cento, em dia de alta de dólar, que favorece exportadoras, e após a rival Suzano (SA:SUZB5) anunciar reajuste da celulose a partir de 1 de junho, para 710 dólares a tonelada na Europa, 570 dólares na Ásia e 870 dólares na América do Norte. A possibilidade de reajuste da Suzano, cuja ação ficou estável, já era ventilada pelo mercado após aumento anunciado pela Eldorado Brasil. A Fibria (SA:FIBR3) ainda não anunciou aumento.
- ELETROBRAS fechou com a ação ON em alta de 1,14 por cento, após notícia de que o presidente da elétrica, José da Costa Neto, pretende deixar o comando da companhia e já preparou carta de demissão por discordar de vendas de ativos da estatal, segundo afirmou à Reuters uma fonte com conhecimento do assunto. O mercado tem encarado positivamente a perspectiva de venda de ativos da estatal.