O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, mais uma vez surpreendeu ao ajustar sua comunicação, sinalizando que o banco central dos EUA pode adotar uma postura mais cautelosa quanto a cortes adicionais nas taxas de juros.
Em um discurso preparado na sexta-feira para líderes empresariais em Dallas, Powell afirmou que "a economia não está enviando sinais que justifiquem pressa para reduzir os juros".
Essa mensagem reforça uma posição já expressa pelo Fed desde o início do ciclo mais recente de flexibilização monetária, que começou em 18 de setembro com um corte de 50 pontos-base na taxa básica de juros. Muitos consideraram esse movimento prematuro e exagerado.
Em 7 de novembro, o Fed reduziu novamente os juros, dessa vez em 25 pontos-base. Agora, Powell tenta controlar as expectativas de novos cortes, destacando que a taxa atual ainda estaria acima do nível neutro, conforme afirmou recentemente em uma coletiva de imprensa.
Embora parte dos dirigentes do Fed ainda compartilhe dessa visão, parece haver menos urgência em agir novamente. A reunião do Fomc marcada para 17 e 18 de dezembro pode resultar em uma pausa nos cortes, encerrando o ano sem novas mudanças na política monetária.
De acordo com o novo "Modelo Nirvana" da nossa equipe, tanto as taxas de desemprego quanto de inflação indicam que os juros estão próximos do nível neutro.
Mesmo com a mudança de tom de Powell, os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA com vencimentos de 2 e 10 anos reagiram de forma limitada. Investidores de renda fixa já tinham concluído que o ritmo acelerado de cortes parecia desnecessário, dado o bom desempenho econômico e a persistência da inflação.
Esperamos que esses rendimentos permaneçam em uma faixa entre 4,25% e 4,75% até o final deste ano e possivelmente no início do próximo.
Por outro lado, os preços das ações recuaram parte dos ganhos obtidos após as eleições, especialmente na sexta-feira, após o discurso de Powell.
Ficamos surpresos ao ver o Índice Bull/Bear (BBR) subir apenas para 2,91 na semana de 12 de novembro, mesmo após o expressivo rali pós-eleitoral. Acreditávamos que o índice poderia ultrapassar 3,00 ou até mesmo se aproximar de 4,00.
O percentual de investidores otimistas subiu para 60,3%, perto de máximas históricas, mas o de pessimistas permaneceu relativamente elevado em 20,7%. Já o grupo que espera uma correção caiu para apenas 19,0%. Do ponto de vista contrário à tendência, isso pode sinalizar que o mercado de ações está vulnerável a uma correção, especialmente se o Fed interromper os cortes nas taxas de juros.
Ainda assim, esperamos um “rali de Natal” que leve o índice S&P 500 a 6.100 pontos até o final do ano.