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Bovespa Pode Ir aos 70 mil pontos para Cair 50%?

Publicado 17.10.2016, 11:10
Atualizado 09.07.2023, 07:32

Alguém ainda se lembra que o Brasil perdeu o grau de investimento em dezembro de 2015 pela agência de classificação Fitch e em fevereiro último pela Moody's?

Alguém ainda se lembra que a Petrobras (SA:PETR4) ainda carrega uma dívida bilionária?

Alguém ainda se lembra que os bancos brasileiros, principalmente os bancos públicos, carregam em suas carteiras de crédito vultosas somas de empréstimos de empresas ligadas à Lava Jato, de empresas ligadas ao setor de Construção Civil, e estão no meio do maior patamar de recuperações judiciais de toda a história econômica brasileira?

Por enquanto, tudo isso foi esquecido nos últimos 8-9 meses. Pelo menos no mercado financeiro, mais especificamente no Bovespa. O índice Bovespa saiu de 37.000 pontos e já está em 61.800, pelo fechamento de sexta-feira, depois de bater a máxima de 62.000.

Não é a primeira vez que valorizações como essas são vistas no Bovespa depois de quedas fortes. Desde o início da Bovespa, em todos os Bear-Markets, quedas de 80% ou 90% em dólar provocaram, em suas posteriores recuperações, pernas de alta gigantes. Cada uma dentro de um contexto econômico. O atual momento é outro. E põe outro momento nisso. Experiências surreais de política monetária de taxas de juros quase zero eternas em todo mundo estão em curso, distorcendo várias classes de ativos.

Mais. No Brasil, tivemos, e ainda estamos nele, o maior e mais intenso terremoto financeiro de toda sua história econômica. 2 anos seguidos de queda de PIB em torno de 3,5% (o ano de 2016 ainda por fechar) provam isso, não há registro em toda a história econômica brasileira, nem mesmo na Crise de 29, tamanha queda do PIB em 2 anos.

Esses dois componentes é que jogam todos na seguinte dúvida:

A recuperação do Bovespa vale tudo isso? Até onde podemos ir? Tudo isso faz sentido?

Numa outra direção, alguns dos principais investidores do mundo estão sendo recorrentemente questionados por insistirem na tese de que o mundo vive uma situação fora do comum, e de que crashes nas diversas classes de ativos são iminentes. É claro, em se tratando de mercado financeiro, o timing do investidor pode não ser o mesmo do algoritmo, correto? Muitos desses investidores sobrepõem dados econômicos para não justificar o otimismo corrente dos mercados de ações em várias partes do mundo. Praticamente todo o mundo acionário, segundo esses mesmos investidores, vive situações esdrúxulas, com correlação de ativos-lucros, preços de ações e previsões de lucros, avanço dos mercados acionários e tantos outros fora do lugar.

Bem. Por questões políticas óbvias, o Brasil havia passado longe desse otimismo mundial até 6-7-8 meses atrás. Esqueçam. Havia. Hoje, o Brasil faz parte desse otimismo. As questionáveis correlações vistas nas empresas lá fora, sejam elas quais forem, ativos-lucros, endividamento-previsão de lucros, preços de ações-lucros, passam a ser vistas aqui também, aque mais chama atenção, é a do setor bancário.

Vamos tangenciá-la. A próxima reunião do Copom se aproxima no Brasil. Deu-se nos últimos dias um frenesi em torno dela como há muito não se via. Parece reunião do Fed. Há uma forte expectativa de que as taxas de juros começarão a cair.

O que os analistas estão ensaiando? Nove entre dez analistas vão dizer, e já estão dizendo, que os bancos vão se beneficiar com a queda, pois o crédito vai crescer. etc. etc. etc. Como assim?

Vejam abaixo o gráfico e a evolução da receita com Títulos e Valores mobiliários dos bancos Banco do Brasil (SA:BBAS3) e Bradesco (SA:BBDC4) na linha vermelha No caso do BB, um aumento de 4 vezes. Isso mesmo. 300% de 2013 para 2016. No caso do Bradesco, um aumento de 2 vezes. 100% de 2013 para 2016.

Bando do Brasil

Bradesco

Títulos e Valore Mobiliários, em sua boa parte, carregam operações de mercado aberto. Operações com títulos públicos, ou seja, operações atreladas a evolução e dinâmica da Selic. Enquanto o setor bancário no mundo todo sofria para ganhar dinheiro com taxas de juros quase zero, o setor bancário brasileiro ganhava e ganha muito dinheiro com taxas de juros nas alturas, mesmo com o país em ruínas, o brasileiro perdendo o emprego, e parte considerável da sociedade brasileira passando fome.

