BUENOS AIRES (Reuters) - O governo argentino pretende elevar o monitoramento sobre a soja armazenada por produtores rurais nas fazendas adotando um registro obrigatório das vendas de silos bolsa, segundo medidas anunciadas pelo governo nesta segunda-feira.
As longas bolsas plásticas que servem para estocar grãos no campo têm sido uma visão cada vez mais frequente nos pampas argentinos nos últimos anos, com produtores tentando segurar seus estoques para protegerem-se da alta inflação do país.
O governo, que há anos está em conflito constante com o setor agrícola devido às políticas intervencionistas da presidente Cristina Kirchner, tem reclamado que a prática de segurar os estoques de soja está reduzindo a receita com impostos. A questão é especialmente problemática para o governo em um momento em que ele planeja aumentar gastos antes das eleições gerais de outubro.
"As vendas de silos bolsa plásticos diretamente para agricultores e ou para revendas serão registradas... mensalmente", disse a resolução.
"O objetivo é coletar informações sobre o universo dos compradores de silos bolsa, para ter os compradores claramente identificados", disse Ricardo Echegaray, diretor da Afip, agência argentina que equivale à Receita Federal brasileira.
A Argentina cobra 35 por cento de impostos sobre as exportações de soja.
"Esta resolução é um controle adicional que significa aumentar a pressão sobre os produtores para vender a soja que eles têm em estoque. O governo precisa do dinheiro", disse o analista do setor agrícola Pablo Adreani.
Outra regra anunciada nesta segunda-feira aumenta as exigências de registro de todas as transações com grãos entre produtores e compradores.
O Ministério da Agricultura estimou que a safra de soja do país na temporada 2014/15 em um recorde de 58 milhões de toneladas, ante 53,4 milhões de toneladas na temporada anterior.
(Por Hugh Bronstein, com reportagem adicional de Maximilian Heath)