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Você Tem Conhecimento Suficiente Para Investir? Tem Certeza?

Publicado 17.06.2021, 08:42
Atualizado 09.07.2023, 07:32

“A inteligência consiste não apenas no conhecimento, mas também na capacidade de aplicar o conhecimento na prática.” (Aristóteles).

A insuficiência de conhecimento adequado impede que o investidor atue de forma “racional”, ou seja, consistente com os seus objetivos, perfil e necessidades. Por esta razão é que “conhecimento”, juntamente com “autoconhecimento”, “processo decisório” e “implementação”, é um dos quatro componentes primordiais da abordagem decisória que eu tenho recomendado em meus artigos no Investing.com.

No meu artigo aqui publicado em 11/12/2020 eu tratei dos aspectos gerais do componente “conhecimento”. O artigo de hoje é o quarto e último seguido sobre este componente. Mas, diferentemente dos três anteriores, nos quais eu detalhei cada um dos seus aspectos relevantes, aqui neste artigo eu o explorarei na prática exemplificando com o “caso” de um investidor hipotético.

PEDRO: INVESTIDOR PREPARADO?

Pedro é um Engenheiro Civil de 32 anos, casado há cinco anos e com duas filhas pequenas. A sua esposa é empreendedora e a sua renda é extremamente variável, não raramente tendo que fazer aportes financeiros no seu negócio para manter o capital de giro, o que tem ocorrido com muito mais frequência desde o início da pandemia em 2020.

Tanto os pais quanto os sogros do Pedro não possuem condições de proverem qualquer ajuda financeira significativa, mas em compensação também não necessitam de ajuda por conseguirem viver com as suas modestas aposentadorias complementadas pelos aluguéis que cada casal recebe de imóveis além daquele no qual cada um reside. Isto é um alívio tanto para Pedro quanto para a sua esposa, pois ambos são filhos únicos e, portanto, teriam grande dificuldade para arcarem com o ônus de apoiar financeiramente os seus pais.

A empresa multinacional na qual Pedro trabalha como Engenheiro Sênior atua em um segmento econômico com perspectivas promissoras a longo prazo, porém historicamente muito vulnerável a crises econômicas no Brasil: a construção civil. Ele ingressou na empresa como estagiário durante o seu último ano de faculdade e ao longo de nove anos progrediu de forma relativamente lenta, porém consistente, mesmo durante as crises que se abateram sobre o país durante este período e que forçaram a empresa a demitir muitos colaboradores em alguns momentos mais críticos.

A sensação de relativa segurança na carreira decorrente do seu histórico profissional – sem jamais ter ficado desempregado ou ter trabalhado em outra empresa mais instável, cabe destacar –, conjugada com a sua formação em Engenharia com sólida base matemática, com a sua razoável experiência em investimentos financeiros e com alguns traços da sua personalidade levaram Pedro a apresentar um perfil de comportamento que os questionários de “suitability” (APIs, Análises de Perfil de Investidores) dos bancos e corretoras invariavelmente classificam como “moderado”.

Coerente com esta classificação, Pedro possui um histórico relativamente diversificado como investidor: fundos de investimento (sobretudo de renda fixa, mas também multimercados e até mesmo cambiais), CDBs, títulos públicos e outros. Sempre com uma concentração das suas reservas financeiras – que jamais foram substanciais, perfazendo atualmente um montante equivalente a pouco menos de um ano das suas despesas familiares – em renda fixa.

Apesar da sua reduzida experiência em renda variável, Pedro está cada vez mais inclinado a realocar parte substancial dos seus investimentos para ações de algumas empresas. A taxa SELIC em patamar ainda baixo para os padrões históricos do país, a influência de alguns amigos que passaram a investir recentemente na B3 (SA:B3SA3) e o assédio crescente da corretora que o atende há alguns anos reforçaram a sua insatisfação com os rendimentos que ele tem obtido há algum tempo com a sua carteira de investimentos.

O conhecimento de Finanças do Pedro é limitado, restrito basicamente a duas disciplinas introdutórias e eletivas (Macroeconomia e Matemática Financeira) que ele cursou há quase 10 anos durante a sua graduação e outras duas (Gerência Financeira e Gestão de Custos) do MBA que ele concluiu no ano retrasado, a leituras sobre Economia e Finanças na imprensa não especializada e nas redes sociais e a alguns vídeos e palestras sobre Mercado Financeiro que ele tem assistido com mais frequência desde que surgiu a sua insatisfação com a rentabilidade dos seus investimentos. Além de conversas eventuais com os amigos supracitados, os quais possuem níveis muito variáveis de conhecimento, mas apenas um deles com alguma formação em Finanças e nenhum com atuação profissional na área.

