A desvalorização do Real frente ao dólar foi surpresa exatamente para ninguém, dada a sinalização de continuidade do afrouxamento monetário emitida pelo Banco Central. O Real se desvalorizou num contexto de dólar global fraco, ou seja, o impacto aqui foi redobrado.
O corte para 5% aa é certo, está reiterado e contratado pelo BC e pelo mercado, ainda que se cause enorme estranheza as projeções que deram base para justificar tal sinalização.
O problema é que, ainda que na sessão de ontem a desvalorização do Real e novos ruídos políticos tenham quase anulado o fechamento dos vértices mais longos da curva, o mercado já demanda uma taxa mais expressivamente baixa do que os 5% sinalizados.
O BC omitiu sinais de que o próximo movimento é único ou que pode rever o avanço dos cortes em algum momento, daí tanto as curvas mais curtas de juros, quanto as projeções dos analistas vão novamente no sentido de taxas reais se aproximando de zero.
Deste modo, restou à autoridade monetária atender ao que se converte como demanda do mercado, devido ao temor de que a frustração destas expectativas gere uma deterioração dos ativos de mercado financeiro e isso de algum modo se converta como incertezas na economia real, em especial nos índices de confiança.
Eis que se questiona o papel da autoridade monetária como ancora das expectativas, em um cenário de forte adversidade como o atual.
Reiterando, ninguém aqui advoga por juros altos ou mais altos. A questão em si é a vulnerabilidades cambial em que nos expomos ao retirar o prêmio de risco dos juros, num contexto em aberto sobre as reformas estruturantes e em nível internacional, com uma guerra comercial que toma contornos cada vez mais incertos, levando à redução do apetite por ativos de países emergentes.
Outro ponto é ignorar a possibilidade de repasse das oscilações cambiais aos preços, devido à fraqueza na demanda agregada.
É semelhante a acreditar que os cortes de juros sequer terão efeito nesta mesma demanda, ou seja, seriam meramente alegóricos.
O cenário ideal seria de reformas aprovadas, ao menos da previdência e tributária para deflagrar um ciclo seguro de afrouxamento, retendo o investimento estrangeiro, que é essencial no curto prazo. Por enquanto, só vivemos de promessas de um governo politicamente instável.
ABERTURA DE MERCADOS
A abertura na Europa é positiva e os futuros NY abrem em alta, com a retomada as conversas entre EUA e China.
Na Ásia, o fechamento foi positivo, também na expectativa por avanços na guerra comercial.
O dólar opera em alta contra a maioria das divisas, enquanto os Treasuries operam negativos a partir dos 5 anos de vencimento.
Entre as commodities metálicas, altas, exceção ao minério de ferro.
O petróleo abre em alta, com incertezas sobre o petróleo saudita.
O índice VIX de volatilidade abre em baixa de -2,21%
CÂMBIO
Dólar à vista : R$ 4,1675 / 1,37 %
Euro / Dólar : US$ 1,10 / 0,118%
Dólar / Yen : ¥ 107,97 / 0,046%
Libra / Dólar : US$ 1,25 / 0,144%
Dólar Fut. (1 m) : 4153,09 / 1,22 %
JUROS FUTUROS (DI)
DI - Julho 20: 4,91 % aa (-0,12%)
DI - Janeiro 21: 5,03 % aa (-3,64%)
DI - Janeiro 23: 6,19 % aa (-1,28%)
DI - Janeiro 25: 6,81 % aa (-0,29%)
BOLSAS DE VALORES
FECHAMENTO
Ibovespa: -0,1843% / 104.339 pontos
Dow Jones: -0,1926% / 27.095 pontos
Nasdaq: 0,0671% / 8.183 pontos
Nikkei: 0,16% / 22.079 pontos
Hang Seng: -0,13% / 26.436 pontos
ASX 200: 0,20% / 6.731 pontos
ABERTURA
DAX: 0,159% / 12477,45 pontos
CAC 40: 0,435% / 5683,72 pontos
FTSE: 0,179% / 7369,59 pontos
Ibov. Fut.: -0,16% / 104667,00 pontos
S&P Fut.: 0,160% / 3015,00 pontos
Nasdaq Fut.: 0,253% / 7922,00 pontos
COMMODITIES
Índice Bloomberg: 0,39% / 79,71 ptos
Petróleo WTI: 0,57% / $58,75
Petróleo Brent:0,67% / $64,71
Ouro: 0,37% / $1.504,38
Minério de Ferro: -0,54% / $93,46
Soja: 0,39% / $15,36
Milho: -0,07% / $373,00
Café: 0,81% / $99,40
Açúcar: 0,45% / $11,03