CDI é uma sigla onipresente no mundo dos investimentos e na cabeça do investidor. É um título financeiro emitido por instituições bancárias para regularizar empréstimos entre elas, mas que não está disponível aos investidores pessoa física.
O CDI é importante para qualquer investidor porque está diretamente ligado à rentabilidade de diversas opções de investimento de renda fixa no Brasil. Além disso, o CDI é utilizado como referência de análise de retorno de uma carteira de investimento no Brasil, seja essa carteira composta por ativos de renda fixa ou renda variável.
Entender o que é o CDI, por isso, é essencial. Neste artigo, explicaremos:
- O que é CDI;
- Como ele é calculado;
- O que significa 100% do CDI;
- Quanto rende;
- Principais investimentos atrelados ao CDI;
- Aspectos fiscais e de segurança;
- Como investir no CDI;
- CDI como referência do mercado financeiro brasileiro.
Após ler esse artigo, sua decisão de investimentos se tornará mais simples e certeira. Confira o texto “o que é CDI” abaixo e boa leitura!
O que é CDI
CDI é a sigla para Certificado de Depósito Interbancário, que é um título de curtíssimo prazo emitido exclusivamente pelas instituições financeiras. Esses títulos são utilizados para que os bancos possam emprestar dinheiro entre eles para gerenciar o seu fluxo de caixa.
Com vencimento de um dia útil, o objetivo do CDI é manter o caixa equilibrado de cada banco ao fim do dia, conforme exigência do Banco Central do Brasil. Em outras palavras, um banco pode estar com excesso de dinheiro, pois recebeu mais depósitos do que retiradas, e, com isso, pode emprestar para outro que está com falta de dinheiro, pois teve mais saques do que depósitos.
A remuneração do CDI é por meio de uma taxa de juros, como ocorre com qualquer outro título. A taxa média de juros dessas operações é conhecida como taxa DI ou taxa do CDI, calculada e divulgada diariamente pela B3, a Bolsa de Valores brasileira. Por regular os empréstimos entre os bancos para regularizar seus fluxos de caixa, o CDI acaba servindo como uma espécie de termômetro da economia, refletindo diversas condições do mercado financeiro.
Mesmo não estando à disposição ao investidor pessoa física, a taxa do CDI é um indicador de rentabilidade para diversos investimentos, funcionando como uma taxa de referência para produtos financeiros como CDBs (Certificados de Depósito Bancário), LCs (Letras de Câmbio), Fundos DI (Fundos de Investimentos Referenciados), LCI e LCA (Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio), debêntures, CRI e CRA (Certificados de Recebíveis Imobiliários e do Agronegócio) e outros investimentos em Renda Fixa. O retorno dos produtos financeiros mencionados acima têm frequentemente sua rentabilidade atrelada a um percentual do CDI.
A taxa do CDI acompanha a Taxa Selic, que é a taxa básica de juros da economia. Selic é a abreviação de “Sistema Especial de Liquidação e de Custódia”, e é considerada a taxa básica de juros da economia brasileira. A Selic também é utilizada em operações financeiras realizadas entre os bancos, mas com uma diferença: os títulos públicos são envolvidos como garantia das operações.
Como as operações de empréstimos interbancários por meio do CDI consideram a taxa Selic como referência, isso significa que as duas taxas caminham juntas. Ou seja, quando a taxa Selic sobe, o CDI também tende a subir; quando cai, o CDI também diminui.
Funcionamento e cálculo do CDI
O CDI é calculado diariamente com base nas transações entre os bancos. A instituição responsável pelo cálculo é a B3, que registra todas as operações de empréstimos interbancários realizadas no dia.
Com base nesses registros, a B3 calcula a taxa média ponderada dos juros praticados, resultando na taxa DI diária. A bolsa brasileira também divulga médias mensais e anuais para as taxas DIs, que servem como referência para investimentos de renda fixa.
O que significa render 100% do CDI?
Muitos investimentos em renda fixa remuneram através de um percentual do CDI, como “100% do CDI”, “90% do CDI”, etc. Isso indica quanto da taxa referencial o investimento irá acompanhar.
