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Há encontros na história que dizem mais do que longos discursos. O de Lula e Donald Trump, em torno do famigerado “tarifaço”, é um desses momentos em que o teatro da política revela algo além do enredo: a metamorfose da bravata em conversa, do grito em gesto diplomático. É curioso — e até cômico — ver o antigo campeão das tarifas e dos muros, o homem das frases de efeito e da arrogância performática, tecer elogios ao presidente brasileiro. Aparentemente, o outrora intransigente Trump descobriu, no diálogo com Lula, um antídoto contra a própria caricatura. Ironias do destino: quem diria que o ícone do isolacionismo acabaria, um dia, “fazendo o L”.
Se o tarifaço for anulado — e tudo indica que o caminho é esse — Lula não apenas vence uma queda de braço econômica, mas reconfigura o tabuleiro político internacional. Num único movimento, ele reafirma o Brasil como potência de diálogo e, de quebra, pavimenta o caminho de sua reeleição com cimento diplomático e inteligência estratégica. O bolsonarismo, que se alimenta do caos e da gritaria, assiste perplexo ao avanço silencioso de quem governa com método e paciência — atributos raros em tempos de intolerância e populismo midiático.
No entanto, o ponto mais fascinante é que, mesmo antes do veredito final, Lula já venceu. Venceu porque conseguiu sentar-se à mesa com o imprevisível Trump e transformar um potencial confronto em parceria. Venceu porque, num mundo em que líderes autoritários se fecham em suas próprias certezas, ele abriu caminho para a conversa, para o entendimento e para a democracia. No fim, o episódio do tarifaço entra para a história não como um embate de egos, mas como a prova de que a política — essa arte tão desacreditada — ainda pode surpreender. E, ironicamente, talvez o gesto mais simbólico desse novo tempo seja o mais improvável: o dia em que Trump, cansado da própria bravata, fez o L.
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