A quinta-feira é o primeiro dia deste início de julho em que não tem feriado nem Copa do Mundo para prejudicar os negócios no mercado financeiro. Ainda assim, não se deve esperar uma recuperação consistente do volume, uma vez que o mês de férias é tradicionalmente marcado pela baixa liquidez.
Ao menos a agenda econômica ganha força hoje e pode agitar os ativos, em meio à maior busca por risco no exterior nesta manhã. Sem nenhum indicador de relevo no Brasil, as atenções se voltam para o calendário norte-americano, que está repleto de divulgações importantes.
O destaque do dia fica com a ata da reunião de junho do Federal Reserve (15h). O documento pode elucidar os motivos que levaram o Banco Central dos Estados Unidos a alterar o plano de voo e passar a prever uma trajetória de quatro altas na taxa de juros norte-americana neste ano.
Os investidores também estarão em busca de pistas sobre as impressões do Fed em relação às investidas protecionistas e aos impactos das medidas do governo Trump sobre a atividade e a inflação doméstica. Além disso, merece atenção a avaliação do BC dos EUA sobre o mercado de trabalho no país.
Aliás, os dados sobre a geração de emprego no setor privado norte-americano em junho também são destaque e serão conhecidos pela manhã (9h15). O levantamento feito pela ADP é tido como uma prévia do relatório oficial (payroll), que sai amanhã, com o número de vagas abertas nas empresas e pelos órgãos públicos.
O calendário dos EUA traz ainda os pedidos semanais de auxílio-desemprego feitos no país (9h30) e indicadores sobre a atividade no setor de serviços em junho, em dois horários (10h45 e 11h). Por fim, também serão conhecidos os estoques norte-americanos de petróleo bruto e derivados na semana passada (12h).
À espera desses números, os índices futuros das bolsas de Nova York indicam uma volta do feriado em alta, o que embala o pregão na Europa, após mais uma sessão negativa na Ásia, levando o principal índice da região à mínima em nove meses. O dólar perde terreno para o euro, que ganha força diante da perspectiva de um aperto monetário mais demorado, e também para a libra esterlina, em meio à falta de apoio pelo Brexit de Theresa May.
O yuan (renminbi) se estabiliza. Já as commodities fortemente relacionadas ao comércio internacional recuam, sendo que o minério de ferro está nos menores níveis desde abril. A tensão comercial entre as duas maiores economias do mundo continua, nesta véspera da entrada em vigor da sobretaxa de 25% dos EUA sobre US$ 34 bilhões em produtos chineses.
A China mantém o discurso de que a imposição de tarifas em retaliação só terão vigência após um movimento dos EUA. As autoridades chinesas se preparam para uma longa batalha de tarifas, mas Pequim já deixou claro que não irá dar o primeiro passo nessa disputa, levando em conta inclusive a diferença de fuso horário para agir contra Washington.
O Ministério do Comércio da China também esclareceu que US$ 20 bilhões dos US$ 34 bilhões em mercadorias que serão alvo da sobretaxa dos EUA são feitos por empresas estrangeiras no país - boa parte delas norte-americanas. Seja como for, a guerra comercial está prestes a entrar em uma nova fase a partir de amanhã.
Aqui no Brasil, os investidores estão mais preocupados é com a piora das condições do mercado financeiro, devido a fatores internos e externos. As incertezas com as eleições presidenciais e o ambiente menos favorável aos países emergentes podem pesar sobre a economia doméstica, restringindo o crescimento neste segundo semestre.
Afinal, ainda que com menor liquidez, o dólar já é cotado na faixa de R$ 3,90 e o impacto dessa valorização na inflação soma-se aos efeitos dos reajustes nas contas de luz e no botijão de gás, pressionando mais os preços. Nessa equação, resta saber como foi o desempenho das empresas nesse período de turbulência, o que pode lançar luz sobre o cenário de emprego.
A temporada de balanços do segundo trimestre deste ano começa nos próximos dias e a taxa de câmbio deve ter tido um papel relevante nos resultados corporativos. Já nesta sexta-feira tem o índice oficial de preços ao consumidor (IPCA) em junho. Também é bom ficar atento ao “calendário alternativo” que se desenha, caso o Brasil avance no Mundial contra a Bélgica.
A partida pelas quartas-de-final acontece na tarde de amanhã, esvaziando a reta final do pregão local. A expectativa pelo jogo deve elevar a posição defensiva dos investidores, uma vez que o fim de semana será prolongado em São Paulo, com o feriado da revolução de 1932 na segunda-feira.
Se a equipe de Tite avançar para a semifinal na Rússia, os mercados domésticos voltam na terça-feira com o futebol novamente atrapalhando os negócios. Mas em campo estariam duas seleções campeãs do mundo (Brasil e França ou Uruguai) em busca de mais uma estrela na camisa. Vamos torcer!