Investir na bolsa de valores em empresas que produzem armas requer atenção aos riscos éticos, regulatórios e geopolíticos. Embora o setor da indústria bélica seja historicamente sólido e ofereça oportunidades de crescimento, é importante que os investidores equilibrem os potenciais lucros com as implicações morais e legais. Diversificar o portfólio com ferramentas como ETFs pode ser uma estratégia para reduzir os riscos.
Em resumo, embora este setor possa oferecer retornos interessantes, é essencial avaliar cuidadosamente todos os aspectos, especialmente se você tiver preocupações de natureza ética ou legal.
As ações de empresas de armas são um bom investimento?
O setor de defesa e da indústria bélica é geralmente visto como um investimento seguro, especialmente em tempos de incerteza geopolítica, uma vez que os governos continuam a investir massivamente em armas e defesa por motivos de segurança nacional. Durante eventos como conflitos ou aumento das tensões internacionais, as ações de empresas de armas podem ter um crescimento significativo.
No entanto, investir em empresas da indústria bélica não está imune a riscos. Por exemplo:
- Regulamentações: as empresas que produzem armas são fortemente regulamentadas, e mudanças nas políticas de exportação ou na legislação internacional podem impactar negativamente os lucros.
- Controvérsias: envolvimentos em violações dos direitos humanos podem prejudicar a reputação e influenciar o valor das ações.

O que influencia a cotação das ações das empresas de armas na bolsa?
As ações das empresas que produzem armas são influenciadas por vários fatores:
- Contratos governamentais: os principais clientes dessas empresas são os governos. A assinatura de contratos bilionários, como aqueles com o Pentágono, pode aumentar significativamente o valor das ações.
- Tensões geopolíticas: eventos como guerras, conflitos ou a expansão dos gastos militares globais podem fazer subir o valor das ações.
- Inovação tecnológica: a introdução de novas tecnologias, como drones avançados ou sistemas de mísseis, pode melhorar a competitividade das empresas e, assim, seu valor no mercado.
Existem questões éticas a considerar?
As ações de empresas que produzem armas levantam uma série de questões éticas, e alguns investidores evitam deliberadamente este setor. As principais preocupações dizem respeito a:
- Impacto humanitário: as armas produzidas por essas empresas podem ser usadas em conflitos que causam vítimas civis ou violações dos direitos humanos.
- Investimentos sustentáveis: muitos fundos de investimento éticos ou sustentáveis excluem as empresas do setor armamentista de seus portfólios, tornando mais difícil para alguns investidores ingressarem no mercado.
No entanto, há uma distinção entre armas convencionais e aquelas consideradas mais controversas, como armas nucleares, químicas ou biológicas, que possuem normas mais rigorosas e restrições internacionais.
Como posso investir nessas empresas?
Para investir em ações de empresas fabricantes armas, do setor de defesa e da indústria bélica, você tem várias opções:
- Compra direta de ações: você pode comprar ações através de corretoras online ou bancos. As empresas de defesa mais conhecidas são listadas em bolsas dos Estados Unidos, como a NYSE, e na Europa (Euronext), mas também há opções na B3 (B3SA3), a bolsa brasileira, como a Taurus (TASA3).
- Fundos ETF: existem ETFs (Exchange Traded Funds), ou fundos de investimento negociados em bolsa, que incluem empresas do setor de defesa.
- Fundos de pensão ou mutual funds: alguns fundos de pensão incluem empresas de defesa, embora muitos fundos éticos tendam a excluí-las.
Quais são os riscos legais?
O setor de armamentos é estritamente regulamentado em nível internacional. As empresas devem cumprir regulamentações rigorosas em relação à exportação de armas, especialmente em áreas de conflito. Violações das leis internacionais ou regulamentos sobre direitos humanos podem resultar em multas pesadas, redução de contratos e perda de confiança por parte dos investidores.
Outro aspecto legal é a crescente pressão por normas mais rígidas contra armas autônomas e inteligência artificial militar, que podem limitar o desenvolvimento de tecnologias avançadas.

Qual é o futuro da indústria bélica?
