Vamos lá. Ttalvez seja enfadonho para alguns, mas resolvi passar meus thoughts sobre alguns balanços que saíram e que eu olhei.
VALE
Achei resultado bom. Ficou levemente aquém do esperado pelo mercado, mas nada relevante e com um destaque merecido para margem eu foi forte e melhor que o esperado. Lucro elevado e free cash flow robusto completam o resultado.
De negativo fica a perspectiva para o 2T17 com a produção de níquel e cobre sendo impactadas pela transição para operação com um único forno em Sudbury e pela parada de manutenção programada de 3 semanas das plantas de superfície, que ocorre a cada 18 meses. Isso deve levar a uma menor diluição de custos e consequentemente menor margem pontualmente no 2T.
Outlook de preços de minério dado no conference me pareceu bom falando inclusive em preços acima de US$ 70/ton. Gostei muito desse gráfico que nos dá uma noção do preço realizado de minério:
Anualizando os US$2,5bi de lucro no trimestre, chega-se a um LL anual de US$ 10 BI, ou R$ 32BI com a empresa negociando a 4,5x Lucro (Market cap de R$140BI). Ok, não vai ser tão moleza assim até porque o preço do minério caiu, mas eles reforçaram um outlook ok pra preços. Logo supondo 8bi (estimativa BTG por ex.) 5,6x lucro, me parece barata.
EV é de R$ 211BI. Entregou US$4,3BI de Ebitda (ou R$13,3BI). Considerando que preço de minério caiu 20% e que ela entregue R$10 bi por trimestre. Chego a 4,9x EV/Ebitda. Ainda assim me parece barata. Detalhe que 3 bi de Ebitda seria queda de 30%.
Sem sacanagem sei que o risco de China e do minério é gigante, mas a meu ver minério tem que despencar para Vale (SA:VALE5) não ter uns 20% de upside no mínimo.
(SA:PARD3)
Resultado bom com a empresa mostrando bom crescimento, ainda que nada extraordinário ou muito diferente do esperado pelo mercado.
Crescimento de 27% da receita advém muito da aquisição do Guanabara; excluindo-o o crescimento seria de 12,7% o que não é nenhum primor (+19% no lab-to-lab e 0% no PSC), mas é bom considerando que na parte do PSC a redução da empregabilidade e acesso a planos de saúde pesa como um fator negativo atualmente. O segmento lab-to-lab segue sendo o mais relevante em termos de crescimento, com destaque para os volumes fortes em linha com o que esperava. No PSC achei bom o SSS de +7,5% e de fato a aquisição trouxe um crescimento bem forte o que deve repercutir bem nos próximos trimestres.
Ebitda cresceu mas com margem menor. Guanabara ajudou, mas o maior volume de exames de menor valor no lab-to-lab prejudicou. Ainda assim +25% de crescimento anual não é nada mal. Última linha teve um financeiro que ajudou e o lucro cresceu 50%.
ROIC ex ágio de 31% em linha com o que foi 2016 mostra que a empresa segue sendo um “reloginho”.
GGBR
Resultado de Gerdau (SA:GGBR4) bom no operacional com salto de margem na operação Brasil graças a sua divisão de planos e por preços melhores (margem Ebitda saltando de 9,2% no 1T16 para 14% neste trimestre); alguma melhora também observada na América do Norte com volumes mais fortes.
Negativo foi o incremento de capital de giro que consumiu R$ 457MM da geração de caixa da companhia basicamente pela opção da empresa em se reestocar. Portanto a melhora de margem observada também decorre em parte desse aumento de produção ante o 4T16.
Na última linha impactou bastante o os eventos extraordinários e que podem ter reversão num futuro. Ainda assim, o prejuízo foi menor que o esperado mesmo retirando esses eventos.
EV = 30,688 / com um Ebitda em 2017 de 5BI ela estaria negociando a 6,1x o múltiplo EV/Ebitda, nenhuma pechincha mas com algum upside até os R$ 12,00.
ITAU (SA:ITUB4)
Números fortes com crescimento de lucro de 6,2% QoQ e 19,6% YoY que fizeram com que o ROE do banco não só se mantivesse acima de 20% como alcançasse 22%. ROE mais alto tem um impacto direto na percepção de múltiplo ao que o banco pode assumir (P/VPA). Uma conta de “padeiro” chego num P/VPA justo de 2,5x e um upside de 14% para o papel. Questão é se vai manter esses 22% de ROE, mas considerando que a economia possa melhorar, isso é possível. Mas historicamente fica difícil ver muito upside acima desse múltiplo chegando a 2,5x.
LL 1T17E = 6.014 BI à reportado veio +2,7% acima
CIEL
Primeiramente vale o disclosure: um resultado fraco para Cielo (SA:CIEL3) não necessariamente representa o fato da empresa deixar de ser lucrativa ou coisa do gênero.
Resultado fraco. Por quê?
Top line decepcionou frente ao fraco 1T16. Receita caiu mais de 8%, mesmo com aumento de 3,7% no volume de transações financeiras (puxado por transações com cartões de débito).
A justificativa para queda de receita também não poderia ser pior: preços menores por culpa de uma maior concorrência, que é justamente o ponto central na análise de Cielo atualmente.
Empresa conseguiu reduzir custos, mas em menor medida 6,5% proporcionalmente a queda de receita (custos representam 48% da receita). Empresa fez um bom trabalho com as despesas, reduzindo-as em 17%. Ainda assim o
Ebitda teve uma queda de 6,1%.
Na última linha, o maior saldo aplicado junto com o menor endividamento ajudou o resultado financeiro que foi substancialmente maior (+18%). Com isso, o LL se manteve estável.
CGRA
SSS de 9,9% atribuída a estratégia comercial agressiva e treinamento; 66% das vendas a prazo sendo grande parte sem juros; Por Menos responde por 52% das lojas; Aumento de tícket médio em linha com inflação: 5,4%;
Margem bruta reduziu 0,6p.p. Despesas com vendas (+1,3%), gerais e administrativas (+1,8%) abaixo da inflação e colaborando ao ganho de margem operacional e compensando decréscimo de margem bruta.
Ebitda de 6,875MM uma margem de 8,5%.
Queda na inadimplência de 3,6% para 3,1%. LL de 8 MM um crescimento de 19,8% ante o 1T16; melhora de 1,1 p.p. de margem. Crescimento de 16% no caixa da cia, atingindo 143,8 MM (35% do valor de mercado da empresa).
Mais um bom resultado. Empresa gerou caixa, lucrou bastante, até pelo forte caixa que gera um resultado financeiro bom. Negativo apenas a queda de margem bruta.
Empresa investiu, provavelmente para se aproveitar do 2T que sazonalmente é forte com o inverno no sul.
Negociando a 0,89x Book, 14% de ROE e 6,4x Lucro é pechincha no varejo. Mas liquidez é sem dúvida, um problema.