A Vivara (SA:VIVA3)é a maior rede de joalherias do Brasil, com mais de 180 lojas e 54 quiosques nas principais capitais do país. A empresa, que deve realizar seu IPO neste mês, é verticalizada, possui vantagem competitiva, é líder do setor em que atua. E está bem posicionada para atender as exigências por novas formas de consumo online, com uma forte plataforma e-commerce. No entanto, assim como toda boa empresa, possui alguns desafios pela frente.
No artigo de hoje, abordarei uma tendência que promete afetar o varejo de bens de consumo, como joias, e que se intensifica cada vez mais à medida que os millenials e a geração Z envelhecem e tornam-se membros da população economicamente ativa.
Os millenials – também chamados de geração Y - são os nascidos entre 1980 e 2000. Segundo o Itaú BBA e a Universidade Bentley, eles já representam 34% da população do Brasil e aproximadamente 50% da atual força de trabalho do país.
Atualmente, vivemos uma era de transferência de riqueza da geração X (nascidos entre 1965 e 1980) – que aos poucos vai se aposentando e deixando a força de trabalho – para a geração Y, que vem aumentando cada ano sua participação no mercado. Estima-se que, em 2030, os millenials representarão 70% dos trabalhadores.
Por terem nascido em uma época bem diferente de seus antecessores - principalmente por conta do desenvolvimento da internet - eles possuem atitudes, gostos e exigências peculiares que se refletem em novas formas de comunicação, socialização, trabalho, moradia, consumo e etc.
Entender essa geração é essencial para a sobrevivência das empresas, uma vez que eles serão os clientes de amanhã. Seus gostos atuais são as tendências futuras, e as companhias que entenderem-nas primeiro e se adaptarem a elas largarão na frente.
E uma forte tendência dessa geração que já enxergamos no mundo de hoje é a preferência por serviços e experiências em detrimento da posse de bens. Mais pessoas estão optando por formas alternativas de mobilidade urbana, alugando patinetes, bicicletas ou utilizando serviços compartilhados como o Uber (NYSE:UBER) e o Waze Carpool e estão deixando seus carros na garagem – ou até mesmo na própria concessionária.
As empresas seguem o mesmo movimento no mercado de trabalho e estão optando cada vez mais por escritórios compartilhados geridos por terceiros. Pessoas estão cada vez mais preferindo alugar casas ou apartamentos a comprá-los.
Mas o que essas tendências têm a ver com a Vivara e as diversas varejistas? Da mesma forma que ganham espaço no transporte, trabalho e moradia, podem se tornar regra – ou não – no consumo de diversos bens, inclusive joias.
O mercado de joias finas dos EUA, em 2018, representou US$ 58,8 bilhões e, de 1980 para cá, viu seu crescimento desacelerar. De 1961 até 1980, o setor cresceu 11,8% ao ano; de 1980 a 2000, teve alta anual de 6,4%; e, de 2000 até 2018, avançou somente 2,5% ao ano.
A Vivara pode sofrer bastante caso os millenials e a geração Z realmente enxergarem bens de consumo de luxo como algo supérfluo e desnecessário e optarem por consumir serviços e experiências. Cabe à joalheria – e a todas varejistas – monitorar a confirmação dessas tendências e responder de forma mais rápida possível caso ocorram.
As melhores empresas são aquelas que conseguem sobreviver e se readaptar ao longo dos anos e às mudanças que o mundo e a tecnologia proporcionam. Isso auferindo os mesmos altos retornos e remunerando os acionistas generosamente.
A Vivara é uma ótima empresa e tem tudo para se manter altamente competitiva e líder no setor que atua, permanecendo com seu alto ROIC e gerando caixa mesmo com os desafios atuais e os que virão. No entanto, não basta uma excelente empresa para se fazer um excelente investimento, é necessário também que ela seja adquirida por um ótimo preço. E a decisão de se investir ou não em um IPO do tipo deve ser feita levando-se em consideração o valuation da companhia