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Precedente de CPFs na Bolsa

Publicado 27.02.2020, 08:24
Atualizado 09.07.2023, 07:31

O fator da massa crítica e dos movimentos inerciais é muito pertinente no mercado financeiro. Quanto mais tempo dura uma tendência, mais gente embarca nela. Quanto mais as pessoas surfam numa alta, maior será o sentimento de segurança e autoestima. Essas pessoas conversam, interagem e influenciam outras.

Tenho visto o entusiasmo de muitos com o afluxo de pessoas físicas na Bolsa. É que o número de CPFs no mercado de ações brasileiro registrou um avanço notável em 2019. Sem dúvida, para quem trabalha na intermediação de negócios ou na prestação de serviços nessa área (como agentes de investimento, corretoras, gestores, jornalistas, analistas e consultores do mercado financeiro), o dado é fantástico! Mas isso não significa lhufas para mim! Não vou lucrar com qualquer dessas atividades, a menos que seja como acionista da B3. Eu invisto por conta e risco próprio. O que é bom para os profissionais desse mercado, pode não ser bom para mim, como investidor. O melhor é fazer minha própria leitura dos dados. Por isso, pesquisei o histórico de CPFs registrados na B3.

No gráfico abaixo, representei a quantidade total de pessoas físicas na Bolsa:

De fato, o número de pessoas físicas registradas na Bolsa de Valores de São Paulo mais que dobrou em 2019. E isso não espanta por algumas razões óbvias.

Uma das razões é aquela que todos estão comentando à exaustão: a taxa de juros caiu muito em 2019. Tornou-se menos rentábil para os tradicionais poupadores das cadernetas de poupança e rentistas da renda fixa. Muitos deles migraram então para a renda variável. Além disso, com juros mais baixos, as empresas podem se financiar de forma mais barata. Suas despesas com pagamentos de dívidas diminuem e, teoricamente, sobraria mais dinheiro para sua produção e expansão, ou para a distribuição de eventuais dividendos aos acionistas. Os juros baixos explicam uma parte dessa convergência de otimistas quanto ao mercado de ações.

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Outra razão que não deve ser negligenciada é o fato de que esta alta iniciou-se em janeiro de 2016. Ela já durava três anos no início de 2019. De janeiro de 2016 a janeiro de 2019, o índice Ibovespa já subira 130%. É natural que muitos desses oitocentos mil estreantes na Bolsa brasileira tenham sido influenciados pela visão retrospectiva do mercado em alta por anos e os retornos financeiros obtidos por outros investidores.

Tanto os juros como o contágio comportamental foram importantes para o enorme crescimento do número de pessoas físicas negociando com ações.

A retrospectiva histórica também mostra algo que não vem sendo divulgado. Assim como o número de CPFs mais que dobrou em 2019, um precedente semelhante foi registrado na Bolsa em 2007. Ali é que está um balde de água fria. Alguns meses depois, em maio de 2008, o Ibovespa deixou um pico importante. Dali, o índice de ações perderia cerca de 60% do seu valor em menos de 5 meses. As ações voltariam ao nível de março de 2005. Um retrocesso de 3 anos e 2 meses! Como diz o ditado, as ações sobem de escada e descem de elevador! E a recuperação daquela queda de 5 meses levou mais de 9 anos para acontecer. Só em setembro de 2017 voltamos ao pico de maio de 2008. Se computarmos a inflação monetária, como mostrei em "Horizontes de Investimentos e Cascas de Bananas", a coisa fica mais chata ainda.

Esse gráfico sintetiza essa informação:

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No início de 2007, quando ocorreria aquele precedente do número de pessoas físicas dobrando na Bolsa, a festa já durava quatro anos. Era como se metade dos foliões estivessem chegando só no fim do carnaval. Quando já havia muito mais confete e serpentina do que moças bonitas no salão.

Aquele precedente de CPFs novos na Bolsa foi apenas isso: um precedente. Não serve atualmente como prognóstico de qualquer desempenho futuro, positivo ou negativo, para as ações nesse início de uma nova década.

Muita gente está citando esse afluxo de estreantes na B3 como um importante fundamento para o otimismo. Outra forma de encarar esse fato pode até parecer demasiadamente sarcástica, mas não deixa de ser verdade: Nunca houve uma quantidade tão grande de amadores inexperientes atuando no mercado de ações brasileiro! Se você for um destes estreantes, por favor, não me leve a mal. Desejo-lhe sucesso e escrevo aqui justamente para adicionar-lhe informação e reflexão.

Copyright © Sebastião Buck Tocalino
A bolsa estimula a cidadania!
Artigo original aqui.