Os quadros acima nos mostram que, diferente do que promulgam nove entre dez analistas, uma queda na Selic não beneficia diretamente o setor bancário. Se a queda da Selic acelerar nos próximos meses e anos, o setor bancário vai ter que arrumar outro jeito de compensar aquela receita que está nos dois quadros acima, vista pelo lado do Bradesco e BB.

Ahhhhh. Mas nove entre dez analistas estão falando do benefício indireto. Do crédito. Crédito? Que crédito? Até mesmo o consignado, os bancos estão cortando. Notícia dessa semana publicada no Jornal O Globo.

Bancos já suspendem crédito a aposentados e pensionistas Com revisão de benefícios pelo INSS, clientes com menos de 60 anos perdem acesso a empréstimo com desconto em folha, que oferece juro menor que outras modalidades Bancos de médio porte, com forte atuação no empréstimo consignado a aposentados e pensionistas, começaram a suspender o financiamento a clientes com menos de 60 anos que recebem auxílio por invalidez, informa JOÃO SORIMA NETO. Com a revisão prevista de 1,1 milhão de benefícios, quem for considerado apto a voltar ao mercado de trabalho ou faltar à perícia perderá a aposentadoria, segundo o INSS. Como o crédito é descontado da folha de pagamento, as instituições temem aumento da inadimplência. Especialistas avaliam que o movimento é negativo por afetar o acesso a uma modalidade de crédito mais barata do que as outras opções no mercado. (O Globo)

Mais. A parte dos consignados é apenas uma ponta do iceberg. A reversão e/ou estabilização no crédito pode ser vista nos 2 gráficos abaixo.

- Evolução da carteira de crédito dos bancos -
- Preços dos imóveis no Brasil vistos pelo índice IVG-R, compilado pelo Banco Central do Brasil

Evolução da carteira de crédito dos bancos
Fonte: Banco Central do Brasil

Preços dos imóveis no Brasil

Fonte: Banco Central do Brasil

Os 2 pontos tocados, evolução da Selic e crédito no Brasil, sugerem que os bancos enfrentarão nos próximos anos a maior reversão de lucros de toda sua história.

Lembro-me do início do Plano Real, onde discutia-se o novo papel dos bancos no Brasil, já que a hiperinflação seria jogada para trás, e os lucros bancários vindos da ciranda financeira desapareceriam juntos. Banco teria que ganhar dinheiro com crédito, e não com cirando financeira. Pois é. As coisas não mudaram muito. Mudaram um pouco. O crédito veio com uma bolha de crédito moldada pela maior bolha de commodities dos últimos 100 anos somada e jogada na estratosfera por um governo populista.

O resultado? Pilhas e pilhas de crédito duvidosos e perigosos rondando por aí e à espera de uma enxurrada de baixas contábeis. Ciranda financeira? Bem. Acabou a hiperinflação. Mas as altas taxas de juros e spreads altos continuaram. A evolução atual fantástica do Bovespa tem a ver com os bancos, já que bancos representam o maior peso dentro do Bovespa, os dois maiores pesos são Itaú (SA:ITUB4) e Bradesco.

Aqui estamos. O mundo vive um otimismo desenfreado se olharmos os mercados acionários. E o Brasil, idem. Mas, esperem.

Idem quanto?

O atual estágio do Bovespa reflete o otimismo lá de fora ou ainda não chegamos na loucura dos mercados financeiros externos? Talvez não. É esse o foco do texto.

A aberração alcançada lá fora talvez ainda não esteja expressa no Bovespa. Sim. O patamar de 62.000 pontos do Bovespa pode não ser o estágio da loucura, ainda que, por exemplo, no que tange aos bancos, os fundamentos não se justifiquem.

Veja o artigo completo no PDF abaixo.

Últimos comentários

Perfeito artigo. A Bovespa só tem investidor especulativo, e através dessa especulação que estão atraindo os sardinhas despreparados. Acredito também que a bovespa vai cair muito, pois o senário não está condizendo a realidade mundial. a China quase explodindo por causa da sua bolha, Europa de ponta a cabeça a busca de crescimento. Grécia, Espanha e Portugal se esfalecendo nas suas economias. Não se deixe enganar por especulação.
Bastou o IBOV subir um pouco para você trombetear o apocalipse. Então faz assim: espera chegar nos 70k, vende, espera cair os 50% que você está cientificamente prevendo e entra de novo. Simples.
Excelente Artigo!!. . De fato, não existe razão para toda essa alta, a não ser a ganância daqueles que "fazem os preços". . Filme antigo esse!!!...e que geralmente, não tem final feliz!. .
obrigado Amaro.....abs.
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