O futuro do setor de defesa parece estável e em crescimento. Os governos estão aumentando os gastos com defesa, especialmente em resposta a ameaças globais como o terrorismo, a corrida armamentista e tensões geopolíticas. O aumento da automação militar e das tecnologias de defesa cibernética também abre novas oportunidades para as empresas do setor.
Apesar dos desafios éticos e regulatórios, a demanda por tecnologias avançadas e a expansão das operações militares em nível global sugerem que a tendência de investir em armas continuará a oferecer oportunidades no longo prazo.
Maiores empresas de armas listadas na bolsa de valores
O desempenho recente das ações das principais empresas fabricantes de armas mostrou várias dinâmicas influenciadas por fatores geopolíticos, contratos governamentais e problemas internos das empresas.
As ações da Lockheed Martin tiveram um bom desempenho em 2024, registrando um aumento de 9% nas vendas no segundo trimestre e um aumento de 10% nos lucros operacionais. Esse sucesso se deveu em parte aos contratos militares ligados a conflitos na Europa e no Oriente Médio, como a guerra na Ucrânia e as tensões no Mar Vermelho. A empresa também aumentou sua orientação para o ano todo, refletindo uma robusta demanda por seus produtos de defesa avançados, como o caça F-35. As perspectivas para a Lockheed Martin permanecem positivas, com um backlog de quase 160 bilhões de dólares e oportunidades adicionais relacionadas aos conflitos globais. Apesar da volatilidade dos mercados, as ações da empresa mostraram um crescimento sólido em relação aos seus concorrentes, com um potencial de alta de 13,9% segundo analistas.
Raytheon enfrentou desafios significativos, especialmente com os problemas relacionados aos motores Geared Turbofan que afetaram centenas de aviões Airbus A320neo, causando uma redução nas entregas e gerando uma provisão de 3 bilhões de dólares no terceiro trimestre de 2024. No entanto, apesar dessas dificuldades, as ações da RTX mostraram sinais de recuperação, com um crescimento de 4% nas últimas semanas. As perspetivas para a RTX permanecem mistas, com preocupações relacionadas a problemas técnicos, mas também com oportunidades de crescimento nos setores de defesa. Os analistas estimam um potencial de alta de 21% para as ações da RTX.
A BAE Systems se beneficiou de um aumento da demanda global por seus produtos de defesa, especialmente na Europa, onde os governos estão aumentando os gastos militares devido à guerra na Ucrânia. As ações viram um crescimento estável, favorecido por novos contratos com o governo britânico e outras nações europeias. Embora o setor de defesa seja geralmente considerado defensivo, as ações da BAE demonstraram boa resiliência e potencial para crescimento adicional.
A Leonardo mostrou sinais de recuperação após um período de desempenho menos positivo. As ações foram sustentadas por contratos de defesa na Itália e operações internacionais. Recentemente, a empresa se beneficiou de novos pedidos para aeronaves militares e helicópteros, posicionando-se como um dos principais players na Europa no setor de defesa. No entanto, a volatilidade do mercado italiano e as incertezas econômicas em nível europeu podem influenciar o desempenho das ações no curto prazo. As perspectivas a longo prazo permanecem promissoras graças à expansão nos mercados internacionais e às parcerias estratégicas.
A Taurus é uma empresa estratégica de defesa do Brasil, maior fabricante de armas leves do mundo e uma das marcas mais vendidas no mercado norte-americano. Sua sede está em São Leopoldo, Rio Grande do Sul, mas a empresa também possui unidades nos EUA e Índia. Ela oferece um vasto portfólio de produtos para mercados civil, militar e policial. Entre os pontos a ficar de olho na hora de avaliar um investimento na ação estão a concorrência e a regulamentação do uso de armas em mercados-chave, como os EUA, onde a empresa tem forte presença, além de perspectivas de demanda regional e global, ligadas a fatores geopolíticos, como guerras e conflitos internacionais.
Vale a pena investir em armas e na indústria bélica?
Olhando para o futuro, as perspectivas para as ações das empresas de defesa permanecem geralmente positivas, sustentadas pelo aumento dos gastos militares globais e pelas tensões geopolíticas em curso. No entanto, os riscos incluem a possibilidade de novos problemas técnicos, especialmente para empresas como a RTX, e a volatilidade econômica global que poderia influenciar as decisões de gastos governamentais.
