Vamos ver o que são as taxas de juros, as diferentes classes que existem, a relação que elas têm com a inflação, o que acontece se as taxas de juros aumentarem (como isso afeta o mercado de ações, as moedas, a economia), o que é a curva de juros e muitas outras informações relevantes sobre as taxas de juros no Brasil.
O que são as taxas de juros e suas características
A taxa de juros é o preço oficial do dinheiro e é fixada pelos bancos centrais, por exemplo, no Brasil pelo Banco Central do Brasil e nos Estados Unidos pelo Federal Reserve (Fed).
O dinheiro tem um custo que é determinado pela taxa de juros paga quando nos emprestam e é um percentual do capital.
Podemos distinguir vários tipos de taxas de juros:
- Privada: é a taxa de juros paga por ter um produto bancário contratado, como um empréstimo pessoal ou uma hipoteca.
- Oficial: esta é a taxa fixada pelos bancos centrais para operações interbancárias, ou seja, o dinheiro emprestado a outros bancos e o dinheiro emprestado entre os próprios bancos.
- Legal: é a taxa de juros paga quando se tem uma dívida com a Receita Federal ou uma indenização por decisão judicial.
Relação entre inflação e taxas de juros
Para entender corretamente a relação entre esses dois conceitos, primeiro é necessário definir o que é inflação. A inflação implica o aumento generalizado do preço de bens e serviços. Uma inflação elevada é prejudicial para a economia, pois implica um aumento no custo de vida.
Geralmente, as principais causas são o aumento no preço das matérias-primas e do petróleo. É por isso que os respectivos bancos centrais devem sempre monitorar a evolução da inflação e agir quando começar a subir. Nesse caso, os bancos centrais têm uma série de instrumentos de políticas monetárias, como o aumento das taxas de juros, para controlar a inflação.
Quando os bancos centrais aumentam as taxas de juros para controlar a inflação, eles buscam reduzir a quantidade de dinheiro em circulação, tornando o consumo mais caro e desestimulando-o, para que a poupança seja a primeira opção para os cidadãos.
O que acontece se as taxas de juros aumentarem
Se as taxas de juros aumentarem, várias consequências podem surgir, incluindo as seguintes:
- A inflação tende a diminuir, entre outras razões, porque as pessoas compram menos, gastam menos.
- Contratação de empréstimos e hipotecas ficam mais caros. Se essas operações bancárias foram contratadas por taxa de juros variável, a parcela mensal a ser paga será mais alta precisamente porque os juros aumentaram.
- Aplicações de renda fixa, como o investimento em títulos públicos, se tornam mais atraentes porque oferecem maior rentabilidade aos clientes, ou seja, oferecem maiores juros sem que o risco necessariamente seja maior.
- As empresas têm mais dificuldade em se endividar porque o simples fato de se financiar terá um custo maior, de modo que esse aumento nos gastos acaba afetando e refletindo em suas demonstrações trimestrais e anuais.
- Por essas duas últimas razões, um aumento nas taxas de juros é negativo para os mercados de renda variável (as Bolsas). Primeiro, porque os investimentos em renda fixa se tornam mais atraentes, muitos investidores preferem vender suas ações e retirar seu dinheiro da Bolsa em busca de maior segurança, menor risco e aproveitar esse aumento na rentabilidade. Segundo, porque as demonstrações financeiras das empresas são prejudicadas e isso afeta o desempenho de suas ações, tornando a Bolsa mais arriscada.
- Um aumento nas taxas de juros favorece a moeda do país. Por exemplo, suponha que o Fed aumente as taxas de juros. As taxas afetam o rendimento dos títulos do Tesouro do país e esses títulos só podem ser adquiridos em dólares, então se as taxas aumentarem, a demanda de investidores que querem comprar títulos também aumentará e, como deve ser feito em dólares, a demanda por dólares também aumenta, e assim o dólar fica mais forte em relação a todas as outras moedas.
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Curva de taxas de juros
A curva de taxas de juros é simplesmente a representação gráfica da relação entre o rendimento dos títulos soberanos de um país e seu prazo de vencimento. Dessa forma, oferece uma visão das perspectivas futuras das taxas de juros.
Portanto, a curva de taxas de juros reflete o interesse pago pelos títulos do Tesouro, títulos e obrigações do Estado com prazos de 3, 6, 9 meses, 1, 2, 3, 10, 30 anos.
Quando tudo está indo bem, a curva de taxas de juros é ascendente, e isso ocorre porque os investidores exigem um maior retorno ao comprar títulos de prazo mais longo em relação a um título de prazo mais curto. A explicação é bastante lógica, pois quanto maior o prazo ou vencimento, maior é o risco de algo desfavorável acontecer.
Por exemplo, o rendimento de um título de 10 anos geralmente é maior do que o rendimento de um título de 2 anos, pois em um período de 10 anos é mais provável que ocorra uma crise, uma recessão ou qualquer outro evento negativo do que em 2 anos.
Mas nem sempre é assim, às vezes a curva de taxas de juros pode se inverter, ser descendente, e isso implicaria o oposto, ou seja, que o rendimento dos títulos de prazo mais curto é maior do que o rendimento dos títulos de prazo mais longo.
É por esse motivo que uma curva de taxas de juros invertida sempre foi um indicador antecipado que alerta para a chegada de uma recessão em um prazo de 12-24 meses.
Reação das Bolsas às taxas de juros
Podemos ver alguns exemplos reais de anos em que o Fed aumentou as taxas de juros, como em 1987, 1988, 1994, 1997, 1999, 2004 e 2015.
Como o S&P 500 reagiu?
- 3 meses depois: subiu 0,5%
- 6 meses depois: subiu 7%
- 12 meses depois: subiu 10%
Agora, vamos analisar um período mais amplo de tempo, por exemplo, nos últimos 75 anos. Descobrimos que o S&P 500 subiu em média nos doze meses seguintes 5,2%.
Ao longo da história, verificou-se que após aumentos nas taxas de juros, o S&P 500 sofre um pouco a curto prazo, mas nos meses seguintes ele sobe. Sempre deve-se ter em mente uma ideia: na verdade, os mercados não se preocupam nem são afetados por um aumento nas taxas de juros, mas sim pela força com que isso acontece e sua continuidade ao longo do tempo. Por exemplo, o índice cai em média 2,8% se o aumento nas taxas for forte, mas se for um aumento controlado, ou seja, gradualmente, com uma intensidade não elevada, sobe em média 8%.