BDRs: o que são e como funcionam

BDRs, ou Brazilian Depositary Receipts, são certificados que representam ações de empresas estrangeiras negociadas na Bolsa de Valores do Brasil (B3). Em essência, eles permitem que investidores brasileiros comprem ações de empresas internacionais sem precisar lidar diretamente com o mercado de ações estrangeiro. Os BDRs são emitidos por uma instituição depositária brasileira que mantém as ações originais em custódia em bancos no exterior.

Os BDRs funcionam como um “espelho” das ações originais, através de um processo que envolve várias etapas e instituições financeiras. Inicialmente, uma empresa estrangeira, como a Apple Inc. ou a Tesla, tem suas ações listadas em uma bolsa de valores fora do Brasil, como a NASDAQ nos Estados Unidos. Essas ações são conhecidas como as ações subjacentes ou originais, que são o ativo real representado pelos BDRs.

A instituição depositária brasileira, geralmente um banco, adquire essas ações estrangeiras no mercado internacional. Por exemplo, ao comprar ações da Amazon (AMZO34) na NASDAQ, a instituição depositária está garantindo a posse do ativo original. Essas ações estrangeiras são, então, mantidas em custódia por uma instituição custodiante no exterior, garantindo que as ações subjacentes estão realmente armazenadas e sob a responsabilidade de uma entidade financeira confiável.

Com essas ações em custódia, a instituição depositária brasileira emite os BDRs, cada um representando uma fração específica das ações subjacentes. Por exemplo, um BDR da Alphabet (GOGL34) pode representar uma parte das ações da Google. Esses BDRs são em seguida disponibilizados para negociação na Bolsa de Valores do Brasil (B3), onde são adquiridos e vendidos como qualquer outro ativo listado na bolsa.

A negociação dos BDRs na B3 permite que os investidores brasileiros tenham acesso a uma gama diversificada de empresas globais sem precisar lidar diretamente com o mercado de ações estrangeiro. Além disso, as instituições depositárias brasileiros atuam como intermediários para garantir que todos os procedimentos regulatórios e financeiros sejam seguidos adequadamente, proporcionando transparência e segurança aos investidores. Por exemplo, se um investidor decide comprar BDRs da Nvidia (NVDC34) ou da Nubank (ROXO34), o processo é simplificado e facilitado pela corretora local, que se encarrega de todas as transações e regulamentações necessárias.

O sistema de BDRs conecta o mercado de ações global ao investidor brasileiro doméstico, oferecendo acesso de uma forma estruturada e regulada, que minimiza complicações burocráticas e custos adicionais que podem surgir ao investir diretamente em bolsas de valores estrangeiras.

Existem diferentes categorias de BDRs que são importantes para entender:

1. BDRs patrocinados: quando a própria empresa estrangeira está diretamente envolvida no processo de emissão dos BDRs. São subdivididos em Nível I, II e III, dependendo de regulamentações e do grau de envolvimento da empresa.
   • Nível I: não exigem registro na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e têm maior flexibilidade.
   • Níveis II e III: exigem registros e são sujeitos a regras mais rigorosas.
2. BDRs não patrocinados: emitidos sem a participação direta da empresa estrangeira. Normalmente, são administrados por instituições financeiras interessadas em oferecer essa opção de investimento no Brasil.

Investir em BDRs oferece vários benefícios, especialmente para os investidores brasileiros:

1. Diversificação: oferece uma oportunidade de diversificação geográfica, permitindo investimentos em empresas globais líderes de mercados que não estão disponíveis na B3. Por exemplo, investidores podem ter acesso a empresas como Tesla (TSLA34), Amazon (AMZO34), Google/Alphabet (GOGL34), Apple (AAPL34), Nubank (ROXO34) e NVIDIA (NVDC34).
2. Facilidade e Conveniência: elimina a complexidade de abrir uma conta em uma corretora estrangeira, simplificando a compra de ações de empresas internacionais.
3. Proteção Cambial: uma vez que os BDRs são lastreados em ações de empresas estrangeiras, eles também podem servir como um hedging natural contra a depreciação do real.
4. Acesso a gigantes globais: permite aos investidores acesso a empresas de tecnologias, como as mencionadas acima, que não têm ações negociadas diretamente no Brasil.
5. Transparência e regulação: por serem negociados na B3, estão sujeitos às regulamentações brasileiras, proporcionando mais transparência e segurança para o investidor.

Como qualquer investimento, os BDRs também apresentam riscos:

1. Risco cambial: embora possa atuar como uma proteção, também pode haver impacto negativo se a moeda estrangeira se depreciar significativamente.
2. Liquidez: nem todos os BDRs têm boa liquidez, o que pode dificultar a compra e venda a preços desejados.
3. Risco de mercado: influências do mercado internacional e a performance da empresa no exterior impactam diretamente no valor do BDR.
4. Regulações e custos: existem custos adicionais envolvidos, como taxas de custódia e transação, que podem afetar a rentabilidade do investimento.
5. Eventos corporativos: ações corporativas, dividendos, desdobramentos, podem ser mais complexos para BDRs, devido às diferenças entre as legislações brasileira e estrangeira.

