Rio de Janeiro – RJ, 11 de janeiro de 2019.
Discurso de abertura do Presidente do Banco Central do Brasil, Ilan Goldfajn, no lançamento da Coleção Digital História Contada do Banco Central do Brasil
Boa tarde a todos, sejam muito bem-vindos.
Gostaria de agradecer, neste lançamento da Coleção História Contada do Banco Central do Brasil, às autoridades aqui presentes e em especial pela disposição de todos os ex-presidentes do Banco Central que apoiaram este projeto e nos contarão na tarde de hoje um pouco de suas visões.
Queria começar agradecendo aos ex- presidentes do BC, que juntos com os ex-diretores e todos os servidores do BC, fizeram um excelente trabalho na construção dessa instituição ao longo das décadas de sua existência. Hoje o BCB é respeitado e reconhecido no país e no exterior. Suas políticas têm credibilidade. O SFN hoje é sofisticado, saudável e eficiente. O trabalho de controle da inflação também foi um esforço de décadas, que por fim foi bem sucedido, passando pela luta contra a hiperinflação, pelo importante Plano Real e desembocando no Regime de Metas, que já tem servido ao Brasil por quase 20 anos. A inflação no ano passado foi de 3,75%, número que acaba de ser divulgado pelo IBGE. A inflação corrente e, mais importante, as expectativas de inflação para os próximos anos encontram-se em torno da meta. Num regime de metas para a inflação a confiança de que a política monetária será ajustada quando houver desvios relevantes leva à ancoragem das expectativas de inflação em torno da meta, como é o caso hoje. Isso é sinal de credibilidade da política monetária e fruto do resultado do trabalho de todos vocês ao longo de décadas. Mas manter o controle da inflação é um trabalho continuo. Sabemos que a continuidade do processo de reformas e ajustes necessários à economia brasileira é essencial para a manutenção da inflação baixa no médio e longo prazos, para a queda da taxa de juros estrutural e para a recuperação sustentável da economia. É a manutenção de um ambiente macroeconômico estável e previsível, no médio e longo prazos, que poderá trazer grandes benefícios para a população.
Senhoras e Senhores, o dia de hoje é muito significativo para o Banco Central do Brasil. Por diversos motivos. Primeiramente porque nos permite conhecer a história da instituição por meio do privilegiado ponto de observação de personalidades com destacado papel na condução da política econômica do País e que participaram ativamente do processo de institucionalização da autoridade monetária brasileira. O dia de hoje é também significativo por ser fruto de um projeto que teve início em 1989 quando o BCB completou 25 anos de existência. Naquela ocasião, foi firmado convênio entre o Centro de Pesquisa e Documentação Histórica da Fundação Getulio Vargas – CPDOC e o BCB com o objetivo de resgatar a história desta instituição por meio da publicação de depoimentos de pessoas que ajudaram a construí-la. Em 1989, foram entrevistados Octávio Gouvêa de Bulhões – duas vezes superintendente da Sumoc e ministro da Fazenda quando da criação do BCB; Denio Nogueira – primeiro presidente da instituição; Casemiro Ribeiro – integrante da primeira Diretoria do BCB; Ernane Galvêas e Paulo Lira, respectivamente, terceiro e quarto presidentes do Banco Central; e Alexandre Kafka, representante do Brasil no FMI por 32 anos. Nos anos seguintes, entre 1990 e 1994, foram, então, publicados os livros de Octávio Gouvêa de Bulhões, Denio Nogueira e Alexandre Kafka. O projeto teve sequência quando, entre dezembro de 1997 e maio de 1999, foram entrevistados Ruy Leme, Carlos Brandão, Carlos Geraldo Langoni e Antônio Carlos Lemgruber.
Com exceção dos três primeiros volumes, todos os demais depoimentos foram colhidos, mas, por diversas razões, nunca foram editados e publicados. Esse patrimônio histórico do BCB ficou guardado até que, por ocasião das celebrações dos 50 anos do BCB, na gestão de Alexandre Tombini, houve o resgate desse projeto. E eu tive o privilégio de dar continuidade a essa iniciativa. Assim, entre 2016 e 2017, foram entrevistados os demais presidentes do BCB à exceção de Francisco Gros que, infelizmente, nos deixou em 2010, antes que pudesse conceder seu depoimento. A Coleção História Contada, por sua importância, dá continuidade ao processo de registro da memória do BCB diante do preponderante papel que essa instituição desempenha na vida do país. Após o distanciamento temporal necessário para a consolidação de uma perspectiva histórica, espera-se que os demais ex-presidentes do BCB também possam conceder seus depoimentos como parte de um programa de preservação da memória da instituição. A coleção retrata não apenas os desafios econômicos e o amadurecimento da instituição ao longo destes 54 anos de existência, mas também como chegamos ao quadro atual de maior solidez dos fundamentos macroeconômicos. Sem dúvida, o dia de hoje é significativo, não apenas para o BCB, mas para toda a sociedade brasileira pelos reflexos que as ações da autoridade monetária lançam em seu destino. Que estas histórias contadas possam servir de inspiração para as gerações futuras, ao conferir relevo à história econômica do País. O evento será composto por três painéis com a participação de treze ex-presidentes do BC e com a moderação da jornalista Cláudia Safatle em todos os painéis. A Cláudia, que nos fez a gentileza de aceitar moderar este evento, dispensa apresentações. Acompanha a economia brasileira há muitos anos e seguramente conhece e cobriu pessoalmente boa parte da história e dos personagens aqui presentes. Além disso, conhece o BC por dentro, pois foi assessora do então presidente Armínio Fraga em 1999.
Reforço aqui meus agradecimentos a todos que viabilizaram a consecução deste projeto, em especial ao CPDOC, da Fundação Getulio Vargas, que realizou as entrevistas e as gravou – inicialmente em áudio, e no atual projeto, em vídeo; também à Katherine Hennings, coordenadora do Projeto Memória do BCB até maio de 2018 que, juntamente com Joaquim José Rodrigues Alves, Viviane Franco de Augustinis e a equipe do Comun, deram a versão final desta coleção; e por fim agradeço às equipes envolvidas na organização deste evento. Passo agora a palavra ao Presidente Alexandre Tombini, que me antecedeu na presidência do BC e que me sucederá na abertura deste evento.
Obrigado pela atenção de todos.
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