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Mercado num Eterno Déjà Vu

Publicado 22.02.2021, 08:20
Atualizado 10.01.2024, 08:22

A última semana de fevereiro marca também o fim de um ciclo da Bula do Mercado, que encerra as atividades nesta sexta-feira, por tempo indeterminado. Mas é interessante notar como depois de seis anos de publicações diárias sobre as notícias que movimentam o mercado financeiro, o Brasil vive um eterno déjà vu, com os investidores presos no limbo, com a certeza de que já viram isso antes.

A ingerência política do presidente Jair Bolsonaro na Petrobras (SA:PETR4) lembra as críticas ao governo Dilma e faz ser tão atual qualquer resumo matinal publicado em 2015. À época, a defasagem de preços dos combustíveis em relação ao praticado no exterior resultou, já na gestão Temer, na criação de uma política ajustada à variação do dólar e do petróleo, de modo a evitar a quebra da empresa.

Mas os aumentos sucessivos, diários, da gasolina e do diesel desde então provocaram uma grande greve de caminhoneiros, que bloqueou o transporte de cargas, levando à escassez de alimentos e à paralisação de vários setores, com grandes prejuízos ao país. Agora, o governo Bolsonaro decidiu agir - não sob a égide de evitar um novo desastre, mas sim para agradar parte de seu eleitorado, com o presidente cada vez mais de olho em 2022.

"É preciso olhar o investidor, mas também o brasileiro" afirmou o general da reserva Joaquim Silva e Luna. Diretor-geral de Itaipu Binacional, o nome dele ainda precisa ser aprovado pelo Conselho da Petobras, que se reúne amanhã. Mas soa estranho o indicado para comandar a estatal petrolífera falar que uma companhia de capital aberto precisa enxergar "questões sociais".

Ao menos foi assim, alguns anos atrás. E aos olhos do investidor estrangeiro, continua sendo assim. Tanto que os recibos de ações (ADRs) da Petrobras negociados em Nova York despencaram quase 10% na sexta-feira, no after-hours, após o anúncio do presidente. Os papéis da empresa na Bolsa brasileira devem pressionar o Ibovespa, com reflexos nos demais ativos domésticos, em especial as empresas estatais. Ainda mais após Bolsonaro personificar de vez a presidenta e dizer que vai “meter o dedo na energia elétrica também”.

Mas o episódio ao final da semana passada praticamente pavimenta o caminho para uma subida da Selic no mês que vem. As apostas de aumento da taxa básica de juros já vinham ganhando força e na última sexta-feira essa tendência foi reforçada. Afinal, se a política de preços da Petrobras leva em conta as variações do petróleo - que segue incrustado em US$ 60 por barril, mas com tendência de alta - e do dólar; só o fim da era de juro real negativo por aqui é que pode conter a escalada da moeda norte-americana rumo a R$ 6,00.

Quem pode mais

Bolsonaro nega que houve interferência na Petrobras, mas com o país ainda assolado pela pandemia e sem doses de vacina suficientes para imunizar a população, dizer que a troca de comando na companhia é uma busca de soluções para os fatores que têm impacto social é incoerente - para dizer o mínimo. Ainda mais em tempos em que o feijão com arroz está bem mais salgado, segundo o IPCA. Se vier acompanhado de carne então...

O presidente sinalizou que vem mais por aí, mas ele não deve intervir nos preços dos alimentos, pois o agronegócio é outra fatia importante do eleitorado. Segundo ele, pode haver novas trocas nesta semana de "peças que não estão dando certo". E sabe-se que ainda é preciso pagar a conta com o Centrão.

A votação esmagadora em plenário, com 364 votos a favor da manutenção da prisão de Daniel Silveira, membro da tropa de choque bolsonarista, mostrou a força do Centrão. E para continuar tendo o bloco de partidos como aliado, mantendo na gaveta os pedidos de impeachment, o Executivo tem de manter a "velha política" funcionando, liberando emendas e concedendo cargos em troca de votos.

E as cobranças virão caso a caso. Talvez, então, fossem essas mudanças (ministeriais) às quais Bolsonaro se referia. Afinal, a entrega do Ministério da Cidadania não dá nem pro cheiro. Nesse toma lá, dá cá, a dinâmica da máquina pública é fundamental, o que esvazia as chances de privatizações - principalmente da Eletrobras (SA:ELET3).