Por exemplo: Se o CDI é de 10% ao ano e um CDB rende 100% do CDI, a rentabilidade do CDB será também 10% ao ano.
Se o investimento pagar 90% do CDI, a rentabilidade será:
10% x 90% = 9% ao ano.
Por isso, é fundamental comparar o percentual do CDI oferecido para identificar o melhor investimento. Se, por exemplo, a taxa do CDI subir durante o período do investimento, o retorno final para o investidor também vai aumentar. Se cair, o rendimento também cairá.
Isso significa que o retorno de produtos financeiros atrelados a um percentual do CDI são chamados de pós-fixados. O investidor só saberá o montante a receber de retorno efetivo somente após o vencimento do produto financeiro, devido à variação da taxa do CDI durante o período de aplicação.
Por isso, um ponto importante para o investidor ficar atento é os motivos de variações de percentual de CDIs entre os títulos de renda fixa. Os produtos que oferecem uma rentabilidade igual ou abaixo de 100% do CDI são geralmente seguros, mesmo que pague abaixo da taxa básica de juros da economia.
Já os títulos com rentabilidade acima do 100% do CDI significam que têm um maior risco de que o pagamento da remuneração não seja honrado. Por isso, maior é o retorno para o emprestador de recursos. Quanto mais distante acima do 100% do CDI, maior é o risco da operação.
Rentabilidade do CDI
A rentabilidade do CDI varia de acordo com a Taxa Selic e as condições econômicas do país. Historicamente, a rentabilidade do CDI é próxima à da Selic.
- Atualização diária: Como o CDI é atualizado diariamente, os investimentos que o seguem também têm rendimento diário.
- Risco baixo: Investimentos atrelados ao CDI são considerados de baixo risco e estão entre os preferidos de investidores conservadores.
Observe abaixo como se exerce na prática a conversão de um percentual do CDI em relação à taxa Selic:
- Se a Taxa Selic estiver em 11% ao ano, o CDI também ficará próximo de 11% ao ano.
- Investimentos que pagam 100% do CDI terão uma rentabilidade bruta semelhante.
Em comparação a outros investimentos, os produtos financeiros cuja rentabilidade é atrelada ao CDI tendem a oferecer rendimentos superiores aos da poupança, especialmente em um período econômico em que as taxas de juros estão mais elevadas.
Em relação aos investimentos de renda fixa atrelados a índices de inflação, os produtos com rentabilidade atrelada ao CDI não oferecem proteção contra a inflação. Embora os investimentos atrelados ao CDI sejam seguros, em períodos de alta inflacionária os títulos como o Tesouro IPCA+ podem proporcionar rendimentos mais atrativos.
Investimentos Atrelados ao CDI
Os principais investimentos que utilizam o CDI como referência são:
- CDBs: Títulos emitidos por bancos para captar recursos do mercado. Oferecem rentabilidade geralmente vinculada a um percentual do CDI, podendo variar conforme o emissor e o prazo de vencimento. Têm liquidez variável.
- LCI e LCA: Títulos direcionados ao financiamento dos setores imobiliário e do agronegócio, respectivamente. Além de serem atrelados ao CDI, possuem a vantagem de serem isentos de Imposto de Renda para pessoas físicas. Oferecem rentabilidade próxima ao CDI.
- Fundos DI: Fundos que buscam acompanhar de perto a variação do CDI, investindo majoritariamente em títulos públicos e privados de baixo risco. São opções para investidores que desejam liquidez e rentabilidade próxima ao CDI.
- Debêntures: Títulos de dívida emitidos por empresas para financiar suas atividades. Algumas debêntures possuem rentabilidade pós-fixada, vinculada ao CDI, oferecendo potencial de retorno superior, porém com maior risco.
- CRI e CRA: Títulos lastreados em recebíveis desses setores. Muitos CRIs e CRAs oferecem rentabilidade atrelada ao CDI e são isentos de Imposto de Renda para pessoas físicas, embora não contem com a proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC).
