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A César, o Que é de César: Por que, Então, Tanto Pessimismo no Brasil?

Publicado 21.10.2021, 08:40
Atualizado 09.07.2023, 07:32

O começo desta semana no Brasil foi desalentador: o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o Congresso se aliaram para estourar o teto do gasto com uma proposta populista de auxílio às famílias desprotegidas, o Senado negou-se sequer a discutir a tributação sobre dividendos, passando um sentimento de que a austeridade estaria enterrada. Apressa-se, então, o Banco Central em declarar que leniência fiscal será compensada com agressividade monetária crescente. Como resultado, as bolsas despencaram, os juros explodiram e o câmbio subiu.

Adicionando uma pitada internacional a agravar nossa perplexidade: o cenário mundial é absolutamente natural, sem sustos nem surpresas. Do lado negativo, a surto do petróleo, que deverá ser revertido por traições dentro da Opep, oferta crescente de gás natural russo e reativação da produção de shale nos Estados Unidos. Em decorrência da alta do preço do carvão na China, o governo respondeu com expansão da oferta, ao suspender medidas ambientais de restrição à sua exploração. No mais, todos os preços de commodities marcham alinhados para um desaquecimento, eliminando o fator inflacionário dominante no movimento de alta atual. Portos passam a funcionar em turnos de 24 horas, contribuindo para a normalização logística e, ainda que mais lentamente do que se esperava, o recondicionamento das cadeias produtivas vai acontecendo, empurrando a inflação de custos para um segundo plano. Europa e China, então, consolidam um cenário de crescimento satisfatório para 2022, sem herança inflacionária preocupante e com as autoridades monetárias atentas para eventuais correções marginais nas taxas de juros.

Nos Estados Unidos, o Federal Reserve ganhou a batalha contra o delírio do mercado de alguns meses atrás, que suplicava por aumentos de juros imediatamente. Fiel aos manuais de Economia, o Fed declarava que inflação de custos é fenômeno transitório, que prescinde de alta de juros para ser revertido. Lá, os juros futuros subiram e caíram sem que o Fed se abalasse. Mais recentemente, constatando que alguns pontos de estrangulamento no mercado de trabalho começam a se consolidar e que há uma alegria crescente no comportamento dos consumidores, o Fed adianta-se e avisa que vai iniciar neste ano a diminuir a injeção de liquidez na economia, postergando para 2022 aumentos modestos nos juros. Com isto, a economia americana continua a crescer sem surto inflacionário e as bolsas se valorizam, graças ao desempenho lustroso de suas empresas.

Resumindo: em uma ecologia internacional amena, até favorável à economia brasileira, aqui o humor dos investidores azedou. Pasmem: mesmo com o setor produtivo revelando dados tranquilizadores quanto ao comportamento da economia. Sim, pois a reversão da alta dos preços de commodities beneficia-nos no fronte inflacionário, fazendo com que os 10,25% do IPCA acumulado até setembro sejam o pico inflacionário, se São Pedro ajudar. Daqui para frente, marcha batida para 3,5%, até o final do ano que vem. A atividade econômica está voltando, muito bem no setor primário, razoável nos serviços e débil no industrial. Vale dizer, 5% de crescimento do PIB neste ano e algo entre 2 e 4% no ano que vem, a depender da truculência do Banco Central em demonstrar comprometimento com o enfrentamento da inflação. Das contas externas nem é preciso comentar, céu de brigadeiro neste e no próximo ano.

Por que, então, tanto pessimismo?

Os mal humorados de sempre respondem que o compromisso fiscal foi para o espaço, questão de tempo então para o gasto governamental inflacionar a economia e o Banco Central ser obrigado a subir ainda mais os juros, gerando estagflação.

No que se refere ao comportamento do Congresso, a crítica procede. Realmente, aumentar o subsídio às famílias além do proposto, ao mesmo tempo em que se nega a tributar as classes altas é a volta da velha fisiologia que vem retardando nosso crescimento há décadas.

Na verdade, na questão fiscal vivemos um momento semelhante ao pós-Cruzado, em relação à inflação. Repare que o Cruzado – uma agressão à Lógica com seu aumento de salário real e congelamento de preços – nunca teve chance de dar certo. Mas despertou os políticos para a demanda latente ardorosa que havia na sociedade por estabilidade de preços, que culminou com o genial Plano Real. Desde então, o combate à inflação tornou-se prioridade de esquerda e direita, apesar de desmunhecadas eventuais. Pois a emenda do teto do gasto é o Plano Cruzado da austeridade fiscal: só um alienado pode crer que funcionaria limitar o total de gasto, sem especificar quais itens desta despesa seriam controlados. O objetivo subjacente a medida tão estapafúrdia era forçar a classe política a cortar os gastos correntes intocáveis, a reduzir benefícios abusivos dos funcionários públicos e trazer racionalidade a aposentadoria dos marajás. Que isto seria possível ficou comprovado pelo sucesso dos governadores de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, por exemplo, que aprovaram cortes estruturais de despesas com pessoal nas suas Assembleias. Está faltando agora o Plano Real da austeridade fiscal, do qual a reforma administrativa que paira no Congresso seria o passo mais importante.

Infelizmente, em Brasília, os ventos do bom senso não passam de brisas. O Parlamento se nega a cortar privilégios, tributar os ricos, mas abraça amorosamente a demagogia do gasto eleitoral populista. O momento, então, é de pressionar nossos representantes a agir como estadistas e não mais com o oportunistas irresponsáveis.

