Liquidação ou Correção de Mercado? Seja como for, aqui está o que fazer em seguidaVejas ações caras

O Papel Que Seguradoras e Fundos de Pensão Deveriam Ter na Preservação Ambiental

Publicado 06.07.2022, 10:16
Atualizado 09.07.2023, 07:32
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Há cerca de dois meses, eu era uma das pessoas nessa torre coberta de neblina e rodeada por árvores, em Alta Floresta, no Mato Grosso. Acordei às 4 da manhã, peguei um barquinho às 4h30, andei pela trilha, ainda no escuro, e subi ao alto da torre de 50 metros. Acima da copa das árvores, experimentei uma sensação única (e maravilhosa!) de ver e ouvir a floresta Amazônica acordar.

A beleza da mudança de cores, do canto dos pássaros e a magia do momento são ímpares. Na verdade, é impossível não parafrasear Maya Angelou, famosa escritora norte-americana e da qual gosto muito: o que senti lá ficará para sempre na minha memória. É uma experiência que nem as palavras nem as fotos magníficas do André Dib conseguem reproduzir na sua totalidade. Tem que viver para sentir, e depois lembrar…

Ao voltar, comecei a refletir sobre os meus privilégios. Privilégio de ter um trabalho que me permite vivenciar essa experiência e, principalmente, de ter saúde para chegar ao topo da torre com fôlego, sem que os joelhos “gritassem” de dor. O passo seguinte foi constatar que isso foi uma escolha: eu escolhi tratar do meu corpo com mais cuidado exatamente para poder fazer esse tipo de atividade – não só hoje, mas também no futuro. Neste momento, pensar no longínquo dia em que estarei aposentada foi inevitável.

Eu quero ser uma daquelas senhorinhas passeadoras e viajantes que vejo por aí. E pretendo, no futuro – quem sabe levando os netos que espero ter - voltar à Amazônia com mais calma, mas com a mesma disposição que tive agora. Para isso, como profissional de finanças, eu sei da importância de poupar. Mas, de uns anos para cá, me dei conta de que dinheiro sem saúde plena não bastaria.

Foi aí que comecei a investir não só na poupança financeira, mas na minha saúde futura. Percebi que eliminar os quilos que sobravam, construir músculos e adquirir hábitos mais saudáveis têm sido passos importantes nesse processo. Porém, o que me preocupa neste plano é o fato de que é preciso ter floresta em pé para que eu possa fazer isso outra vez no futuro, daqui 20, 30 ou 40 anos.

A conexão entre meio ambiente, saúde e bem-estar

Em um fórum promovido pela Editora Globo e a Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein (acompanhe no vídeo abaixo), que ocorreu em maio e discutiu como as mudanças climáticas afetam a saúde de todos nós, a principal conclusão dos palestrantes foi a necessidade de promover a conexão entre a sustentabilidade e a saúde das pessoas.

Por isso, volto à minha inquietação acima: independentemente do que eu faça para me sentir melhor e com mais vitalidade, a saúde e o bem-estar futuros dependem de ações coletivas. Como aprendi com uma amiga advogada, o meio ambiente é um bem público – aquele que é de todos e de ninguém ao mesmo tempo. E o setor privado tem, sim, um papel imprescindível nesse processo. Afinal, além do Estado, quem investe em saúde no Brasil? São, principalmente, as empresas de seguro e os fundos de pensão.

Esses setores devem zelar pela saúde e bem-estar coletivos, investindo em proteção ambiental da mesma forma que deveriam investir em promoção de saúde, e não apenas em correção ou mitigação de doenças. Isso vale na seleção de investimentos que compõem o portfólio dessas empresas. Ao buscar retorno no longo prazo, eles deveriam focar em ações que garantam a preservação desse bem que é de todos nós e que ninguém sozinho consegue proteger: a natureza

É comum nos depararmos com uma visão de curto prazo, com foco no presente. Porém, todos que pretendem estar no mercado a longo prazo precisam pensar em soluções inovadoras, sustentáveis e escaláveis para os problemas de saúde existentes, que envolvem, invariavelmente, as mudanças climáticas em curso. De acordo com o fórum, a Organização Mundial da Saúde estima que entre 2030 e 2059 as mudanças climáticas serão responsáveis por 250 mil mortes anuais adicionais por desnutrição, malária, diarreia ou estresse por calor, e os custos diretos dos danos à saúde irão superar os US$ 2 bilhões por ano até 2030. Nesse sentido, as demandas por assistência médica atreladas ao impacto das mudanças climáticas serão cada vez maiores.

É sempre importante lembrar: preservação ambiental e planejamento financeiro são indissociáveis e devem andar lado a lado em uma economia global sustentável. Afinal, nós dependemos da natureza para viver.

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