Não obstante, Pedro se considera apto a ousar mais em seus investimentos e planeja agendar muito em breve uma conversa com a sua corretora para escolher as ações nas quais pretende investir cerca de 40% das suas atuais reservas financeiras.

PEDRO: O QUE VOCÊ PRECISA SABER

Qualquer análise deve ter como ponto de partida os objetivos, perfil e necessidades do investidor. Como todo “caso” e, na maioria das vezes, também na vida real, há aqui uma certa escassez de informações relevantes.

É razoável supor que o objetivo maior do Pedro é – ou deveria ser – dispor de uma reserva financeira de segurança cada vez mais robusta para possíveis situações futuras de necessidade (desemprego, dificuldades no negócio da esposa etc.). O seu perfil é, aparentemente, de alguém com um certo nível de inteligência e de racionalidade e que está disposto a assumir mais riscos em prol de uma rentabilidade acima da mera preservação do capital.

Quanto às suas necessidades, Pedro possui uma situação profissional e pessoal que exige cautela em seus investimentos. A sua prioridade deveria ser a busca por segurança, já que ele e sua esposa possuem carreiras sujeitas a riscos consideráveis (a sua esposa, principalmente), as suas reservas financeiras não são expressivas e não há como eles contarem com o apoio financeiro de familiares próximos.

O atual nível de conhecimento de Finanças do Pedro não é adequado para quem deseja investir em um ativo complexo como ações, sobretudo uma parcela tão expressiva (cerca de 40%) das suas atuais reservas financeiras. Ele não possui conhecimentos consistentes e suficientes em Renda Variável, Mercado Financeiro, Gestão de Riscos e Finanças Comportamentais. O fato de o Pedro buscar o assessoramento de uma corretora torna imperativo que ele desenvolva um nível de conhecimento pessoal mínimo em Finanças que seja suficiente para analisar de forma crítica as informações e orientações obtidas, tanto dessa corretora quanto de outras fontes nas quais também há inerentes (ainda que nem sempre evidentes) conflitos de interesse.

Por fim, cabe destacar que o Pedro e qualquer outro investidor deve estar atento e buscar minimizar os riscos representados pelos seguintes aspectos que eu abordei nos meus três últimos artigos, todos eles relacionados ao componente primordial “conhecimento”: os vieses da confiança excessiva e da “superioridade ilusória”; o conhecimento limitado e o conhecimento equivocado; e as heurísticas da representatividade e da disponibilidade.



* Ronaldo Deccax é Professor, Consultor e Pesquisador em Julgamento & Tomada de Decisão, Economia/Finanças Comportamentais, Negociação e Compras/Suprimentos e Doutor em Administração com ênfase em Economia/Finanças Comportamentais e Mestre em Administração com ênfase em Estratégia no COPPEAD/UFRJ. Ele pode ser contactado através do e-mail deccax@gmail.com e no LinkedIn em linkedin.com/in/ronaldo-deccax-phd-169217.

