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A Raízen S.A. é uma grande empresa integrada de energia brasileira, resultado da cisão/transformação das operações de commodities e distribuição do grupo Cosan em parceria com a Shell. Atua tanto na produção agrícola e industrial de açúcar, etanol e bioenergia, quanto na refinação, distribuição e varejo de combustíveis (postos e lojas de conveniência). É tipicamente classificada como empresa de energia/agronegócio com forte componente industrial e varejista.
Nos últimos anos, os resultados da Raízen foram severamente impactados por fatores como:
- Intenso programa de investimentos aliada a uma forte alta das taxas de juros o que aumentou consideravelmente a dívida da empresa (Dívida bruta saiu de R$ 37,6 bilhões em 2021 e terminou o último trimestre em R$ 76,8 bilhões).
- Estrutura corporativa complexa e ausência de sinergia entre ativos não essenciais, restringindo assim significativamente a geração de caixa.
- Últimas safras sendo impactadas pelo clima seco e queimadas principalmente na região Centro-Sul que comprometeram o desenvolvimento dos canaviais resultando assim em forte queda na qualidade da cana e na produtividade.
- Concorrência desleal no setor de combustíveis diante das irregularidades na mistura de biodiesel.
Diante desse cenário, em abril de 2025 a Raízen anunciou um plano de turnaround focado em três iniciativas: i) Simplificação da estrutura, processos e portfólio; ii) Eficiência operacional em todos os negócios e; iii) Otimização da estrutura de capital.
Na simplificação da estrutura, processos e portfólio, a empresa tem como objetivo principal focar no seu core business.
Neste sentido, no segmento de Distribuição de Combustíveis a companhia tem saído das operações de loja em proximidade, fortalecendo assim a loja de conveniência através da oferta de lojas de conveniência de Shell Select e Shell Café dentro do posto de serviço.
Já no segmento EAB (Etanol, Açúcar e Bioenergia) houve redução no número de usinas, de 30 usinas de cana-de-açúcar para 24 plantas nos últimos 12 meses.
Além disso, todos os ativos da área de geração de energia continuam sendo desinvestidos.
Com tais medidas, a Raízen já levantou R$ 5,0 bilhões em recursos sendo R$ 1,0 bilhão já recebido que serão destinados ao processo de desalavancagem da empresa.
Em relação a eficiência operacional, o objetivo é a gestão de custos e de despesas principalmente nos segmentos mais voláteis e de commodities da companhia.
Com isso no último resultado divulgado pela companhia 2T25’26 a Raízen conseguiu uma redução bastante significativa nas despesas Gerais e Administrativas atingindo assim uma queda de -26,0% quando comparado com o trimestre anterior e de -23,0% no acumulado da atual safra em relação a mesma safra anterior 24’25.
No que tange a otimização da estrutura de capital a empresa segue trabalhando para substituir as linhas de crédito de curto prazo, mais caras, por linhas de crédito de mais longo prazo o que já levou o prazo médio da dívida encerrar o último trimestre em 7,7 anos ante 6,3 anos no mesmo período do ano passado.
Em paralelo, a companhia vem tomando medidas para reduzir seu CAPEX, já tendo conseguido uma redução de -26,4% no acumulado da safra atual quando comparado com a safra anterior.
Contudo, apesar dos esforços da Raízen de melhorar a lucratividade e redução no nível de endividamento, o cenário segue bastante desafiador para a companhia, pois seu nível de alavancagem ainda é bastante alto, ou seja, a relação dívida líquida/ebitda foi de 5,1x no último trimestre divulgado (2T25’26) ante 2,6x em igual período da safra anterior o que dificilmente fará com que a empresa consiga atingir uma desalavancagem orgânica significativa no curto prazo.
A própria companhia afirmou em sua última teleconferência que o processo de transformação pode levar de 2 a 3 anos não descartando assim uma possível capitalização como forma de acelerar a otimização da estrutura de capital.
Dessa forma, há a possibilidade da empresa levantar recursos através de uma nova oferta de ações diluindo assim o acionista minoritário caso seja adotado essa opção
Outro ponto importante a ser destacado é o combate ao mercado ilegal de combustíveis feito pelos órgãos reguladores que devem levar ao aumento do market-share da Raízen colaborando assim para essa mesma alcançar um dos seus objetivos que é a melhora na rentabilidade.
Em nossa visão, caso a companhia consiga executar com sucesso sua estratégia de redução de alavancagem, aumento da eficiência operacional e reposicionamento estratégico do portfólio as ações da empresa (RAIZ4) tem potencial de apresentar boa recuperação ao longo do tempo após acumular uma queda de aproximadamente -70,0% nos últimos 12 meses, porém os desafios são grandes o que nos faz recomendar MANUTENÇÃO para suas ações por ora.
