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Enquanto a Música Toca...

Publicado 16.06.2014, 00:58
Atualizado 09.07.2023, 07:31

O S&P500 parece seguir destemido ladeira acima! O VIX, índice que mede as discrepâncias nas expectativas de curto prazo para os preços de opções sobre o índice S&P500, mostra muito pouca volatilidade no mercado, mergulhando numa zona de extrema calmaria. A baixa volatilidade, muitas vezes, pode ser sinal de uma perigosa complacência dos investidores (situação ideal para grandes investidores se desfazerem de suas vastas posições em carteira), porém, ao se aproximar dos 12%, a complacência parece ser tão grande que talvez permita às ações alcançar níveis de preços ainda mais elevados. Assim ocorreu em outras ocasiões, como em 2005-2007 e 1993-1995, como mostram os gráficos abaixo.

S&P500 x Volatilidade x Otimismo e Pessimismo

Tamanha complacência também pode ser verificada através de dois outros índices interessantes que incluí acima. O índice !IIBULL, representando opiniões otimistas dos consultores e analistas do mercado, está nas alturas dos 62,6 pontos. Nos últimos 27 anos, esse patamar só havia sido atingido muito brevemente em 2004. Enquanto isso, as opiniões pessimistas, indicadas pelo índice !IIBEAR, apontam modestos 17,2 pontos. Em dezembro de 2013, o nível mais baixo dos últimos 27 anos registrou 14 pontos.

Mas, se observarmos apenas a inabalável alta do mercado de ações nos EUA e o atual “otimismo” nas opiniões de consultores e analistas do mercado, custa-nos acreditar que o período recente possa ser chamado de “A Grande Recessão”. E lembremos que o primeiro trimestre de 2014 apresentou uma contração anualizada do PIB norte-americano da ordem de -1%!

PIB dos EUA 1T/2014

Chama minha atenção que, mesmo entre 1988 e 2000 (12 anos de mercado fortemente altista), as opiniões dos profissionais do mercado não mostrassem qualquer otimismo semelhante, nem tamanha inibição do pessimismo, como vêm sendo registrados recentemente entre consultores e analistas. Com isso em mente, resta-nos supor que:

  • Ou o mercado já está precificando um fantástico desempenho econômico futuro dos EUA (o que provavelmente favoreceria muitos outros países),
  • Ou a repressão financeira do FEDERAL RESERVE está gerando tal desorientação, que os investidores e profissionais do mercado se rendem, sem saber para onde correr à procura de rentabilidade e proteção do investimento.

Pessoalmente, eu não consigo acreditar na primeira opção acima. Existem sérios problemas conjunturais para a economia mundial. Estes não serão resolvidos rapidamente. A impressão de dinheiro e a repressão das taxas de juros são pirotecnias que apenas confundem e nos distraem da seriedade da situação. A meu ver, a atual política de juros (com taxas reais negativas) só gera distorções perigosas que vão se manifestar de forma ainda mais desastrosa mais adiante.

Da mesma forma que um alcoólatra procura mais bebida para se livrar temporariamente de seus tremores, o crédito mais barato e acessível que os bancos centrais procuram estimular não vai cicatrizar as feridas econômicas com que vivemos. É bom lembrar que foi o abuso de crédito e acesso fácil a financiamento barato que causaram a crise do subprime de 2007-2008. E também, por tabela, foi o crédito que gerou a crise dos principais bancos internacionais (que ainda hoje carregam “ativos” duvidosos) e das dívidas públicas (dos EUA e vários outros países avançados que, deficitariamente, tiveram que injetar recursos públicos para socorrer importantes e imprudentes instituições do caos financeiro onde elas haviam se enfiado). Mais crédito agora? Quando os níveis de endividamento público são tão altos e o endividamento privado ainda é bem maior?

Só para se ter uma ideia:

  • o PIB dos EUA no primeiro trimestre de 2014 chegou a US$ 17,101 trilhões de dólares;
  • a dívida pública dos EUA está em US$ 17,6 trilhões, ou 103% do PIB (GFDEBTN);
  • a dívida privada (de pessoas, empresas e instituições financeiras), bem maior, é de 242,5% do PIB (US$ 41,5 trilhões);
  • o endividamento das pessoas nos EUA chega a US$ 13,765 trilhões, ou 80,5% do PIB no 1T/2014 (HDTGPDUSQ163N);
  • a dívida das instituições financeiras dos EUA soma US$ 13,859 trilhões, ou 81,0% do PIB no 1T/2014 (DODFS);
  • o endividamento das empresas era de US$ 13,852 trilhões, ou 81,0% do PIB no 1T/2014 (TBSDODNS);
  • a dívida total, do setor público mais setor privado, alcança os 345,5% do PIB norte-americano.

Com tanta dívida nos EUA por parte de consumidores, bancos e empresas, o caminho ideal e mais sustentável para uma retomada econômica seria através de exportações, e não através de mais consumo doméstico e crédito. No entanto, dentre os componentes no cálculo do PIB, o consumo pessoal continua sendo o carro chefe para a evolução da economia.

Contribuição dos Componentes do PIB dos EUA

A cultura popular ocidental de consumo imediatista e impulsivo, conjugada ao tratamento econômico duvidoso que o FED vem prescrevendo, parece apenas reprisar a evolução da crise anterior. É mais uma crônica de uma nova crise anunciada em antemão. Empurrar crédito ao setor privado só tende a gerar novos excessos.


Crédito subprime: imóveis e veículos

No entanto, alguém já apontou que “fazer predições é algo bastante difícil, principalmente quanto ao futuro!”

Como disse John Maynard Keynes, “o mercado pode se manter irracional mais tempo do que conseguiríamos nos manter solventes”. Quaisquer apostas contra essa alta do mercado podem ser bastante estressantes e onerosas. Operar vendas a descoberto na contramão do mercado, pode dizimar os investimentos de qualquer um. O reduzidíssimo nível de volatilidade e o aumento das recomendações positivas são o canto da sereia que poderá soar ainda por tempo indefinido. É provável que muitos profissionais já guardem há tempos sérias dúvidas sobre a sustentabilidade desse surreal estado da economia. Mas o ambiente financeiro é de intensa competitividade! Para um gestor profissional, manter-se fora de tal mercado altista, pode significar perda de clientes, descrédito e ostracismo. Além disso, a remuneração pelo desempenho do gestor é proporcionada por um percentual da rentabilidade positiva obtida pela carteira. Ficar de fora de um mercado que insiste em subir é deixar de gerar receita para os outros e para si mesmo.

A prudência pode custar caro ao gestor e condenar permanentemente sua carreira profissional quando a irracionalidade no mercado se mostrar muito persistente. É difícil justificar a falta de resultados positivos quando o mercado sobe constantemente sem grande volatilidade, por outro lado, se investido, qualquer prejuízo pode ser explicado como uma tendência geral do mercado. E assim, por contágio, as pessoas vão participando da ciranda do mercado de ações, a fim de não perder sua fatia de clientes entre os investidores.

Como admitiu precocemente o CEO do Citigroup, Chuck Prince, numa entrevista ao Financial Times, ainda em julho de 2007: “Quando a música parar em termos de liquidez, as coisas começarão a ficar complicadas, mas enquanto a música toca, temos que dançar… e ainda estamos dançando!”

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Texto de Sebastião Buck Tocalino. Direitos autorais protegidos pela lei 9.610/98.
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