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Jerome Powell deu a entender que o Federal Reserve pode agora adotar uma postura de espera, e essa hesitação pode ter efeitos mais relevantes do que qualquer corte de juros ou aumento futuro.
Após reduzir a taxa básica em 25 pontos-base e confirmar o fim do aperto quantitativo em 1º de dezembro, o Fed parece ter entrado em uma fase de manutenção.
A mensagem de Powell foi clara: um novo corte em dezembro “não é uma conclusão inevitável”, o que, na prática, sinaliza o encerramento do ciclo de afrouxamento monetário em 2025.
Essa provável pausa reflete preocupação, não confiança. A expectativa é de que os Estados Unidos enfrentem um período em que a inflação permaneça elevada, enquanto a criação de empregos desacelera, um possível prenúncio de estagflação. Os preços seguem resistentes, o crescimento dos salários perde força e o sentimento econômico enfraquece. O Fed, portanto, se vê pressionado entre conter a inflação e evitar uma recessão.
No início do ano, o banco central agia de forma relativamente coesa. Agora, essa unidade se quebrou: a última votação, de 10 a 2, revelou fortes divisões internas. O governador Stephen Miran defendeu um corte de 50 pontos-base, enquanto Jeffery Schmid, do Fed de Kansas City, foi contrário a qualquer redução. Fica evidente que não há mais consenso dentro do comitê.
Essa divergência tende a gerar cautela, não ousadia. Se o Fed cortar novamente, corre o risco de reacender a inflação; se mantiver as taxas, pode provocar uma desaceleração mais intensa. A projeção mais provável é de pausa prolongada, sem novos cortes ao longo de 2025.
O momento também complica a condução da política monetária. A paralisação parcial do governo americano suspendeu a divulgação de dados cruciais sobre emprego, vendas no varejo e inflação, deixando o Fed com visão limitada da economia. Em contextos de incerteza informacional, bancos centrais costumam agir com mais lentidão, e o tom de Powell refletiu exatamente isso.
O fim do aperto quantitativo reforça essa postura defensiva. Desde 2022, o programa já retirou mais de US$ 2 trilhões do balanço do Fed. Encerrá-lo agora parece uma medida para estabilizar a liquidez, e não um estímulo ao crescimento. As pressões no mercado de financiamento estavam aumentando, e o banco central agiu para conter o risco de estresse.
Essa mudança deve repercutir nos mercados globais. A liquidez do dólar é um dos pilares da estrutura financeira internacional, e quando o Fed interrompe a redução de seu balanço, outros bancos centrais prestam atenção. Mesmo que não sigam a mesma trajetória, é provável que adotem um tom mais brando, alinhado ao do Fed.
No cenário doméstico, o quadro econômico segue frágil. A inflação, ainda próxima de 3%, permanece acima da meta de conforto. O mercado de trabalho dá sinais de arrefecimento, com tendência de queda na criação de vagas.
Esses fatores não indicam colapso, mas sugerem uma desaceleração gradual que pode evoluir para estagflação se o enfraquecimento persistir.
O risco agora é que os formuladores de política passem a depender do otimismo, e não dos dados: confiar que a inflação cairá sozinha, que o emprego se recuperará naturalmente, ou que a liquidez será suficiente para estabilizar os mercados. Esperança não é estratégia econômica.
Os próximos meses deverão testar a credibilidade de Powell como poucas vezes desde o início do ciclo de aperto pós-pandemia. A inflação tende a permanecer resiliente, o emprego pode continuar enfraquecendo e a volatilidade dos mercados pode aumentar diante dos sinais mistos de um Fed dividido.
Para os investidores, este é um momento de posicionamento, não de previsão. O fim do aperto quantitativo não implica uma expansão significativa da liquidez. O crescimento está perdendo fôlego e a coordenação entre políticas econômicas diminui. O Fed tem pouco espaço para agir de forma decisiva.
Minha perspectiva para o restante de 2025 é direta: sem novos cortes de juros, inflação persistentemente elevada e mercado de trabalho em desaceleração. Esse conjunto de condições pode levar os Estados Unidos a uma forma moderada de estagflação.
A prudência de Powell é compreensível. O Fed enfrenta pressões conflitantes e informações limitadas, tentando equilibrar credibilidade, estabilidade e crescimento em um ambiente cada vez mais incerto.
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