Últimos comentários

Marcante o artigo do dia 11/12/2020. Ano histórico...
Hermes, muito obrigado.
tem que estar preparado tamvem para saber perder porque nem sempre lendo e tendo os melhores acessoramentos voce pode achar que entrou em uma ação de uma empresa na hora certa e quando vê o mercado vai contra e ela despenca, o mercado tem feito muito isso.
sei que para ter um artigo aqui precisa fazer textos longos ,.mas para quem quer investir em renda variável só basta .... ter dinheiro que não vai precisar usar a longo prazo + gostar de ler para estudar a empresa que quer ser sócio + seguir books para ver a hora certa de ser sócio da empresa para começar bem + ler muitas notícias de jornais para investidores que dão um raio x do que está acontecendo na real e não o que a Globo e suas afiliadas publicam.O mais importante nisso tudo é realmente gostar da empresa que quer ser sócio como se fosse ser sócio majoritário simples assim .ou deixar na mão de algum fundo de renda variável se não gostar de seguir os passos acima ,.pois os analistas vão estudar para vcs
Verdade... Tem que sentir na pele o que é investir em ações... Não arriscar o que não pode, mas aprender na prática e sempre buscando mais conhecimento. tenho um amigo que já está a um bom tempo estudando o mercado e ainda não teve coragem de investir um centavo se quer...
eu não tenho é dinheiro "ainda"
O mais importante você já tem... Que é a consciência que investir é importante. O dinheiro, já já terá pra fazer seus aportes.
O Mercado Financeiro é uma gangorra com muita volatilidade.Bom ter conhecimento básico. E estar atualizado com as nuances de Mercado.
Exatamente, João. Conforme eu já comentei em outro artigo meu aqui no Investing: ter conhecimento é condição necessária, ainda que não suficiente, para investir de forma racional.
Parabens pelo artigo. Da muito mais incentivo para busca de conhecimento. Mercado financeiro é uma forma boa de ganhar dinheiro. Mais antes de tudo, precisa de conhecimento. Eu aconcelho a sempre seguir pessoas com a inteligencia e a vontade de ensinar e se doar como o Ronaldo. Parabens!!!
Denner, muito obrigado pelas suas gentis palavras. Eu realmente tenho uma enorme satisfação em poder contribuir de alguma forma, pois é triste demais testemunhar tantas pessoas perdendo parte das suas economias (às vezes, de uma vida inteira) ao investirem de forma inadequada.
Bons conselhos
Antonio, muito obrigado.
Bom dia e bom domingo ronaldo andrade  este artigo e a minha cara fiz varios investimento sem antes me auto corrigi entrei com tudo e só me dei mal. uma foi na petro perdi 20% das minhas finanças sem me proteger com stop por não ter conhecimento de como fazer e que poderia ter esta opção FALTA DE CONHECIMENTO E ESTUDO
Ronie, muito obrigado pelo seu valioso feedback e pelo seu depoimento pessoal. Cometer erros faz parte da vida, mas temos a obrigação moral conosco e com as pessoas que dependem financeiramente de nós de aprender com os nossos próprios erros, com os erros dos outros e com a imensa quantidade de conhecimento de qualidade que está acessível a qualquer um que tenha iniciativa e dedicação o suficiente.
Parece que este artigo foi escrito pra mim. só faltou mencionar a parte dos prejuízos pela imperícia e desconhecimento do mercado. a hora de respirar e estudar é agora.
Alejandro, muito obrigado pelo seu comentário. O conhecimento é uma das mais poderosas ferramentas para alcançarmos os nossos objetivos financeiros em particular e pessoais e profissionais em geral.
Artigo muito interessante, aplicável a realidade de muitos.. Parabéns
Claudio, muito obrigado pelo seu valioso feedback. Todos nós, em graus variáveis, temos muito o que aprender. Sempre. E em absolutamente todas as áreas da nossa vida.
Excelente artigo, 👏🏻👏🏻
Diego, muito obrigado.
Pretty fucking sure! Bagarai.
Tiago, faço minhas as suas palavras.  rsrs
excelente artigo,, faz nos pensar, ter cautela e buscar incessantemente conhecimentos 👏🏻👍🏻🙏🍀
Sirley, muito obrigado pelo seu valioso feedback! É muito gratificante para mim saber que estou conseguindo contribuir para a educação financeira de muitos investidores.
O maior risco que Pedro pode sofrer é de ir na onda dos "especialistas" . Meus piores investimentos foram vindas de assessores.
, por isto é que eu frequentemente destaco nos meus artigos aqui no Investing.com o enorme risco dos conflitos de interesse. Muito obrigado pelo seu comentário.
Acho mais complexo. Veja, a popularidade de influencers no setor se dá pela lacuna da educação comum que não trata nada do assunto, nada, zero. Adolescentes saem do ensino médio sem saber juros compostos ou como empresas ganham dinheiro. Um outro ponto e o motivo de mesmo os influencers preencherem essa lacuna. Tando os investidores quanto os consultores estao com qualidades ds aspecto conhecimento, ruins.
, exatamente. O nível médio de educação financeira ainda é sofrível no Brasil, em todos os níveis educacionais e classes sociais. Por isto é que eu reitero frequentemente nos meus artigos a extrema importância do conhecimento em Finanças em particular e em outras áreas em geral. Sem isto, os riscos ao investir são alavancados ao extremo.
Mais um Excelente!! Artigo, com informações relevantes sobre economia comportamental e gestao de riscos em finanças. Nos orienta a sermos sempre cautelosos, com investimentos de risco.
Aguinaldo, exatamente: conhecimento, cautela, gestão de riscos, Economia Comportamental e outros pilares constituem requisitos essenciais para os investidores evitarem catástrofes financeiras pessoais. Muito obrigado pelo seu valioso feedback!
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