Muito importante: reconhecer que o Ministro da Economia é o líder legitimo do processo de modernização da economia, que manteve a dívida publica sob controle, apesar da pandemia e das pressões políticas. O único Ministro que ousou propor aumentar a tributação da classe alta. Que vem lutando por todas as bandeiras que havia alçado desde sua nomeação, apesar do ônus imposto por pertencer a um governo tão contestado.

Reconheçamos que o Executivo está fazendo sua parte e coloquemos pressão no Parlamento para que as condições objetivas existentes para uma retomada sustentável do crescimento sejam concretizadas.

Últimos comentários

Uma política monetária que já se mostrou incapaz de conciliar crescimento e controle inflacionário (PIB se esforçando para conseguir recuperar a recessão de 2020; em contraposição ao modelo estadunidense demonstrado) numa economia com enorme capacidade ociosa e cortes em setores do funcionalismo que, enquanto operantes, possuem direitos semelhantes aos empregados no meio privado para que os  verdadeiros marajás (juízes e classe política-representante) tirem a atenção a seus perfis. Essa é a postura a ser avalizada para o nosso executivo? Nos termos que foram expostos, considero mais interessante ser mal-humorado que bitolado
Pergunta:Se tributar os ricos… eles ficam aqui pagando altos tributos felizes ou vão embora do pais?
Não é uma questão de contestação e vitimização do governo, o mandatário com sua conturbada comunicação e comportamento singular contribui para gerar as incertezas e pessimismo. Resumindo, é demagogia e incompetência política de quem participa do executivo nesse processo protecionista a ricos e de demagogia popular pró reeleição
Excelente artigo. Mais em um momento pre eleitoral, dificil acreditar que o congresso tenha culhões para tal.
Executivo fazendo sua parte? Hahaha
belo artigo
O executivo fazendo sua parte pegou pesado. Nem de longe isso acontece. O executivo finge fazer sua parte, coloca a culpa em outros poderes e ninguém faz nada, afinal faz! o desgoverno faz um teatro para o populismo que torce o nariz mas bate palma, enquanto isso a conta desse circo é paga com o nosso dinheiro.
Não acredito em nada que esse cara fala. Deixou o Corinthians com dívidas impagáveis e saiu pela porta dos fundos.
Estava acompanhando o raciocínio do autor até o último parágrafo. Executivo no planalto?!! perdeu o rumo da matéria na reta final... por isso somos pessimistas no Brasil do puro engodo.
concordo com parte dos argumentos e análise do autor da matéria, mais afirmar que o poder executivo está fazendo sua parte para melhorar as condições do Brasil é no mínimo ridículo. se tem uma com da que este governo faz é deteriorar dia a dia o país, se permanecer até o final de 22 teremos uma Venezuela!
Fácil, um circo de palhaçadas de mau gosto, com uma cleptocracia instaurada, logistica da era pré industrial, educação da era pré histórica, cidadãos tratados como bois e controlados por uma minoria de ricos retardados. mais algum motivo??
inflação de 3,5% no final de 2022? crescimento do PIB em 2022 de 3%? esse aí tá querendo ser o próximo ministro Pinóquio
Afirmar que as medidas do governo do estado do RS deram certo é mentira, não foram elas que tiraram o estado momentaneamente do buraco. O governador gay usou recurso federal, destinados a hospitais de campanha e medidas protetivas contra a Covid, para pagar salários atrasados, os quais ele usou na campanha para atacar o antigo governador que realmente vinha colocando o estado em dia com medidas concretas. Se a CPI fosse séria e incluísse governadores em vez de ser usada como ferramenta de ataque ao PR isso já estaria claro e provado.
mentiroso o tcu já desmentiu essas informações.
Muito bom. Excelente colocação
Esquece análise. Governo acabou. Já vimos isso com a Dilma. Acabou.
Parabéns. sugestão pra colocarem um link pra que estas análises possam ser compartilhadas. abçs
Excelente análise! Madura e objetiva
Tudo é notícia no Brasil....se hoje falar que vão respeitar o teto....amanhã a bolsa volta a subir...coisa chata.
já falou que vai respeitar, isso é bode expiatório
meio tendenciosa essa materia
Como se tributar os ricos fosse adiantar alguma coisa hahaha, é lógica básica que por final da historia quem sairia perdendo e teria que pagar mais seriamos nós da classe média/baixa.
Muito boa análise!! Vamos torcer para que deputados, senadores trabalhem em prol da populaçao brasileira
também gostaria de ver isso,mas é utopia.
O "executivo está fazendo a sua parte"???? Fura teto, contabilidade criativa e com prazo pra acabar até as eleições???? Fumou coisa estragada colunista?
Os ricos no Brasil não pagam impostos, tem off-shores lá fora, aqui quem paga é a classe média, se o colunista se esforçasse em estudar mais sobre o assunto não escreveria asneiras.
A grande realidade dos governos no mundo é que é mais fácil imprimir moeda que cortar gastos. Governos são feitos para duas coisas: para se beneficiarem de suas ações independente de posições ideológicas, e alimentarem seus parasitas concursados ou não, que se beneficiam dos privilégios da “ corte de “Maria Antonieta”
Estava indo bem, mas se perdeu nos dois últimos parágrafos. Economista que puxa farinha para político se iguala a jornalista parcial. Não tem como confiar.
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