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Últimos comentários

Todo mundo que começa é amador rsss  Para validar o conhecimento adquirido, seja lá como for, vem a parte prática e validação dos modelos. Nessa hora todo mundo fica com dor de barriga. Para chegar ao nível de experiência sugerida, se leva muito tempo, dedicação e dinheiro, realidade muito distante da maioria dos investidores que estão chegando.
Tem sim muita gente nova operando com dinheiro que não é seu, crédito de corretoras, fazendo day trade... investidor mesmo, aquele que compra ação e senta encima, por décadas, esse não sei quanto aumentou. Essa turma a hora que o ferro vier, vai ser punk. O passado já mostrou, vários casos de separação familiar, suicídio, perda total de patrimônio, por falta de inteligência emocional. Esses vendedores de cursinhos, analistas de passado de ação e os mãe Diná de ações ao longo do tempo vão sumindo, cada um com seu prejuízo próprio no final.
O sujeito pode ser levado a trilhar não o melhor caminho para ele, mas para seus "conselheiros"...Por isso entendo o que o autor disse. O sujeito tem de ser crítico e independente. Não confiar em análises alheias. Aprenda por si mesmo e faça a sua análise.
Tem de se ver o perfil médio do novo investidor, independente da idade ou profissão. Qual é o grau de educação financeira e de conhecimento que a massa têm. Se tiverem pouco conteúdo e experiência, serão "boi de piranha", isto  é, massa de manobra para bancos, corretoras, consultores, gestores de fundos, casas de análise etc...Se quem os aconselha não conseguir "fazer a cabeça" desse pessoal, no menor sinal de desespero o mercado vai despencar. Os tubarões já estarão fora.
Qual é a idade dos CPFs que estão entrando? Acima de 40-50 anos, utilizando em % do que guardou pra apostar, ou na faixa de 20-30 anos, pensando em aposentadoria e longo prazo? Analisar 1 dado não diz nada...
Qual era a taxa selic em 2008/2009 e ate 2016 ? Subiu em relacao ao periodo anterior ?
A facilidade trazida pelos aplicativos das corretoras fintecs deve ser considerada. Antes era tudo muito difícil, cheio de intermediários e taxas. Hoje tem muitos Youtubers ensinando como fazer. É um mundo de facilidades. Só não entra na bolsa quem ainda não entendeu as possibilidades de fazer uma linda carteira previdenciária.
Para complementar o texto... aqueles que compraram o TOPO, além de terem que amargurarem o prejuízo por alguns longos anos até uma tendência de alta nos mercados, terão PREJUÍZO DUPLO devido ao DÓLAR que ganhou força e assim permanecerá desvalorizando ainda mais o Real, ocasionando a PERDA DE VALOR para a inflação ao longo desta linha de tempo.
Ótima reflexão
Cada ano é diferente do outro, tem que destacar que em 2008 houve uma crise mundial e quem aproveitou para comprar no fundo se deu muito bem já em 2009, depois disso a dona presidAnta com muito esforço conseguiu impedir o crescimento da bolsa, mas depois que a baleia Dilma saiu de cima do país o ibovespa disparou, agora em 2020 uma crise pouco a pouco vai se apresentando mas muita gente já esperava essa crise e o corona v foi só uma desculpa, pois assim como os preços tendem a retornarem a média, de tempo em tempo as economias do mundo inteiro precisam fazer ajustes
Corretíssimo.
Achei o artigo um pouco petulante. Se você tá cagando pra entrada de novos investidores PF na Bolsa, lembre-se de que você também já foi inexperiente; ninguém nasce sabendo ou rico em conhecimento. Eu caguei pro seu texto.
A lambida de ontem, desproporcional, é o retrato de CPFs novatos entregando o ouro.
Pena que eu não havia desmontado algumas posições... poderia estar comprando picanhas de a preços de tripas. Mas tudo bem, depois volta no fato.
Sensato!!
Se estes novos investidores alocaram parte de seus recursos com horizonte de longo prazo não vejo grandes problemas. Porém, se fizeram "apostas" somente nesta classe de ativo realmente poderão amargar perdas consideráveis caso tenham necessidades de resgate nestes periodos conturbados. Muito bom o artigo acima.
Perfeita analise ... uma invasão de “investidores” sem a cultura do risco ... sem conhecimento de mercado... fico curioso pra saber qual o % da reservas financeiras esse CPFs então aplicando em ações ...
ótimo reportagemcomo eu gostaria de ter lido isto em 2007.pois tomei uma cacete.tinha 28 anos ...agora com 43.tenho 70 % investido em Ouro.pois aprendi na carne que como em 2008 está acontecendo igualmente.
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