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Uber está no caminho certo, porém com o valuation errado

Publicado 10.11.2022, 14:07
Atualizado 09.07.2023, 07:31
UBER
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LYFT
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U1BE34
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  • Resultados da Uber no 3º tri mostraram um progresso contínuo em direção à rentabilidade.
  • O modelo econômico da plataforma sugere que há mais espaço para um bom crescimento do lucro.
  • Os investidores estão pagando caro – muito caro – por uma empresa que ainda tem muito trabalho a fazer.
  • A Uber (BVMF:U1BE34)(NYSE:UBER) finalmente parece estar indo na direção certa. Há anos o pessimismo vinha rondando a empresa. Seu controverso fundador, Travis Kalanick, deixou a companhia em 2017, em meio a uma grande investigação interna. A empresa passou os anos seguintes se preparando para uma oferta inicial de ações, que acabou fracassando. Seus papéis caíram na estreia e fecharam o ano de 2019 com uma desvalorização de 34% em relação ao preço de IPO.

    Em seguida, veio a pandemia do novo coronavírus, o que acabou afetando a demanda por corridas. A Uber queimou US$ 8 bilhões em caixa ao longo de 2020 e 2021. Um breve repique acima do preço de IPO acabou se revertendo em meio à queda do mercado, a qual acabou afetando praticamente todas as ações de crescimento.

    Uber semanal

    Fonte: Investing.com

    Depois dessa fase difícil, no entanto, a Uber finalmente parece estar no caminho certo. De fato, é difícil não ficar pelo menos um pouco impressionado com seus resultados no 3º tri, divulgados na semana passada. Uma empresa que, mesmo com tantos percalços, sempre demonstrou ter um enorme potencial finalmente parece estar fazendo jus às suas promessas de crescimento.

    O Ebitda ajustado continuou caminhando para o lado positivo. A unidade de delivery está indo muito bem. E tudo indica que a Uber está aumentando sua participação no mercado de corridas.

    As notícias são realmente boas. A preocupação, entretanto, tem a ver com a precificação desse bom momento.

    Resultados começam a aparecer

    No momento do seu IPO, em 2019, a Uber atingiu um valor de mercado de US$ 82,4 bilhões. Foi um número incrível para uma empresa que não estava nem perto da rentabilidade, mesmo em bases extremamente ajustadas.

    Três anos depois, no entanto, a Uber conseguiu se tornar lucrativa, dependendo da definição do investidor. O Ebitda ajustado no 3º tri foi de US$ 516 milhões, uma boa alta em relação aos US$ 8 milhões no mesmo período do ano passado. A Uber projeta US$ 600 a 630 milhões no quarto trimestre, na faixa de sete vezes o resultado do ano anterior.

    Céticos corretamente apontam que o Ebitda ajustado favorece demais a companhia, na medida em que exclui a remuneração baseada em ações, que totalizou US$ 432 milhões. O fluxo de caixa livre da Uber para o trimestre foi de US$ 358 milhões. Todo esse fluxo de caixa veio da emissão de ações aos colaboradores.

    Dito isso, foi um grande progresso. No quarto trimestre de 2019, o Ebitda ajustado da Uber foi um prejuízo de US$ 615 milhões. A projeção, portanto, implica uma oscilação de quase US$ 1,2 bilhão em apenas três anos.

    Mas não se resume apenas às corridas. A unidade de delivery reverteu seu enorme prejuízo inicial para um lucro (novamente, em bases ajustadas). Os negócios de frete aumentaram a receita em mais de 300% no 3º tri.

    Razões para o otimismo

    O mais intrigante em relação à UBER neste ponto é que essa tendência destaca a dinâmica econômica positiva da plataforma. Cada corrida, entrega ou frete da Uber deve gerar, em teoria, um lucro excepcional para a empresa. Depois de instalado o sistema de corridas, por exemplo, o custo marginal de uma corrida a mais é irrisório. Os motoristas precisam ser pagos, evidentemente, e há outros custos envolvidos, mas as margens de lucro da Uber, em tese, devem se expandir em ritmo acelerado, à medida que a receita cresce.

    Em grande parte, é justamente isso o que estamos vendo. Os negócios de delivery deixaram de ter um prejuízo de 50 centavos para cada dólar de receita, no 3º tri de 2019, para lucrar mais de seis centavos três anos depois.

    Essa tendência deve continuar no delivery. As margens das corridas podem se expandir, sobretudo se a Uber roubar mais mercado da sua rival Lyft (NASDAQ:LYFT). Graças aos bilhões de dólares em receita anual, além de um crescimento contínuo de mais de 20%, o Ebitda da Uber com o tempo deve deixar de cobrir a remuneração baseada em ações para gerar real valor para os acionistas.

    Vale a pena ter paciência?

    O problema com as ações da UBER é que esse valor não está exatamente oculto. O mercado está precificando um crescimento bastante significativo do lucro.

    Continua sendo uma empresa com uma capitalização de US$ 49 bilhões. A projeção do 4º tri sugere que o fluxo de caixa livre pode ficar levemente positivo, levando em conta a remuneração baseada em ações.

    Vale a pena notar também que o ambiente macroeconômico está ajudando de certa forma. Apesar da inflação, os consumidores estão gastando. De fato, o CEO da Uber, Dara Khosrowshahi, declarou na teleconferência do 3º tri: "francamente, não estamos vendo qualquer sinal de fraqueza no consumo".

    Isso pode mudar. Como ressaltou o CEO da concorrente Lyft, US$ 30 para entregar uma salada não durará para sempre em um ambiente inflacionário. Da mesma forma, a demanda por viagens está perto do pico.

    Os investidores não conseguem ver valor aqui. É possível modelar um crescimento plurianual de fluxo de caixa livre na faixa de vários bilhões de dólares, mais do que o suficiente para sugerir um sólido potencial de alta em relação ao preço atual.

    Porém, a exposição macroeconômica da Uber significa que o crescimento não necessariamente ocorrerá em linha reta. E não é garantido que será rápido o bastante para tornar a ação uma pechincha a US$ 27. A Uber fez um excelente trabalho até agora no ano, mas os investidores ainda podem manter a paciência.

    Aviso: No momento em que escrevia este artigo, Vince Martin não tinha posições em quaisquer dos ativos mencionados.

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