Os contratos futuros do café arábica registraram bons ganhos no acumulado da semana até ontem, mesmo diante da volatilidade que os mercados globais vêm apresentando e da possibilidade de oferta satisfatória no Brasil.
No maior produtor mundial, o clima tem favorecido as lavouras, mas é necessária a interrupção das chuvas entre maio e junho para não atrapalhar a colheita e prejudicar a qualidade dos frutos. O outono começou hoje no Hemisfério Sul, estação do ano que tende a gerar mais volatilidade em função do risco de geada no país.
Os ganhos foram puxados, no acumulado semanal, pela sensação de aperto na oferta de curto prazo, com as exportações brasileiras abaixo de 3 milhões de sacas, devido ao período de entressafra, e com os estoques de café verde dos Estados Unidos caindo gradativamente.
Também há otimismo quanto ao consumo mundial, com diversos players manifestando que deverá permanecer em constante crescimento, apesar dos impactos que a pandemia de coronavírus causará na economia mundial.
Na Bolsa de Nova York, o vencimento maio/2020 do contrato "C" encerrou a quinta-feira a US$ 1,1270 por libra-peso, acumulando ganhos de 595 pontos na comparação com a sexta-feira da semana passada. Já na ICE Europe, o vencimento maio/2020 do café robusta recuou US$ 25, fechando a sessão de ontem a US$ 1.216 por tonelada.
O dólar comercial seguiu sua trajetória de forte valorização na comparação como real ao longo da semana, puxado pela aversão ao risco em meio ao pânico causado pela pandemia de coronavírus. A divisa norte-americana avançou 6% frente à sexta-feira anterior e encerrou a quinta-feira a R$ 5,104.
Os ganhos não foram maiores por causa de intervenção do Banco Central do Brasil, ontem, e também pelo anúncio de linha de swap de até US$ 60 bilhões do Federal Reserve (BC dos EUA) para nove países, incluindo o Brasil.
No mercado físico, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) informa que, apesar de alguns negócios terem sido fechados nos picos de preço, a liquidez ainda é baixa devido às incertezas do mercado e à fraca disponibilidade atual de café.
Os indicadores calculados pela instituição para as variedades arábica e conilon se situaram em R$ 569,41/saca e R$ 325,69/saca, com valorizações, respectivamente, de 5,4% e 2,5%.