50% de desconto! Supere o mercado em 2025 com o InvestingProGARANTA JÁ SUA OFERTA

Mudança de narrativa: rumo ao trade da recessão

Publicado 10.04.2023, 18:40
XAU/USD
-
US500
-
BAC
-
USD/BRL
-
GC
-
CL
-
PETR4
-
VALE3
-

Mudamos de novo a narrativa: agora, estamos no “trade da recessão”. Investidores batem nas commodities (exceção feita ao petróleo, por conta do corte de produção da Opep) e em outros cíclicos globais para comprar o que pode se beneficiar da queda das taxas de juro.

Há tempos já, vivemos um mercado muito temático. Veio a pandemia e só o combo “stay at home” (fique em casa) tinha valor. De repente, as vacinas estavam a caminho e, então, era a hora de comprar a abertura. Empresas ligadas ao e-commerce se multiplicaram por 3x, para depois cair 85%. 

Mais recentemente, arrisco dizer que tudo dentro de 2023, fomos do “soft landing” para o “no landing”, até chegar ao atual “hard landing”. Começamos com a ideia de um pouso suave; então, fomos surpreendidos por bons dados de atividade com sinais (ainda que incipientes) de inflação abrandando. Um pouco mais tarde, a turma resolveu olhar os PMIs e os ISMs no detalhe, seguidos de um relatório Jolts mostrando uma tendência ruim para o emprego norte-americano, que viria a ser corroborada pelo ADP Employment e suas poucas vagas criadas no mercado de trabalho privado.

A esta altura, parece mesmo improvável que consigamos escapar de uma recessão nos EUA, ainda que não seja possível desenhar sua extensão e profundidade. Nem me arrisco. Acho que as pessoas perdem muito tempo tentando antecipar a realidade futura, uma tarefa impossível por definição, e se dedicam pouco a tentar mensurar como os vários cenários potenciais podem impactar seu portfólio e sua vida. 

Caímos de novo na máxima de Nassim Taleb: X não é F(X). X é a realidade. F(x) é como essa realidade impacta seu portfólio. Muitas vezes, é bem mais difícil desenhar o mundo do que vislumbrar como seus investimentos vão se comportar à frente. Exemplo elementar: se você está quase integralmente exposto a títulos pós-fixados brasileiros, não precisaria se preocupar tanto com o futuro do PIB dos EUA. Já se está lotado de Petrobras (BVMF:PETR4) e Vale (BVMF:VALE3) a coisa muda de figura. 

Eis o ponto preocupante: enquanto os mercados se mostram bastante preocupados com uma recessão futura nos EUA, o apreçamento dos índices de ações por lá, sobretudo quando se pensa em termos agregados, parece não condizer com a realidade objetiva. Em outras palavras, em se confirmando o cenário de recessão norte-americana e se a história pode servir de guia, o S&P 500 oferece uma combinação risco-retorno pouco atraente nesses níveis. Dito ainda de uma maneira diferente, investidores parecem muito otimistas com o futuro dos juros nos EUA, enquanto não vislumbram um impacto tão relevante da recessão sobre os lucros corporativos. Em relatório recente, o Bank of America (NYSE:BAC) Merrill Lynch escreveu: “as pessoas estão muito otimistas com fortes quedas de juros e pouco pessimistas com a recessão.”

O mesmo banco lembrou um alerta importante: em 8 das últimas 10 recessões, o S&P 500 sofreu quedas superiores a 20%. O gráfico abaixo resume o argumento. 

Outro ponto relevante: ainda que, de fato, os juros menores justifiquem, mesmo ex-ante, múltiplos maiores para as ações (o chamado re-rating), essa dinâmica, na verdade, reflete uma economia em pior situação, com lucros à frente. E a coisa fica ainda pior porque não há garantia de que o Fed vá mesmo cortar sua taxa básica já neste ano, porque a inflação é persistente e o mercado de trabalho como um todo ainda gera mais de 200 mil novas vagas por mês. O Fed quer ver a taxa de desemprego acima de 4% e isso deve acontecer mais à frente. 

Se a recessão está mesmo a caminho, qual o play book a seguir? Quais estratégias podem funcionar bem?

  1. Mantenha uma posição importante de caixa. Ele tende a ter uma performance acima da média até que haja clareza, de fato, sobre os cortes do Fed. Não subestime o maratonista CDI: no Brasil, você é muito bem pago para esperar, tem liquidez diária e nenhuma volatilidade.
  2. Ouro também costuma ser um bom ativo para o início das recessões. O dólar tende a se enfraquecer no mundo e o metal precioso é o hedge clássico contra o “greenback”. 
  3. Um dólar fraco também costuma ser bom prenúncio para mercados emergentes, embora, aqui, tenha de se ter cuidado com o cíclico global. Crescimento defensivo, como farmácias e supermercados, pode ir bem. 
  4. Venda o que está sobrecomprado, como big techs americanas e consumo de luxo na Europa.
  5. Tenha o dedo no gatilho. No momento em que a recessão estiver clara e os juros começarem a cair, será a hora exata para comprar cíclicos a preços de distressed, fundos imobiliários sensíveis ao aperto monetário e small caps a preços de banana. 

No final do dia, a economia vive de ciclos. Estamos terminando um deles. Sempre prefiro um fim terrível a um terror sem fim.

 

Últimos comentários

Carregando o próximo artigo...
Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2024 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.