Em uma atribulada primeira semana de agosto, com direito a riscos geopolíticos elevados por conta da visita da presidenteda Câmara dos Deputados dos EUA, a democrata Nancy Pelosi, a Taiwan, o foco na economia doméstica permaneceu em torno da condução da política monetária. O Copom elevou a taxa Selic em 50 pontos base, para 13,75%. No entanto, a leitura do comunicado reforça nossa convicção de que novos movimentos de alta são pouco prováveis com os dados atuais.
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Na descrição do cenário externo, vemos algumas novidades com ênfase na normalização da política monetária acelerada e seu impacto sobre o cenário prospectivo. Em termos de atividade local, o comunicado reforça novamente a perspectiva positiva e ressalta os dados de mercado de trabalho mais fortes do que esperado.
Uma das principais novidades fica por conta das projeções de inflação do Banco Central. Nelas, o Copom utiliza as projeções de juros do Boletim Focus e a média do câmbio no período anterior à reunião para mostrar aos agentes econômicos como ele enxerga o movimento da inflação no horizonte relevante.
Esse exercício trouxe uma dificuldade adicional para a projeção de 2023, pois a volta do PIS/Cofins sobre os combustíveis colocará pressão altista na inflação de ano. Assim, o Banco Central optou por explicitar a projeção do primeiro trimestre de 2024 e, assim, demonstrar como, em sua visão, a inflação desacelera fortemente em 2024.
Por isso, destaca-se a indicação do comitê para a próxima reunião. Primeiramente, a adição da percepção sobre “cautela adicional” nos próximos movimentos sugere menor intenção do Banco Central em seguir elevando a taxa de juros. Ademais, o Copom deixa claro que um eventual movimento adicional será de menor magnitude.
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Dadas as mudanças no comunicado, reforçamos nossa perspectiva de que o ciclo de alta da taxa Selic tenha se encerrado. Isso está em linha com nossa suposição de que o juro ficará estável em 13,75% daqui em diante. No entanto, nossas projeções internas sugerem que essa taxa ainda é insuficiente para conduzir a inflação em direção à meta no horizonte relevante.