SÃO PAULO (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff voltou a culpar neste domingo a crise financeira internacional pela atual situação do Brasil, desta vez acompanhada pela falta de chuvas, disse que o ajuste econômico está sendo feito de forma equilibrada e vai durar o tempo que for necessário, e pediu união e paciência.
Dilma aproveitou seu tradicional pronunciamento no Dia Internacional da Mulher para justificar as medidas que vêm sendo adotadas e tentar transmitir otimismo em meio a um quadro de inflação cada vez mais alta, atividade econômica cada vez mais fraca, piora no mercado de trabalho e turbulência política com a base governista.
"Estamos na segunda etapa do combate à mais grave crise internacional desde a grande depressão de 1929 e, nesta segunda etapa, estamos tendo que usar armas diferentes e mais duras daquelas que usamos no primeiro momento", disse a presidente. "Há ainda a coincidência de estarmos enfrentando a maior seca da nossa história, no Sudeste e no Nordeste."
Segundo a presidente, a seca tem causado aumentos "temporários" na energia elétrica e em alguns alimentos.
Dizendo que a população tem "todo o direito de se irritar", a presidente pediu "paciência e compreensão", por se tratar, segundo ela, de uma situação passageira.
Durante a transmissão do pronunciamento na TV, houve em diferentes áreas de São Paulo vaias e panelaço e foram ouvidos buzinas, cornetas e xingamentos contra a presidente.
Ao justificar medidas como a mudança no acesso a benefícios trabalhistas e previdenciários e a redução na desoneração da folha de pagamento, Dilma disse que o governo "absorveu até o ano passado todos os efeitos negativos da crise" internacional, para defender a população e garantir crescimento econômico e emprego.
Ela argumentou, no entanto, que não havia como prever que a crise internacional iria durar tanto e que o Brasil teria a seca atual.
"Absorvemos a carga negativa até onde podíamos e agora temos que dividir parte deste esforço com todos os setores da sociedade. É por isso que estamos fazendo correções e ajustes na economia."
Procurando mostrar otimismo, a presidente comparou o ajuste atual com o realizado no início do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, lembrando que depois o Brasil cresceu "como poucas vezes na história".
AJUSTE SEM DATA DE VALIDADE
A presidente defendeu as medidas do ajuste fiscal para reequilibrar as contas públicas dizendo que elas estão sendo adotadas "da maneira mais justa, transparente e equilibrada possível".
Segundo ela, estão sendo preservados os "direitos sagrados dos trabalhadores" e a redução das desonerações estão "dentro de limites suportáveis pelo setor produtivo".
"Estamos fazendo tudo com equilíbrio, de forma que tenhamos o máximo possível de correção com o mínimo possível de sacrifício."
Dilma garantiu que o processo de ajuste fiscal "vai durar o tempo que for necessário para equilibrar nossa economia" e que mais importante que a duração das medidas atuais "será a longa duração dos seus resultados e dos seus benefícios". Mas disse esperar "uma primeira reação já no final do segundo semestre".
Ao tentar mostrar que o país não está "nem de longe" vivendo uma crise do tamanho "que dizem alguns", Dilma fez comentários que podem ser vistos como críticas ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e à mídia.
"Os noticiários são úteis, mas nem sempre são suficientes. Muitas vezes até nos confundem mais do que nos esclarecem", disse a presidente no início de seu discurso.
Falando que os fundamentos da economia brasileira continuam sólidos, ela argumentou que a situação é muito diferente de outras crises que quebravam o Brasil, no que pode ser visto como uma alusão ao fato de o Brasil ter precisado recorrer ao Fundo Monetário Internacional durante o governo Fernando Henrique.
Num momento de grande tensão na relação entre Executivo e o Legislativo, Dilma disse ter "certeza que contará com a participação decisiva do Congresso Nacional".
A presidente abordou também, de forma passageira, o escândalo de corrupção na Petrobras, que levou o Supremo Tribunal Federal a autorizar, na última sexta-feira, a investigação sobre dezenas de parlamentares.
"O Brasil tem aprendido a praticar a justiça social em favor dos mais pobres, como também aplicar duramente a mão da justiça contra os corruptos. É isso, por exemplo, que vem acontecendo na apuração ampla, livre e rigorosa nos episódios lamentáveis contra a Petrobras."
E num quadro de baixa popularidade, a uma semana de manifestações populares programadas contra ela e pelo seu impeachment, a presidente pediu união de todos e continuidade no rumo atual.
"O Brasil tem todas as condições de vencer estes problemas tem
SÃO PAULO (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff voltou a culpar neste domingo a crise financeira internacional pela atual situação do Brasil, desta vez acompanhada pela falta de chuvas, disse que o ajuste econômico está sendo feito de forma equilibrada e vai durar o tempo que for necessário, e pediu união e paciência.
