(Reuters) - A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta segunda-feira, durante viagem à Turquia, que aprovar a volta da CPMF é fundamental para o país atingir superávit primário e acelerar o processo de saída da crise e avaliou que o governo tem maioria no Congresso, apesar de dificuldades enfrentadas recentemente.
Apesar da resistência entre parlamentares, a recriação da CPMF é a principal aposta do governo entre as medidas de ajuste fiscal enviadas ao Congresso na tentativa de equilibrar as contas públicas, mas o projeto ainda não foi admitido no Legislativo até o momento.
"Esse esforço de reequilíbrio fiscal agora vai requerer de nós, além de todas as medidas de redução de despesas que nós tivemos, vai requerer de nós, para poder fechar as contas e fazermos superávit, vai requerer do Brasil a consciência e a responsabilidade para aprovar a CPMF", disse Dilma em entrevista coletiva após participar de reunião de cúpula do G20 na Turquia.
"É uma questão fundamental para o Brasil se ancorar, se estabilizar, e ter condições de acelerar o processo de saída da crise. Portanto, acredito que o Brasil vai ter nesse momento de enfrentar esse fato. É fundamental que se aprove a CPMF", acrescentou.
Dilma defendeu o governo dizendo ter um histórico de redução de impostos ao longo dos últimos anos, que muitos culpam em parte pelo atual desequilíbrio fiscal, e apontou a CPMF como um aumento de tributo não para se gastar mais, mas "para se crescer mais".
Apesar de o governo enfrentar dificuldades para dar andamento a projetos prioritários no Congresso, a presidente afirmou na entrevista que a avaliação interna é de que há maioria, em alguns casos ampla e em outros apertada.
Na semana passada, a Câmara dos Deputados aprovou, por 230 votos a 213, após diversos adiamentos, o projeto que cria um programa para regularizar bens não declarados de brasileiros no exterior, que faz parte das medidas de ajuste fiscal enviadas pelo governo.
"A avaliação do governo é que nós temos hoje maioria. Em alguns casos, maioria bem confortável, em outros uma maioria mais apertada. Mas nós temos maioria. Eu acredito que a situação política no Brasil está cada dia mais se normalizando", afirmou.
LEVY
Dilma também reiterou defesa ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy, dizendo discordar das críticas feitas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e afirmando que especulações sobre sua saída são extremamente nocivas ao país.
"Eu não só gosto muito do presidente Lula como o respeito, e isso é público e notório, mas nós não concordamos e não temos de concordar em todas as avaliações", disse Dilma, quando questionada se concordava com críticas de Lula a Levy.
"Acho extremamente nocivo para o país as especulações que vira e mexe são feitas quanto ao ministro Joaquim Levy, que me obrigam, de forma sistemática, a reforçar que o ministro Joaquim Levy fica onde está."
(Por Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro)