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Expectativas para o Relatório de Empregos nos EUA

Publicado 07.02.2020, 11:21
Atualizado 09.07.2023, 07:31
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Por Kathy Lien, diretora executiva de estratégia de câmbio da BK Asset Management

As próximas horas serão bastante agitadas para os mercados financeiros. Os últimos números de comércio na China serão divulgados, juntamente com os relatórios de emprego nos EUA e no Canadá.

A moeda americana ampliou seus ganhos na quinta-feira frente a todas as principais moedas, especialmente o iene japonês, com o par USD/JPY tocando 110. O Dow Jones registrou novas máximas recordes, com as ações subindo pelo quarto pregão consecutivo. Os fortes resultados trimestrais, combinados com um anúncio da China de que reduziria as tarifas sobre US$ 75 bilhões em importações dos EUA, permitiram que o espírito animal tomasse conta dos ativos norte-americanos.

A expectativa dos investidores é que o relatório de empregos não agrícolas venha forte, uma vez que os presidentes regionais do Federal Reserve (Fed, Banco Central dos EUA) vêm minimizando o impacto do coronavírus. No início desta semana, a diretora do Fed de São Francisco, Mary Daly, declarou que não considerava que o vírus causaria um impacto material na economia norte-americana, posição também ecoada pelo presidente do Fed de Dallas, Robert Kaplan.

No que se refere aos dados de emprego nos EUA, o sentimento do mercado tem um papel importante na forma como os investidores responderão aos números. A recente disparada do dólar e valorização das ações nos dizem que os investidores gostam da moeda americana. Eles ignoraram todas as preocupações com o coronavírus, em favor de bons dados e de uma política monetária consistente.

A expectativa é que o relatório de empregos desta sexta-feira mostre uma melhora na economia norte-americana. Os economistas esperam que a folha de pagamento aumente para 165.000, contra 145.000 em dezembro. A taxa de desemprego deve permanecer inalterada, mas o crescimento dos ganhos médios por hora trabalhada deve acelerar de 0,1% para 0.3%.

Analisando os argumentos a favor e contra números mais fortes no emprego, a maioria dos sinais aponta para um relatório saudável. O relatório da ADP apontou que o crescimento da folha de pagamento privada dobrou no mês passado, ao mesmo tempo em que os pedidos de seguro-desemprego continuaram caindo. Um sinal de alerta é o componente laboral do ISM não industrial, que mede as contratações no setor de serviços, que atingiu a mínima de quatro meses em janeiro. Esse relatório altamente correlacionado sugere que o crescimento da folha de pagamento não agrícola deva ficar dentro das expectativas.

Argumentos a favor de um relatório de empregos mais forte:

1. Variação de Empregos da ADP de 291 000 vs. 157 000 no mês passado;

2. Leve alta no componente de emprego do ISM industrial;

3. Queda nos pedidos de seguro-desemprego nas últimas quatro semanas de 224.000 para 211.000;

4. Queda nos pedidos contínuos de seguro-desemprego de 1,80M para 1,751M.

5. Índice de Confiança da Universidade de Michigan na máxima de 8 meses;

6. Índice de Confiança do Consumidor do Conference Board na máxima de 5 meses.

Argumentos a favor de um relatório de empregos mais fraco:

1. Queda no Componente de Emprego do ISM não industrial para as mínimas de 4 meses. Challenger registra um aumento de 27,8% nas demissões.

Possíveis cenários diante dos números do mercado de trabalho nos EUA

Dito isso, um bom relatório deve ter um impacto maior nas moedas do que um relatório fraco. Se a folha de pagamento não agrícola subir pelo menos 160.000 e o aumento salarial acelerar 0,3% ou mais, o USD/JPY deve atingir 110,50 e o EUR/USD deve afundar e perder 1,0950.

Se os dados de emprego ficarem abaixo das expectativas, mas permanecerem acima de 135.000 e o aumento salarial for de 0,3%, qualquer recuo no dólar representará uma oportunidade de compra, pois o rali deve ter continuidade. O mesmo se pode dizer caso a folha de pagamento suba pelo menos 160.000 e o aumento salarial fique em 0,2%. No entanto, se forem criados menos de 135.000 empregos e o aumento salarial for de 0,2% ou menos, o dólar deve perder força.

Ao fim e ao cabo, a menos que os dados de emprego surpreendam muito, com a folha de pagamento não agrícola abaixo de 100.000 e os salários a 0,1% ou menos, o impacto da política monetária do Fed será limitado. Nesse caso, o sentimento do mercado terá um papel maior no desempenho do dólar e, dependendo da forma como os investidores reagirem ao relatório, pode ser que o desapontamento interrompa o rali.

O sentimento do mercado também será afetado pelos dados de comércio da China. Se houver uma queda maior que a esperada nas exportações e importações, provocando uma contração mais profunda do superávit comercial, as moedas com beta elevado, como os dólares da Austrália e Nova Zelândia, podem intensificar o deslize por preocupações com a extensão da desaceleração na economia chinesa. Também pode afetar o apetite para o risco e a forma como as moedas reagirão antes do relatório de empregos nos EUA. Para o Canadá, IVEY PMI e relatório de empregos de janeiro determinarão se o USD/CAD romperá ou não 1,33. O par ficou girando em torno da máxima de 2 meses durante a semana e claramente está à espera dos números laborais para determinar uma direção.

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