Os preços do algodão em pluma acumularam queda em agosto, pelo terceiro mês consecutivo. A pressão veio do avanço da colheita e da maior flexibilidade por parte de produtores na maior parte do mês. De 31 de julho a 31 de agosto, o Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, recuou 4,23%. A média do Indicador em agosto foi de R$ 3,2458/lp, 5,13% inferior à de julho/18, mas 23,12% acima da de agosto/17, em termos reais (dados atualizados pelo IGP-DI de jul/18).
No geral, a comercialização esteve enfraquecida em agosto e limitada a pequenos volumes. De um lado, indústrias compraram apenas o necessário para atender a necessidades imediatas, aguardando o avanço da entrega de contratos. De outro, cotonicultores já estavam com boa parte da produção comprometida e, com isso, disponibilizavam no spot apenas volumes que não foram para o atendimento de contratos. Assim, muitos vendedores ficaram atentos à colheita e ao beneficiamento da safra.
Já comerciantes estiveram ativos ao longo de agosto, tanto na venda como na compra de pluma. Houve maior liquidez para as negociações futuras, envolvendo a pluma das próximas temporadas para entregas interna e externa. Tradings, atentas ao dólar elevado, efetuaram programações especialmente para a safra 2018/19.
No campo, dados do Imea (Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária) indicaram que, até o dia 31 de agosto, a colheita da safra 2017/18 em Mato Grosso estava em 90,49% da área, avanço de 14,35 p.p. frente ao dia 24 (76,14%) e acima do mesmo período do ano passado (84,26%) e da média dos últimos cinco anos (86,15%).
CONAB – Devido a um aumento de 25,2% na área semeada, a produção brasileira da safra 2017/18 poderá atingir 1,98 milhão de toneladas, alta de 29,4% frente à temporada anterior e de 0,7% frente a projeção de julho/18. A produtividade média deve ser de 1.683 kg/ha (+3,3%). Para Mato Grosso, com área semeada de 777,8 mil hectares, a produção foi estimada em 1,285 milhão de toneladas, aumento de 27,1% frente à temporada anterior, e a produtividade, em 1.653 kg/ha (+2,6).
Quanto à Bahia, espera-se que a produção totalize 477,2 mil toneladas, 37,8% maior que a temporada 2016/17, em decorrência do aumento de 31,5% na área (265,1 mil hectares) e da elevação de 4,8% na produtividade (1.800 kg/ha).
De acordo com dados da BBM (Bolsa Brasileira de Mercadorias) tabulados pelo Cepea, 75,9% da safra brasileira 2016/17, estimada em 1,529 milhão de toneladas, teria sido comercializada até o dia 31 de agosto. Deste total, 62,3% foram direcionados ao mercado interno, 27,3%, ao externo e 10,5%, para contratos flex (exportação com opção para mercado interno). Para a temporada 2017/18, dados indicam que ao menos 54,1% da produção projetada em 1,979 milhão de toneladas foi comercializada no mesmo período, sendo 52,6% ao mercado doméstico, 33,6%, para exportação e 13,9%, para contratos flex.
Dados do Cepea mostram que, em agosto, os preços de exportação para embarque entre agosto e dezembro/18 tiveram média de US$ 0,8770/lp, 1,82% abaixo dos captados em julho/18 (US$ 0,8932/lp). Já as negociações passadas com embarque programado para agosto/18 tiveram média de US$ 0,7645/lp. Para exportação no segundo semestre de 2019 (referentes à safra 2018/19), a média das informações captadas em agosto/18 foi de US$ 0,8126/lp, recuo de 0,32% frente à do mês anterior (US$ 0,8152/lp).
MERCADO INTERNACIONAL – De 31 de julho a 31 de agosto, a paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship), porto de Paranaguá (PR), registrou alta de 2,5%, impulsionada pela elevação de 8,36% do dólar frente ao Real no mesmo período. A média mensal da paridade foi de R$ 3,2292/lp, aumento de 1,32% em relação à do mês anterior e elevação de expressivos 50,5% frente à de agosto/17 (R$2,1451/lp). No mesmo período, a média do Índice Cotlook A (referente à pluma posta no Extremo Oriente) caiu 1,13%, com o dólar se valorizando 2,77%.
Os contratos na Bolsa de Nova York (ICE Futures) acumularam queda em agosto, pressionados pela tensão comercial entre Estados Unidos e China, pelo aumento na expectativa de estoque e produção norteamericana, pela queda nos preços do petróleo e pelo fortalecimento do dólar. Assim, entre 31 de julho a 31 de agosto, o vencimento Out/18 se desvalorizou 8,83%, fechando a US$ 0,8231/lp. Dez/18 registrou queda de 8,23% (US$ 0,8222/lp) e Mar/19, de 7,73%, indo para US$ 0,8258/lp. Maio/19 se desvalorizou 7,18% (US$ 0,8297/lp).
USDA – A safra mundial 2017/18 deve atingir 26,891 milhões de toneladas, aumento de 15,8% frente à safra anterior. Espera-se que os Estados Unidos produzam 4,555 milhões de toneladas, maior volume em mais de 10 anos. As exportações norte-americanas podem ser as maiores desde a temporada 2005/2006 – sendo que o Vietnã, pelo terceiro ano consecutivo, deve ser o principal destino da pluma norteamericana, seguido pela China.
Enquanto o consumo pode aumentar em 6% se comparado ao da safra 2016/17, a comercialização mundial também deve crescer na temporada 2017/18. Dessa forma, as importações e as exportações estão projetadas em 8,88 milhões de toneladas (+8,3%). Assim, o estoque mundial 2017/18 está previsto em 18,4 milhões de toneladas, apenas 0,5% maior que o da safra passada.
Em relação à temporada 2018/19, o USDA estima produção global de 26,24 milhões de toneladas, 2,4% inferior à temporada anterior. Já o consumo deve ser 4% maior que na safra 2017/18, totalizando 27,8 milhões de toneladas. A comercialização mundial foi reajustada positivamente em 1,4% frente ao relatório de julho/18, podendo chegar a 9,1 milhões de toneladas – aumento de 2,5% se comparada à temporada passada. O Departamento espera que os estoques mundiais fiquem em 16,95 milhões de toneladas, 8,8% menores que os da temporada 2017/18, pressionados pela queda de 24,2% nas reservas chinesas.
CAROÇO DE ALGODÃO – Com a maior demanda de pecuarista e de indústrias, vários lotes de caroço de algodão foram negociados em agosto, mas a maioria envolvendo pequenos volumes. O aquecimento na procura por torta e por farelo esteve atrelada ao aumento nos preços dos insumos substitutos. O preço médio do caroço no mercado spot em agosto/18 em Barreiras (BA) foi de R$ 465,43/t, baixa de 1,6% em relação ao mês anterior. Em Primavera do Leste (MT), a queda foi de 6,7% (R$ 379,10/t) e, em Campo Novo do Parecis (MT), de 1,1% (R$ 314,56/t).