Ouro: início fraco da semana indica possível perda de suporte-chave

Publicado 27.10.2025, 09:08
  • As cotações do ouro prolongam as perdas, com os traders migrando para ativos de risco após notícias positivas sobre o comércio internacional.
  • O suporte em US$ 4.000 continua sendo o nível crítico, enquanto investidores testam a força do viés altista de longo prazo do ouro.
  • As atenções agora se voltam para as negociações comerciais entre EUA e China e para os sinais dos bancos centrais previstos para o fim da semana.

As cotações do ouro caíram mais de 1,7% no fim da manhã em Londres, aproximando-se das mínimas da semana passada, quando o metal encerrou com perda de 3,5%. Essa correção abrupta interrompeu uma sequência de nove semanas consecutivas de valorização. Ainda assim, o suporte técnico em US$ 4.000 foi respeitado, e o fechamento de sexta-feira ocorreu cerca de US$ 100 acima desse patamar-chave, o que serviu como único alívio em uma semana desafiadora para o ouro.

O início negativo da sessão desta segunda-feira indica que a pressão vendedora pode não ter terminado. Uma quebra temporária abaixo de US$ 4.000 não está descartada, embora, em uma leitura mais ampla, pouco tenha mudado em relação aos fatores que sustentaram a forte escalada do metal nos últimos meses.

Por que o ouro está caindo hoje

Parte do movimento reflete a continuidade das vendas da semana anterior, que encerrou a longa sequência de ganhos. Mas o fator mais relevante foi o rali de risco nos mercados globais, com os futuros do S&P 500 renovando máximas históricas, reduzindo a atratividade dos ativos de proteção. Esse otimismo veio após avanços nas negociações comerciais entre Estados Unidos e China, antes da reunião entre Donald Trump e Xi Jinping, marcada para o fim da semana, período que também contará com várias reuniões de bancos centrais e balanços de grandes empresas de tecnologia.

Trump declarou a repórteres estar “muito confiante” sobre um possível acordo com Pequim. O pacto em discussão incluiria a retomada das compras chinesas de soja e o fim das restrições às exportações de ímãs de terras raras, enquanto os EUA poderiam recuar da ameaça de impor tarifas de 100%.

Especialistas, contudo, alertam que isso dificilmente resolverá as questões centrais envolvendo segurança nacional, subsídios estatais e competição tecnológica. Por ora, o mercado reage de forma otimista aos sinais de diálogo.

Desaceleração nas compras de ouro pela China

O sentimento negativo também foi reforçado por uma aparente desaceleração das compras de ouro pelo Banco Popular da China (PBoC) no final do terceiro trimestre. Dados de Hong Kong mostram que as exportações líquidas de ouro para a China recuaram 17,6% em setembro na comparação mensal. Apesar disso, o país ainda importou cerca de 22 toneladas métricas do metal via Hong Kong.

Esse volume indica que a China continua a ampliar suas reservas, embora os altos preços possam estar freando o ritmo das aquisições. Para os traders, esse comportamento pode sugerir moderação da demanda, mas é cedo para conclusões com base em apenas um mês de dados. As estatísticas oficiais do PBoC serão divulgadas em novembro, oferecendo um quadro mais completo.

Perspectivas: Fed, bancos centrais e comércio global

Além das conversas entre EUA e China, a semana concentra reuniões de bancos centrais ao redor do mundo. Após a divulgação de um índice de preços ao consumidor mais fraco no Reino Unido, aumentaram as apostas em novos estímulos monetários pelo Banco da Inglaterra.

A trajetória do dólar americano também será determinante. A recuperação recente da moeda tem encarecido o ouro para compradores internacionais, mas, se o dólar voltar a enfraquecer, esse fator de pressão deverá desaparecer.

O relaxamento das tensões comerciais entre EUA e China, às vésperas do encontro entre Trump e Xi, reacendeu o apetite por risco, reduzindo a busca por ativos de refúgio. Por outro lado, a ausência de avanços concretos na guerra entre Rússia e Ucrânia ainda oferece suporte parcial ao ouro.

Assim, é prematuro afirmar que a tendência altista de longo prazo chegou ao fim. Muitos investidores que ficaram de fora da alta anterior podem aproveitar o recuo atual para comprar na correção, especialmente com o ouro testando regiões técnicas de suporte relevantes.

Com a agenda carregada de decisões de política monetária e as tratativas EUA-China dominando a atenção, qualquer sinal mais dovish dos bancos centrais tende a favorecer o metal. Já um tom mais hawkish poderia intensificar a pressão vendedora.

A tendência mudou?

Na mínima da semana passada, o ouro chegou a cair cerca de 8%, mas recuperou parte das perdas e encerrou acima de US$ 4.100. Em termos percentuais, o movimento não é extremo, considerando a forte valorização dos últimos anos, caracterizando-se mais como uma correção técnica do que como uma reversão estrutural.

A liquidação foi provocada por uma convergência de fatores: otimismo com uma possível trégua comercial entre EUA e China (reduzindo a demanda por proteção), fortalecimento do dólar e melhora do sentimento de risco. Além disso, investidores institucionais e bancos centrais podem ter realizado lucros em posições compradas, enquanto mineradoras de ouro ampliaram hedge para garantir preços elevados em contratos futuros.

Por ser uma commodity sensível à dinâmica de oferta e demanda, movimentos bruscos tendem a gerar liquidações concentradas, seja por decisão estratégica ou por stop automático.Gráfico do ouro diário - análise técnica

A questão agora é se o pior já passou ou se ainda há espaço para novas quedas. O ponto crucial segue sendo o suporte em US$ 4.000. Uma quebra abaixo desse nível pode abrir espaço para mais vendas forçadas.

Por ora, esse piso técnico, junto com a linha de tendência de alta, permanece preservado. Se os vendedores não conseguirem romper essa faixa, o foco se voltará para a resistência em US$ 4.200, cuja superação sinalizaria retomada do viés positivo ao longo da semana.

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