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Melhores e Piores Ações da Bolsa em 2020: O Efeito Momento Segue Presente!

Publicado 04.01.2021, 09:05
IBOV
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IBX50
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IBRX
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SMLL
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B3SA3
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CSNA3
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GOLL4
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PRIO3
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MGLU3
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WEGE3
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AZUL4
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IRBR3
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BIDI4
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Olá, pessoal! Neste primeiro texto de 2021, trago as melhores e piores ações da bolsa de valors no ano terminado. Além disso, analiso se o efeito momentum (ou simplesmente efeito momento) esteve presente na bolsa em 2020. Se você não conhece esse efeito, leia este texto até o final para compreendê-lo e, quem sabe, para ajudá-lo a montar sua estratégia para 2021.

Sempre lembro que analiso o universo dos 100 papéis (ações e units) que compuseram o IBrX 100 no final do ano passado. Este índice é mais abrangente do que o Ibovespa e escolhe seus 100 constituintes pelos maiores índices de negociabilidade, funcionando como um ótimo filtro de liquidez. Qualquer análise de ações que não estejam neste índice precisa ser feita com extrema atenção, pois a baixa liquidez esconde riscos que retornos diários não conseguem capturar. É importante notar que utilizo retornos totais, ou seja, que incorporam eventuais dividendos, JSCP, splits, bonificações, aumentos de capital etc. Com isso, alguns dos retornos apresentados abaixo não serão exatamente iguais à variação da cotação do papel em 2020. Para aqueles que quiserem a planilha com a análise completa (todos os 100 papéis), basta acessar meu website (link no meu perfil) e procurar pela notícia desta coluna na seção “Na Mídia” (se não funcionar via smartphone, tente via desktop ou laptop). Espero que seja bacana e útil para todos vocês!

Como métrica de performance, sempre utilizo a que desenvolvi, acredito e que, portanto, chamo de índice Campani. Como explicado em meus textos aqui de 8 e 15 de maio de 2020, este índice tem a mesma interpretação que o famoso índice Sharpe (retorno médio por unidade de risco), mas utiliza métricas de retorno e risco conceitualmente corretas e bem fundamentadas (o Sharpe é fundamentalmente equivocado e pode, muitas vezes, melhorar artificialmente a performance de maus gestores, prejudicando os bons gestores - clique aqui e aqui para ler e compreender mais sobre a relação risco e retorno de um ativo).

Listo abaixo os 20 melhores e os 20 piores papéis e, para efeito de análise e comparação, os seguintes índices da B3 (SA:B3SA3): Ibovespa, IBrX 50 e SMLL (small caps), além de uma carteira fictícia igualmente ponderada (1/n) com todos os 100 papéis analisados.

20 melhores e 20 piores ações de 2020

Com cotações mais do que dobradas em 2020, cinco ações se destacam: CSN (SA:CSNA3), Weg (SA:WEGE3), PetroRio (SA:PRIO3), Banco Inter Pref (SA:BIDI4) e Magazine Luiza (SA:MGLU3). Quem apostou nesses papéis em 2020 está bastante feliz. Note que WEGE3 apresentou performance superior a CSNA3 e isso se explica por sua menor volatilidade: ao investir, nós preferimos uma rentabilidade esperada um pouco menor se ela vier acompanhada de menor risco.

No meio da tabela, encontram-se os índices de mercado. Isso é absolutamente normal já que eles retratam carteiras com muitas ações e, portanto, com rentabilidades jamais extremadas. Chamo a atenção para o fato de a carteira igualmente ponderada ter batido os índices amplos da B3: esse é um resultado que se repete na maioria dos anos. Aliás, já escrevi sobre essa carteira, fazendo inclusive uma análise histórica: clique aqui se houver interesse.

Em 2020, de forma geral, as chamadas blue chips (empresas mais negociadas e com maiores valores de mercado) venceram as empresas pequenas, tendo em vista a ordenação das performances: IBrX 50 performou acima do Ibovespa, que por sua vez, bateu o índice de small caps (SMLL) em 2020. Uma curiosidade é que exatamente 50 papéis fecharam o ano no positivo (média de + 33,7%), com outros 50 ativos no campo negativo em relação a 2019 (média de -22,1%).

Na parte inferior do ranking, o IRB (SA:IRBR3) fechou na última colocação (tal como permaneceu ao longo de todo o ano de 2020), com uma perda de 76,5% de seu valor. Chama a atenção os índices Campani das companhias aéreas Gol (SA:GOLL4) e Azul (SA:AZUL4), bem acima dos demais. Isso se dá porque essas companhias tiveram uma enorme perda no início da pandemia, mas desde então vêm se recuperando com volatilidade boa (para cima) – as altas volatilidades escondem o risco bom (leia mais aqui). Em que pese suas rentabilidades terem sido ruins em 2020, isso pode indicar potencial de avanço e, portanto, dias melhores em 2021 (principalmente se a vacina for um sucesso e a mobilidade voltar).