Dilma aproveitou seu tradicional pronunciamento no Dia Internacional da Mulher para justificar as medidas que vêm sendo adotadas e tentar transmitir otimismo em meio a um quadro de inflação cada vez mais alta, atividade econômica cada vez mais fraca, piora no mercado de trabalho e turbulência política com a base governista.
"Estamos na segunda etapa do combate à mais grave crise internacional desde a grande depressão de 1929 e, nesta segunda etapa, estamos tendo que usar armas diferentes e mais duras daquelas que usamos no primeiro momento", disse a presidente. "Há ainda a coincidência de estarmos enfrentando a maior seca da nossa história, no Sudeste e no Nordeste."
Segundo a presidente, a seca tem causado aumentos "temporários" na energia elétrica e em alguns alimentos.
Dizendo que a população tem "todo o direito de se irritar", a presidente pediu "paciência e compreensão", por se tratar, segundo ela, de uma situação passageira.
Durante a transmissão do pronunciamento na TV, houve em diferentes áreas de São Paulo vaias e panelaço e foram ouvidos buzinas, cornetas e xingamentos contra a presidente.
Ao justificar medidas como a mudança no acesso a benefícios trabalhistas e previdenciários e a redução na desoneração da folha de pagamento, Dilma disse que o governo "absorveu até o ano passado todos os efeitos negativos da crise" internacional, para defender a população e garantir crescimento econômico e emprego.
Ela argumentou, no entanto, que não havia como prever que a crise internacional iria durar tanto e que o Brasil teria a seca atual.
"Absorvemos a carga negativa até onde podíamos e agora temos que dividir parte deste esforço com todos os setores da sociedade. É por isso que estamos fazendo correções e ajustes na economia."
Procurando mostrar otimismo, a presidente comparou o ajuste atual com o realizado no início do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, lembrando que depois o Brasil cresceu "como poucas vezes na história".
AJUSTE SEM DATA DE VALIDADE
A presidente defendeu as medidas do ajuste fiscal para reequilibrar as contas públicas dizendo que elas estão sendo adotadas "da maneira mais justa, transparente e equilibrada possível".
Segundo ela, estão sendo preservados os "direitos sagrados dos trabalhadores" e a redução das desonerações estão "dentro de limites suportáveis pelo setor produtivo".
"Estamos fazendo tudo com equilíbrio, de forma que tenhamos o máximo possível de correção com o mínimo possível de sacrifício."
Dilma garantiu que o processo de ajuste fiscal "vai durar o tempo que for necessário para equilibrar nossa economia" e que mais importante que a duração das medidas atuais "será a longa duração dos seus resultados e dos seus benefícios". Mas disse esperar "uma primeira reação já no final do segundo semestre".
Ao tentar mostrar que o país não está "nem de longe" vivendo uma crise do tamanho "que dizem alguns", Dilma fez comentários que podem ser vistos como críticas ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e à mídia.
"Os noticiários são úteis, mas nem sempre são suficientes. Muitas vezes até nos confundem mais do que nos esclarecem", disse a presidente no início de seu discurso.
Falando que os fundamentos da economia brasileira continuam sólidos, ela argumentou que a situação é muito diferente de outras crises que quebravam o Brasil, no que pode ser visto como uma alusão ao fato de o Brasil ter precisado recorrer ao Fundo Monetário Internacional durante o governo Fernando Henrique.
Num momento de grande tensão na relação entre Executivo e o Legislativo, Dilma disse ter "certeza que contará com a participação decisiva do Congresso Nacional".
A presidente abordou também, de forma passageira, o escândalo de corrupção na Petrobras, que levou o Supremo Tribunal Federal a autorizar, na última sexta-feira, a investigação sobre dezenas de parlamentares.
"O Brasil tem aprendido a praticar a justiça social em favor dos mais pobres, como também aplicar duramente a mão da justiça contra os corruptos. É isso, por exemplo, que vem acontecendo na apuração ampla, livre e rigorosa nos episódios lamentáveis contra a Petrobras."
E num quadro de baixa popularidade, a uma semana de manifestações populares programadas contra ela e pelo seu impeachment, a presidente pediu união de todos e continuidade no rumo atual.
"O Brasil tem todas as condições de vencer estes problemas temporários e esta vitória será ainda mais rápida se todos nós nos unirmos neste enfrentamento", disse Dilma.
"Se toda vez que enfrentarmos uma dificuldade pensarmos que o mundo está acabando, ou que precisamos começar tudo do zero, só faremos aumentar nossos problemas".
Dizendo que o Brasil não vai parar, a presidente encerrou seu esforço para mudar os ânimos da população fazendo um apelo de que é hora "de sonhar, de ter fé e esperança".
(Por Alexandre Caverni)