Enquanto os jornais focam toda a sua atenção nos encontros e desencontros políticos entre Congresso e governo, a economia real padece.
A fila gigantesca de desempregados, mostrada pelo Jornal Nacional, é a consequência final da triste realidade que os últimos anos de crise econômica nos proporcionaram.
13,4 milhões de brasileiros ativos não têm emprego, de acordo com dados do IBGE divulgados nesta terça-feira. 12,7% dos brasileiros ativos não tem como garantir seu próprio sustento, nem o de suas famílias.
É uma triste realidade por si só, mas fica ainda pior quando somamos isso ao fato de os Estados e municípios estarem quebrados. Os desempregados sofrem, os empregados do funcionalismo sofrem…
Os empresários sofrem, pois a demanda caiu. Os fornecedores dos empresários sofrem, e assim segue uma roda viciosa do baixo crescimento.
Infelizmente, temos um problema gigante nas mãos, que não será resolvido este ano, independentemente do sucesso na previdência.
A visão consciente de Pastore
Afonso Celso Pastore, economista brasileiro renomado, escreveu um artigo domingo no Estadão ("A lenta recuperação cíclica") que ilustra muito bem a situação atual brasileira.
Segundo ele, a recuperação da demanda pode vir de quatro fontes:
Exportações Líquidas, que estão sendo muito prejudicadas pela desaceleração global e guerra comercial. E dependem muito mais do mercado global do que de ações específicas do Governo.
Consumo do Governo, que não só não irá crescer, como irá decrescer por uns bons 10 anos, enquanto realizamos o ajuste fiscal necessário para estabilizar o crescimento explosivo da dívida.
Consumo das Famílias, que está com queda de quase dez por cento em relação ao melhor número, e que não conseguirá ser um motor de crescimento enquanto o desemprego permanecer em 12 por cento.
Sobrando apenas uma fonte de crescimento…
Investimento em Capital Fixo
Capital Fixo seriam os investimento em infraestrutura, máquinas, equipamentos, parques industriais.
Nas palavras de Pastore, o "nível de capacidade ociosa [das empresas] é provavelmente o mais elevado da história, o que impede que, enquanto isto perdurar, industriais conscientes dos riscos pensem em elevar a capacidade produtiva."
Porém, investimentos em infraestrutura estão entre as maiores necessidades do país, e podem ser feitos pelo capital privado, ao invés de estimulados por um governo endividado, por meio das concessões.
Se o Governo acerta em leilões de concessões competitivos, com foco em alta qualidade e baixos custos, Pastore acredita em um canal firme de investimentos privados, principalmente agora que o BNDES saiu da jogada.
O lado ruim é que essas concessões demoram para serem organizadas, regulamentadas e leiloadas. Isso não deve acontecer ao longo deste ano.
Mas, investimentos que demandam grandes construções são geralmente os que mais empregam e geram emprego e crescimento.
A importância da Previdência
Por isso tudo que a Reforma da Previdência é tão importante!
Até o ano que vem não teremos nenhuma boa novidade para contar no lado econômico.
Reduções marginais dos juros não farão ninguém optar por investir ou contratar mais pessoas. E o BC sabe disso. O buraco é muito mais embaixo.
Só nos resta trabalhar com o otimismo que uma economia de 1 trilhão poderá causar na economia.
Mas isso só irá chegar perto de se concretizar se o Governo melhorar a interlocução com o Congresso, reduzindo as iniciativas de desidratar a reforma.
E, como conclusão, deixo apenas suas sábias palavras do final do seu artigo, que não poderiam ser melhor escritas:
"Cabe ao governo compreender que as forças que podem acelerar a recuperação cíclica estão ao seu alcance. Poderá apressar as decisões sobre os leilões de infraestrutura, que não precisam de aprovação do Congresso, e não há limites para um programa ambicioso. Já no caso da consolidação fiscal, terá que entender que contrariamente à corrupção, que deve ser condenada, uma coalizão política é arma legítima no exercício da democracia. De um lado, ela implica em divisão do poder, mas de outro reduz o risco da crise fiscal e cria a condição para o aumento dos investimentos privados, não havendo razões para sua rejeição."
E o que fazemos enquanto o Governo se ajusta?
Você deve embarcar nessa aventura com pouca bagagem.
Evite investimentos caros como os juros longos no mínimo histórico.
Vá para ações baratas e com alto potencial de retorno.
Ter uma boa margem de segurança na hora de comprar seus ativos vai compensar os esforços, enquanto os jornalistas focam suas bazucas para a confusão nas negociações dos políticos, e isso vai trazendo volatilidade para os preços de mercado.
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