O EFEITO MOMENTO

A análise das performances dos papéis da B3 serve para cada investidor posicionar sua carteira relativamente ao mercado e saber como performou em 2020. Mas, será que dá para utilizar rentabilidade passada para obter retornos interessantes no futuro? Esta é uma discussão interessantíssima na literatura acadêmica e não tenho a menor pretensão de esgotar esse assunto aqui, mas apenas pontuá-lo e dividir com vocês.

O trabalho pioneiro neste contexto foi o de Jegadeesh & Titman: “Returns to Buying Winners and Selling Losers: Implications for Stock Market Efficiency”, publicado no prestigiado Journal of Finance em 1993. Neste trabalho, eles identificam o efeito momentum, ou seja, no curto prazo papéis vencedores tendem a seguir performando acima do mercado. Após este estudo, muitos outros pesquisadores estudaram o efeito momento, sendo que a maioria absoluta desses trabalhos confirma a sua existência em diferentes mercados. Eu mesmo já pesquisei e identifiquei o efeito no Brasil com alguns trabalhos acadêmicos publicados, sendo o último em coautoria com Fábio Civiletti e Raphael Moses na Brazilian Business Review, edição nº 5 de 2020: “Equally weighted portfolios and momentum effect: an interesting combination for unsophisticated investors?”. Para os interessados, este artigo pode ser acessado aqui. E também já fiz uma análise com o fator momento aqui na coluna:

LEIA MAIS: Gestão de Carteiras de Investimento: O “Efeito Momentum” na Bolsa Brasileira

A título ilustrativo, construí carteiras igualmente ponderadas a cada mês, escolhendo os n papéis de maiores rentabilidades no mês anterior. Os gráficos abaixo mostram as rentabilidades e volatilidades em 2020 de 50 carteiras assim construídas, com n variando de 1 (carteira com apenas um papel, o de maior rentabilidade no mês anterior) a 50 ativos.

Os resultados impressionam, não? Definitivamente, o efeito momento se fez presente na bolsa brasileira em 2020! Perceba que qualquer carteira com 1 a 50 papéis teria rendido bem mais do que o Ibovespa. E as carteiras com 7 ou mais papéis apresentaram praticamente a mesma volatilidade do Ibovespa, o que torna a análise ainda mais interessante. A carteira com apenas um papel foi a de maior rentabilidade, mas também com maior volatilidade e eu não indicaria para ninguém pois perde-se o benefício da diversificação. Gosto de no mínimo 10 papéis, podendo chegar a 30 para os mais avessos a risco. Além disso, reitero tratar-se de uma estratégia ao alcance de qualquer investidor não apenas por sua simplicidade, mas também por seu baixo custo e trabalho, já que a carteira precisa de rebalanceamento apenas no início de cada mês.

Por fim, me cabe dizer que as pesquisas acadêmicas não indicam que uma carteira formada com base no atual momento dos papéis será sempre vencedora. Seria leviano da minha parte afirmar isso e não combinaria comigo. O risco existe e cada investidor deve fazer avaliação própria. O que a literatura indica é que o efeito parece existir e que uma carteira bem diversificada baseada no momento tem a tendência de performar bem no longo prazo. Cada investidor deve analisar com cuidado que tipo de estratégia lhe convém. Não ter estratégia é a pior estratégia.

Minha ideia com esse texto foi dividir com vocês conhecimento não trivial. A análise acima me deu algum trabalho, em pleno dia 1º de janeiro de 2021, mas todo meu esforço terá valido muito a pena se vocês gostarem e me ajudarem a difundir conteúdo de qualidade para mais e mais pessoas. Comentem abaixo, repassem meus textos em suas redes sociais. Temos o desafio de construir um Brasil com muito mais educação financeira e com investidores mais bem preparados. Sigam-me em minhas redes sociais @carlosheitorcampani.

COMUNICADO IMPORTANTE: neste mês de janeiro, esta minha coluna estará de férias, motivo pelo qual o próximo texto sairá somente no dia 5 de fevereiro (sexta-feira). Após esse descanso, estarei totalmente recarregado para muito conteúdo.

Desejo um próspero 2021 para todos vocês, com ótimos investimentos.

* Carlos Heitor Campani é PhD em Finanças, Professor Pesquisador do Coppead/UFRJ e especialista em investimentos, previdência e finanças pessoais, corporativas e públicas. Ele pode ser encontrado em seu site pessoal e nas redes sociais: @carlosheitorcampani. Esta coluna sai a cada duas semanas, sempre na sexta-feira.

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