Seja como for, o caso Daniel sai de cena e abre espaço para a pauta do governo avançar no Congresso. Mas o Centrão já mostrou quem manda e fica claro também que é o Legislativo que irá definir como será a nova rodada do auxílio emergencial. Detalhes sobre o valor e o total de parcelas seguem em aberto, bem como se o "teto de gastos" será mantido ou se a cláusula da calamidade será acionada.

Mas tudo isso só será conhecido em março. Primeiro, o Senado precisa votar a chamada PEC emergencial, que autoriza o governo a disparar gatilhos para reduzir as despesas, caso os gastos correntes sejam custeados por empréstimos. O texto também prevê que a regra de ouro seja descumprida. A votação na Casa está prevista para quinta-feira.

Outros itens de destaque no Brasil incluem a prévia de fevereiro da inflação oficial (IPCA-15), na quarta-feira, dados sobre o desemprego (Pnad) ao final de 2020, na sexta-feira, além de indicadores sobre a confiança do setor privado neste mês, ao longo da semana.

O medo da inflação

Enquanto isso, lá fora, os investidores continuam debruçados sobre o tema da "reflação", que deve continuar inflando os ativos globais - entre eles, o petróleo - até que alguma bolha estoure. Os sinais de que a inflação nos Estados Unidos está surgindo, diante dos estímulos monetários e fiscais para impulsionar a demanda, são uma ameaça às ações, com as expectativas de alta dos preços ao consumidor minando o lucro das empresas.

Ainda mais com o Federal Reserve indicando que deve manter a taxa de juros norte-americana perto de zero até 2023, apoiando novos estímulos fiscais. Tal prognóstico deve ser reiterado pelo presidente do Fed, Jerome Powell - que depõe no Senado, amanhã, e na Câmara, no dia seguinte - tendo o aval do presidente dos EUA, Joe Biden, que profere o famoso discurso sobre o estado da união, à zero hora de quarta-feira.

Hoje é a vez da presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, falar. Já na agenda de indicadores econômicos, destaque para a terceira e última leitura do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA no quarto trimestre do ano passado e no acumulado de 2020, na quinta-feira. Um dia depois, saem os dados sobre a renda pessoal e os gastos com consumo dos norte-americanos.

Portanto, a sensação é de que a inflação está aumentando, com a taxa média de 10 anos no nível mais alto em cinco anos, assim como os temores dos investidores, o que é refletido na queda mais acelerada dos índices futuros das bolsas de Nova York nesta manhã, de até 1%. Esse desempenho contaminou o pregão na Ásia, onde Xangai e Hong Kong lideraram as perdas, imprimindo um sinal negativo também na Europa.

Ao mesmo tempo, a colossal liquidez global continua reinando soberana nos mercados, alimentando o apetite por risco, em meio à perspectiva de melhor crescimento econômico. Com isso, a bola da vez são as commodities, com os metais básicos conduzindo o avanço. O cobre atingiu o nível mais alto em nove anos, estimulando o salto do níquel, enquanto o petróleo continua testando a faixa de US$ 60 por barril.

O movimento se dá a despeito do fortalecimento do dólar, que ganha terreno em relação às moedas rivais de países desenvolvidos e correlacionadas às commodities, em meio ao avanço no rendimento (yield) do título dos EUA de 10 anos (T-note), que volta a se aproximar da faixa de 1,4%, no valor mais alto em cerca de um ano. Já o Bitcoin alcançou outro recorde durante o fim de semana.

Diante desse ambiente externo negativo, a pressão sobre os negócios locais deve ser potencializada, com o cenário internacional não deixando esquecer os problemas internos.

*Comunicamos que, por motivo de força maior, A Bula do Mercado deixará de ser publicada a partir de março, por tempo indeterminado. Agradecemos pelos seis anos de apoio.

Últimos comentários

puxando tudo pra baixo.... adios reforma liberal do guedes
Aguardando as ações futuras próximas, atitudes corretas do governo, uma vez que pragmáticas e coerentes. Entre a cruz e a espada, deve ficar no meio mesmo, evitando assim uma 'argentinização' de nossa política.
Bom dia a todos, resumindo. Na política, os opostos se igualam.
Começou o texto com uma ótima noticia.
Obrigada, Rafael. Feedback negativo também é positivo.
 , Apesar das diferenças politicas, desejo sorte a você em sua nova jornada.
Bom dia! É.....não vai ser fácil....
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