BRASÍLIA (Reuters) - O candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, afirmou nesta quarta-feira que pretende rediscutir o modelo de partilha estabelecido pelo governo petista para explorar o petróleo da camada do pré-sal.
Criado ainda no mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a partilha prevê maior participação estatal na exploração do petróleo da camada do pré-sal, tendo a Petrobras como operadora única nos campos licitados pelo sistema --a estatal, por lei, obrigatoriamente ainda fica com 30 por cento dos blocos leiloados.
Na opinião de Aécio, o modelo anterior, de concessões, ainda utilizado no pós-sal e em explorações terrestres, foi "benéfico" para o país por ter atraído "parceiros privados de várias partes do mundo".
"Eu quero rediscutir... à luz do dia, sem viés ideológico, o que isso trouxe de benefício para o país. Em que circunstâncias eventualmente ele pode ser mantido, em que circunstâncias é melhor nós termos o modelo de concessões", afirmou o tucano, em sabatina organizada conjuntamente pelo jornal Folha de S.Paulo, portal UOL, rádio Jovem Pan e Rede SBT.
Em entrevista à Reuters no início de abril, Aécio havia dito que pretende respeitar os contratos já assinados, mas que desejava abrir uma discussão sobre qual modelo seria mais "vantajoso" para cada área.
"O modelo de concessões foi um modelo benéfico para o Brasil... Foi quando nós tivemos os melhores e maiores investimentos", disse ele, referindo-se ao modelo adotado durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, de seu partido.
O candidato disse ainda, ao ser questionado sobre a administração do preço da gasolina durante a sabatina desta quarta-feira, não ter informações necessárias para dar detalhes sobre o tema, mas prometeu "previsibilidade" nas eventuais medidas que tomar em qualquer setor do governo.
"Eu vou repetir aquilo que vai ser uma marca em relação à Petrobras e em relação a todas as outras áreas do governo: previsibilidade."
O controle de preços de gasolina e diesel pelo governo, sócio majoritário da Petrobras, visa evitar repasse da volatilidade das cotações internacionais para a inflação, o que acaba levando a estatal a vender combustíveis com valores defasados, afetando as contas da empresa.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)