Esses produtos são amplamente ofertados por bancos e corretoras e são ideais para investidores que buscam segurança e previsibilidade. É importante notar que, embora esses investimentos estejam atrelados ao CDI, cada um possui características específicas em termos de liquidez, risco e tributação. Portanto, é fundamental avaliar o perfil do investimento e adequá-lo aos seus objetivos financeiros antes de investir.
Impostos e Implicações Fiscais
Ao escolher investimentos atrelados ao CDI, é fundamental considerar as implicações fiscais, pois elas impactam diretamente a rentabilidade líquida. Investimentos isentos de IR podem oferecer retornos líquidos mais atrativos, mesmo que apresentem taxas brutas inferiores. Contudo, é essencial avaliar também fatores como liquidez, risco de crédito e objetivos financeiros pessoais.
Os investimentos atrelados ao CDI estão sujeitos a diferentes tratamentos fiscais, que variam conforme o tipo de produto financeiro. Abaixo, detalhamos os principais impostos e implicações fiscais associados a esses investimentos:
1. Imposto de Renda (IR):
- Tabela Regressiva: A maioria dos investimentos em renda fixa segue a tabela regressiva do Imposto de Renda, onde a alíquota diminui conforme o tempo de aplicação:
- Até 180 dias: 22,5%
- De 181 a 360 dias: 20%
- De 361 a 720 dias: 17,5%
- Acima de 720 dias: 15%
Por exemplo, um investimento mantido por 365 dias será tributado à alíquota de 17,5% sobre os rendimentos.
- Incidência no Resgate: O IR é retido na fonte no momento do resgate ou no vencimento do investimento.
2. Isenção de Imposto de Renda:
- LCI e LCA: As Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e do Agronegócio (LCA) são isentas de IR para pessoas físicas, tornando-se atrativas, especialmente para investidores em faixas de tributação mais elevadas.
- Debêntures Incentivadas: Debêntures emitidas para financiar projetos de infraestrutura também são isentas de IR para pessoas físicas, oferecendo rendimentos líquidos mais competitivos.
3. IOF (Imposto sobre Operações Financeiras):
- Aplicações de Curto Prazo: Resgates realizados em até 30 dias da aplicação estão sujeitos ao IOF, com alíquotas decrescentes conforme o tempo. Após 30 dias, não há incidência de IOF.
4. Declaração de Rendimentos:
- Obrigatoriedade: Mesmo investimentos isentos de IR, como LCI e LCA, devem ser declarados no Imposto de Renda, informando os saldos e rendimentos auferidos.
Além disso, verifique a taxa de administração em fundos DI, pois ela pode reduzir a rentabilidade líquida.
Investir em CDI é seguro?
Investir em produtos financeiros atrelados ao CDI é, em geral, uma opção segura e conservadora, adequada para investidores que buscam estabilidade e previsibilidade nos rendimentos. No entanto, é essencial avaliar fatores como risco de crédito, liquidez e tributação, além de considerar o contexto econômico e as metas pessoais de investimento.
O investimento em produtos financeiros cuja rentabilidade é atrelada ao CDI é seguro por:
- Baixo Risco de Mercado: A rentabilidade desses investimentos está vinculada à taxa CDI, que acompanha de perto a taxa Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira. Essa correlação proporciona menor volatilidade e maior previsibilidade nos rendimentos.
- Proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC): Investimentos como CDBs, LCIs e LCAs são protegidos pelo FGC, que assegura até R$ 250 mil por instituição e por CPF. Essa garantia adiciona uma camada extra de segurança ao investidor.
No entanto, antes de investir em um produto financeiro com rentabilidade atrelada ao CDI, o investidor deve levar em consideração:
- Risco de Crédito: Embora o FGC ofereça proteção, é fundamental avaliar a solidez da instituição financeira emissora do título. Optar por instituições de boa reputação reduz o risco de inadimplência.
- Liquidez: Alguns investimentos atrelados ao CDI possuem prazos de carência ou vencimentos específicos. É importante verificar as condições de liquidez antes de investir, especialmente se houver necessidade de resgate antecipado.
