Este artigo foi escrito exclusivamente para o Investing.com
- Ataques de hackers são um grande risco para as criptos; Mount Gox é exemplo disso;
- Segurança e custódia andam de mãos dadas
- Coreia do Norte, Rússia, China e Irã são aliados e lideram a atividade hacker no mundo;
- Crimes com criptos são um negócio rentável;
- Guerra econômica deve aumentar os riscos nos próximos anos.
Os hackers acessam dados de sistemas computacionais ou unidades individuais sem autorização, a fim de explorar pontos fracos de sistemas ou redes de computadores, prejudicar organizações e governos ou simplesmente roubar ativos pela internet.
Em 2021, um ataque prejudicou a operação da Colonial Pipeline, em Houston, Texas. O sistema da empresa transporta gasolina e combustível de aviação principalmente para a região sudeste dos EUA. Os ataques cibernéticos de ransomware provocaram o desligamento do equipamento computadorizado que gerencia as tubulações. A Colonial foi obrigada a pagar um resgate de US$4,4 milhões aos hackers ligados ao grupo de crimes cibernéticos DarkSide, com conexões com a Rússia.
Outro ataque cibernético naquele ano afetou a JBS (SA:JBSS3), empresa brasileira processadora de carne, desativando seus frigoríficos de carne bovina e suína. O ataque impactou suas instalações nos EUA, Canadá e Austrália, obrigando a companhia a pagar um resgate de US$11 milhões.
Embora nenhum desses ataques tenha tido qualquer impacto sobre o criptomercado, a segurança e a custódia continuam sendo questões importantes para as criptomoedas, na medida em que são criadas e circulam no meio digital, ficando suscetíveis a ciberataques.
Ataques de hackers são um grande risco para as criptos, como ocorreu com a Mount Gox
Em 2010, o Bitcoin era negociado a cinco centavos por token; no fim daquele ano, o preço subiu para 29 centavos. Um ano depois, em 31 de dezembro de 2011, a maior criptomoeda do mercado subiu para US$ 4,19 e não parou de acelerar. Ao final de 2012, era negociado a US$ 13,44 por token e subia rapidamente, tanto que, no fim de 2013, seu preço fechou a US$ 764,27.
No mesmo período, a Mount Gox, uma exchange de criptomoedas com sede em Tóquio, chegou a concentrar mais de 70% das transações em Bitcoin no seu auge. Naquela época, a proeminência da Mt. Gox nas criptos fez com que se tornasse alvo principal de hackers, gerando muitos problemas de segurança para a exchange.
Em 2011, hackers usaram credenciais roubadas para transferir Bitcoins, resultando no roubo de vários milhares de tokens. No entanto, a US$ 4,19 por token em 2011, as perdas foram toleráveis e abaixo do nível de US$ 100.000.
Mas, em fevereiro de 2014, a Mt. Gox sofreu um ataque fatal, quando hackers roubaram de 650.000 a 850.000 Bitcoins, levando a companhia à falência.
À medida que as criptomoedas ganham popularidade, sua segurança e custódia são aspectos fundamentais para o seu sucesso. E a Mt. Gox ainda serve de advertência, no sentido de que, para ter sucesso, é crucial garantir a segurança das plataformas e carteiras individuais que guardam as posições dos clientes em criptomoedas, fornecendo aos participantes do mercado um sistema que os protege do crescente número de hackers que atuam no ciberespaço.
Coreia do Norte, Rússia, China e Irã são aliados e lideram a atividade hacker no mundo
Em 2019, os dez países que mais registraram atividade de hackers foram:
Fonte: cyberkite.com.au
China, Rússia e Irã estão no Top 5, mas, naquele momento, a Coreia do Norte registrava atividade hacker em ascensão, buscando entrar no Top 10.
Em 19 de abril de 2022, um artigo no Cryptoslate.com destacou a proeminência cada vez maior da Coreia do Norte como local de origem de criminosos cibernéticos.
De acordo com o artigo, Arthur Cheong, fundador da DeFiance Capital, um fundo de risco focado em criptomoedas, acredita que hackers norte-coreanos patrocinados pelo Estado estejam buscando debilitar as principais organizações de criptos. Cheong, tuitou sobre isso em meados de abril:
Ele mencionou especificamente o BlueNorOff como um daqueles grupos de hackers norte-coreanos que recentemente projetaram ataques de engenharia social por meio do mapeamento do gráfico de relacionamento de todo o espaço criptográfico.
A engenharia social permite que o grupo envie e-mails de phishing com alta probabilidade de passar pelas paredes de segurança da maioria das organizações de criptografia.
Crimes com criptos são um negócio rentável
A Coreia do Norte parece estar tendo um sucesso cada vez maior em patrocinar hackers. Os EUA recentemente vincularam hackers patrocinados pelo país asiático a um enorme roubo de criptomoedas de US$ 615 milhões de jogadores do popular jogo on-line Axie Infinity em março.
Um painel das Nações Unidas que monitora as sanções à Coreia do Norte acusou Pyongyang de usar fundos roubados e ataques cibernéticos a criptomoedas para apoiar seus programas de mísseis nucleares e balísticos, desvencilhando-se de sanções internacionais. Em 2020, um relatório militar dos EUA descreveu como as atividades de hackers norte-coreanos remontavam a meados da década de 1990, além de 6.000 hackers operando da Bielorrússia, China, Índia, Malásia e Rússia.
A Chainalysis, uma empresa de análise de segurança cibernética e blockchain dos EUA, disse que hackers norte-coreanos roubaram cerca de US$ 400 milhões em ativos digitais em 2021 em sete ataques.
Guerra econômica deve aumentar os riscos nos próximos anos
Em 4 de fevereiro de 2022, o presidente chinês Xi e o presidente russo Putin apertaram as mãos em um acordo “sem limites” entre seus dois países. Em vista do que aconteceu imediatamente depois, isso provavelmente mudou o mundo. Em 24 de fevereiro, soldados russos invadiram a Ucrânia, e a China não esconde sua intenção de forçar uma reunificação com Taiwan.
O acordo China-Rússia gera uma bifurcação no cenário geopolítico, tendo, de um lado, os EUA-Europa e seus aliados ocidentais e, de outro, a Coreia do Norte e o Irã como aliados fundamentais da China e da Rússia. Essa bifurcação acabou com qualquer perspectiva de globalismo e cooperação econômica, sobretudo após as sanções cada vez mais duras impostas à Rússia por causa de seu ataque à Ucrânia. No entanto, isso também incentivou novas formas de contornar as sanções, aumentando a necessidade dos governos de encontrar novas formas de proteger suas instituições e seus cidadãos.
Dessa forma, tudo indica que os ataques hackers patrocinados por governos tendem a aumentar. Rússia, China, Coreia do Norte e Irã estão prestando apoio a seus hackers sem causar alarde, o que provoca uma mudança no cenário geopolítico, na medida em que os ciberataques cada vez mais se tornam um instrumento de guerra.
Neste momento, a Coreia do Norte tornou-se um centro de ataques hackers. Seus criminosos cibernéticos conseguiram mais de US$1 bilhão em ganhos ilegais em 2021 e 2022.
As plataformas financeiras e que possuem carteiras repletas de criptomoedas devem reforçar sua segurança, a fim de evitar a perda dos seus ativos para um número cada vez maior de hackers, que permaneceram um passo à frente das inovações de segurança, criando riscos consideráveis no criptomercado.