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Não Deixe de Ler o Manual

Publicado 10.09.2021, 16:06
Atualizado 09.07.2023, 07:32

Assim como são inegáveis os benefícios da leitura, é assustadoramente comum encontrar pessoas que simplesmente não leem. Não me refiro apenas a livros excessivamente eruditos, extensos, muito técnicos ou de difícil compreensão. Na minha experiência, destaco a recorrência com que encontro pessoas que não leem pequenos textos, instruções e manuais com um conteúdo extremamente prático e de impacto relevante.

Você também já deve ter ouvido ou presenciado situações em que alguém pagou por uma visita técnica de poucos minutos para instalar ou consertar algum aparelho eletrônico, simplesmente porque a solução para o “problema” estava em uma etiqueta que nunca foi lida.

Quando a compra do produto é feita de forma impulsiva e estimulada por irresistíveis apelos publicitários, é ainda mais comum que se presuma que o produto adquirido seja de simplíssimo manuseio e, claro, dispense a leitura atenta de quaisquer orientações fornecidas pelo fabricante. A negligência pode resultar em incômodas dores de cabeça, indesejadas frustrações e, invariavelmente, em perda de dinheiro.

Vivemos um momento histórico de acesso rápido e relativamente fácil a uma quantidade de informações sem precedentes. Mas surpreendentemente o interesse em aprofundar o conhecimento revela-se cada dia menor.

No universo de investimentos em fundos globais não é diferente. Nunca houve tanto conhecimento à disposição do investidor. Este, contudo, parece ter cada vez mais contato com um verdadeiro oceano de informações com pouco mais de um centímetro de profundidade.

Destaco aqui a classe de hedge funds, que se tornou especialmente popular depois dos anos 1990 e tem adentrado as fronteiras brasileiras nos últimos anos.

Sabe-se que os hedge funds são pouco regulados, mas pouco se sabe sobre o que isso representa na prática.

Primeiramente, é importante entender que a regulação (ou ausência desta) varia de acordo com a geografia em que o fundo é sediado e comercializado.

As Ilhas Cayman, por exemplo, são um destino comum para gestoras que procuram liberdade para implementação de estratégias mais sofisticadas. Contudo, quando o assunto é diversificação do passivo e distribuição para o público europeu, os fundos recebem uma roupagem regulatória mais robusta e passam a co­mercializar a versão denominada Ucits (Organismo de Investimento Coletivo em Valores Mobiliários, em tradução livre), uma espécie de selo de qualidade de gestão de risco.

Aqui, atenta-se muito para as restrições de ativos (commodities físicas, por exemplo) e limite de concentração do portfólio, o que muitas vezes leva o investidor a achar que a versão Ucits é uma estratégia diluída e pouco eficiente. Contudo, aqueles que se propõem a ler instruções e manuais percebem que o tema crítico do arcabouço regulatório europeu é a liquidez. Os fundos Ucits seguem uma espécie de manual de boas práticas de gestão de liquidez que protege o acionista de decisões arbitrárias dos gestores.

Ressalto algumas diferenças importantes entre as versões irrestritas, ou Cayman, como são comumente chamadas, e os veículos Ucits:

• Divulgação de cotas: na versão irrestrita (Cayman) não existe exigência regulatória. Já o fundo Ucits tem que divulgar sua cotação ao menos duas vezes ao mês e, na prática, isso é feito diariamente.

• Portas de resgate (gates): neste caso, o gestor limita o pedido de resgate de cotas por dia no fundo Cayman quando os pedidos excedem 20% do valor patrimonial líquido do fundo, o que ocorre mais frequentemente em momentos de estresse do mercado. Também é aplicado quando o resgate excede 25% do capital do investidor, o que independe do momento de mercado. Já na versão Ucits, os gates são permitidos apenas em algumas jurisdições europeias. Na Irlanda, por exemplo, só podem ser aplicados em resgates que representarem mais de 10% do patrimônio líquido do fundo e, na prática, são muito menos usados.

• Suspensão e diferimento de resgates: nas versões irrestritas, pode haver suspensão e/ou diferimento de resgate, ainda que não haja cláusulas específicas nos documentos do fundo. Em uma situação de pânico nos mercados, mesmo que os ativos da carteira do fundo não apresentem disfuncionalidade de precificação, o gestor pode decidir suspender ou diferir resgates. Já nos fundos Ucits, embora possíveis, ocorrem em circunstâncias excepcionais de difícil precificação dos ativos que compõem o portfólio do fundo e por períodos bem curtos de tempo (parte do dia ou poucos dias).

Em momentos de estresse do mercado, a liberdade pode se tornar uma prisão dos recursos e o paraíso pode virar pesadelo. A solução, porém, não é ficar de fora e perder de vista os benefícios de diversificação e elevados retornos potenciais, mas dimensionar corretamente o tamanho da posição (sizing) em relação ao seu perfil de investimento.

Na semana passada, publicamos um relatório sobre as diferenças entre as versões Ucits e Cayman dos hedge funds e os principais conceitos que permeiam o universo dos hedge funds em que o investidor deveria se aprofundar.

O nosso intuito é trazer mais profundidade de conhecimento e evitar as dores de cabeça, as frustrações e, principalmente, a perda de dinheiro.

Este é um dos “manuais” que o investidor global deveria ler.

Um abraço

Últimos comentários

Cara Lais, excelente aritgo. Somente tenhoas seguintes considerações: Aumento do volume de Informação não é diretamente proporcional ao aumento de conhecimento. Na verdade isso aumenta a probabilidade de perda de foco do leitor, e consequentemente redução da taxa de conhecimento. Minha esposa fez investimentos de boa parte dos recursos dela em janeiro de 2020, e os dois fundos denominados hedges, foram os piores, com maiores perdas e não teríamos recuperados até agora, seu eu não alterasse a estratégia. Resumindo, as informações disponíveis não mostram que boa parte deles, na verdade investem em outros fundos, os quais tem ações de altíssimo risco atreladas, logo, hedge para mim de agora em diante é aplicação em  ativo - commodities com correlação inversa de verdade, Nestas semanas a bolsa caiu 5% e meu patrimônio aumentou 3,2%.  Fundos Hedge... Never more
Nós brasileiros estamos lendo cada dia menos. É uma pena. Ler é muito bom.
Caro Joilson, infelizmente você está equivocado. O brasileiro está lendo muito mais, porém, com o aumento vertiginoso de dos meios de informações e de informações, em sua maioria completamente inúteis, pois o conteúdo é apenas INFORMATIVO, não tendo nada de FORMATIVO. Exemplo são os Jornais televisivos. Cresci no tempo em que a maioria, ou únicas informações que tinha eram FORMATIVAS, isto é, se queria estudar tinha que ira à biblioteca ou ler o Estadão (500 paginas) do domingo. Acredito que voce também teve esta "felicidade", por isso acostumou-se a buscar somente FORMATIVO.  Abraço
Nós brasileiros estamos lendo cada dia menos. É uma pena. Ler é muito bom
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