- Tributação: A maioria desses investimentos está sujeita à tributação pelo Imposto de Renda, conforme a tabela regressiva. Além disso, resgates em prazos inferiores a 30 dias podem incorrer em IOF.
Como investir no CDI?
Embora não seja possível investir diretamente no CDI, você pode aplicar em diversos instrumentos financeiros que têm sua rentabilidade vinculada a essa taxa. Confira abaixo o passo a passo para investir em produtos atrelados ao CDI:
- Escolha de uma Instituição Financeira:
- Bancos e Corretoras: Procure instituições que ofereçam produtos de renda fixa atrelados ao CDI, como CDBs, LCIs e LCAs. É importante verificar a solidez e a reputação da instituição para minimizar riscos.
- Seleção do Produto de Investimento:
- Análise das Condições do Investimento:
- Percentual do CDI: Verifique qual percentual do CDI o investimento oferece. Por exemplo, um CDB que paga 100% do CDI acompanha integralmente a taxa, enquanto outro que paga 110% oferece um rendimento superior.
- Prazos e Liquidez: Considere o prazo de vencimento e a possibilidade de resgate antecipado. Alguns investimentos possuem carência, o que pode afetar sua liquidez.
- Tributação: Esteja ciente da incidência de Imposto de Renda, que segue a tabela regressiva, e do IOF para resgates em prazos inferiores a 30 dias. LCIs e LCAs são isentas de IR para pessoas físicas.
- Abertura de Conta e Aplicação:
- Cadastro: Abra uma conta na instituição financeira escolhida, fornecendo os documentos necessários.
- Aplicação: Após a abertura da conta, selecione o produto desejado e realize a aplicação conforme as condições estabelecidas.
CDI: a referência de desempenho do mercado financeiro brasileiro
O CDI serve como uma referência valiosa para avaliar se investimentos mais arriscados estão proporcionando retornos que justificam o risco adicional em comparação com opções de renda fixa. No entanto, é essencial considerar o perfil do investimento ao selecionar o benchmark mais adequado, garantindo uma avaliação precisa do desempenho em relação aos objetivos propostos.
Além de produtos de renda fixa, o CDI é amplamente utilizado como referência para avaliar o desempenho de diversos investimentos no Brasil, incluindo carteiras de ações e fundos multimercados. O CDI é utilizado como referência porque:
- Padrão de Mercado: O CDI reflete a taxa média dos empréstimos interbancários de um dia e acompanha de perto a taxa Selic, servindo como um indicador de referência para a rentabilidade de investimentos de renda fixa.
- Avaliação de Desempenho: Ao comparar o retorno de investimentos mais arriscados, como ações e fundos multimercados, com o CDI, os investidores podem avaliar se o risco adicional está sendo compensado por um retorno superior ao de investimentos de renda fixa.
- Diversificação de Estratégias: Fundos multimercados possuem flexibilidade para investir em diferentes classes de ativos. Utilizar o CDI como referência permite avaliar a eficácia dessas estratégias diversificadas em superar a rentabilidade de investimentos de baixo risco.
É importante mencionar que o CDI é mais apropriado para análise de desempenho de Fundos Multimercados, pois esses fundos buscam retornos superiores aos de renda fixa, mantendo um nível de risco moderado.
O CDI é menos comum para a análise de desempenho de Fundos de Ações, mesmo que alguns deles acabem utilizando-o como referência. A maioria dos Fundos de Ações prefere índices de mercado de ações, como o Ibovespa, que refletem mais diretamente o desempenho do mercado acionário.
Conclusão
O CDI é um dos principais indicadores do mercado financeiro brasileiro, servindo como referência para investimentos de renda fixa. Entender como ele funciona e onde aplicá-lo pode ser o primeiro passo para otimizar sua rentabilidade com segurança.
Se você busca investimentos que acompanhem o CDI, como CDBs, LCI ou Fundos DI, é essencial considerar o prazo, os impostos e as taxas envolvidas. Ao fazer isso, você garante maior controle sobre seus rendimentos e um futuro financeiro mais estável.