Investir em BDRs é relativamente simples e pode ser feito através da sua corretora de valores habitual. Aqui estão os passos básicos:

1. Abra uma conta: é necessário uma conta em uma corretora que suporte comércio de BDRs.
2. Pesquisa e escolha: pesquise as empresas e os BDRs disponíveis. Muitos sites financeiros e a própria B3 fornecem listas e detalhes dos BDRs negociados.
3. Ordem de compra: coloque uma ordem de compra via plataforma da corretora, assim como faria com ações locais.
4. Acompanhamento e gestão: monitore seu investimento regularmente da mesma forma que faria com qualquer outro ativo.

Sim, os BDRs pagam dividendos, da mesma forma que as ações ordinárias da empresa estrangeira correspondente. Porém, o pagamento de dividendos de BDRs é um pouco mais complexo devido à necessidade de conversão cambial e aos eventuais impostos retidos na fonte no país de origem. Quando uma empresa no exterior paga dividendos, esses valores são repassados pela instituição depositária aos investidores que possuem os BDRs no Brasil, já convertidos para reais e descontadas as eventuais taxas e impostos.

Identificar quais BDRs pagam mais dividendos pode variar ao longo do tempo, tendo em vista as mudanças nas políticas de distribuição de lucros das empresas e a performance financeira das mesmas. Contudo, historicamente, algumas empresas estrangeiras são conhecidas por distribuir altos dividendos e, consequentemente, seus BDRs também refletem essa característica. Exemplos populares incluem:

1. Coca-Cola (COCA34): conhecida por sua política de dividendos robusta, a Coca-Cola historicamente distribui uma porcentagem significativa de seus lucros aos acionistas.
2. Johnson & Johnson (JNJB34): outra empresa com um histórico sólido de pagamentos de dividendos consistentes, atraindo investidores que buscam renda passiva.
3. Pfizer (PFIZ34): empresa farmacêutica reconhecida por pagar dividendos generosos, especialmente relevante em tempos de alta demanda por produtos de saúde.
4. Procter & Gamble (PGCO34): conhecida por sua estabilidade financeira e longo histórico de pagamentos de dividendos robustos.

Determinar as melhores BDRs para investir depende do perfil do investidor, seus objetivos financeiros e tolerância ao risco. No entanto, algumas empresas se destacam pelo histórico de desempenho, qualidade do negócio e potencial de crescimento. Abaixo, estão listadas algumas das melhores BDRs em diferentes categorias, incluindo tecnologia, dividendos consistentes e diversificação setorial.

Os setores de tecnologia e inovação são conhecidos por seu potencial de crescimento exponencial e pela capacidade de transformar indústrias inteiras com inovações disruptivas.

Confira alguns dos melhores BDRs de tecnologia para considerar:

Para investidores que procuram uma fonte confiável de renda passiva, empresas com histórico de pagamentos de dividendos consistentes são uma ótima opção. Estas são algumas dessas empresas:

Uma carteira bem diversificada é essencial para minimizar riscos. Considerar BDRs de diferentes setores pode ajudar a equilibrar a carteira de investimentos.

Uma carteira bem diversificada e equilibrada pode ajudar a maximizar os retornos e minimizar os riscos a longo prazo. Ao considerar esses fatores, os investidores podem tomar decisões mais informadas e alinhadas com seus objetivos financeiros. Investir em BDRs líderes de tecnologia, empresas com dividendos estáveis e setores diversos pode proporcionar uma base sólida para um portfólio robusto e resiliência econômica.

O índice BDRX é um índice de referência da B3 que mede o desempenho dos BDRs negociados na bolsa brasileira. Ele é composto por uma carteira teórica de BDRs que representa a performance de um conjunto diversificado de empresas globais. O BDRX é uma ferramenta útil para investidores que desejam acompanhar o desempenho dos BDRs de forma agregada e comparar a performance dos seus investimentos com um padrão de mercado.

Os Brazilian Depositary Receipts (BDRs) representam uma excelente oportunidade para investidores brasileiros diversificarem suas carteiras e acessarem mercados globais. Com uma gama variada de opções e a facilidade de negociação, os BDRs se mostram uma ferramenta valiosa. Entretanto, é importante estar atento aos riscos associados e estar bem informado antes de tomar qualquer decisão de investimento. Honre sempre a máxima da diversificação e invista de acordo com seu perfil de risco e objetivos financeiros.

Assim, a introdução dos BDRs abre um leque de possibilidades, ajudando investidores brasileiros a transcendenderem fronteiras, maximizarem lucros potenciais e gerenciarem riscos mais eficazmente.