Por Brian Love
PARIS (Reuters) - O batalhão de choque da polícia da França expulsou nesta sexta-feira manifestantes que ocupavam um edifício em protesto contra uma reforma na legislação trabalhista que está causando manifestações de rua e greves em todo o país.
Os policiais chegaram de madrugada, usando a escada de um caminhão do corpo de bombeiros para alcançar o teto do edifício da prefeitura de Rennes, cidade do oeste francês, e retirar os manifestantes, alguns dos quais haviam se refugiado no próprio telhado.
Depois de passeatas às vezes violentas e 82 prisões na quinta-feira, o primeiro-ministro francês, Manuel Valls, criticou os arruaceiros que saquearam escritórios partidários e os cobriram de pichações anti-governo, além de destruir toda a fachada de vidro de uma estação de trens de Nantes.
"Estes vândalos são intoleráveis", disse Valls aos repórteres, acrescentando que está contando que os tribunais irão agir com firmeza com eles.
Cerca de mil pessoas foram presas desde que os protestos contra a reforma trabalhista tiveram início várias semanas atrás, disse o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve.
A revolta dos manifestantes se deve ao fato de que a mudança da legislação tornará as contratações e demissões mais simples. A proposta é um dos carros-chefes do presidente francês, François Hollande, assolado por índices de popularidade baixíssimos que ameaçam uma eventual reeleição em maio de 2017.
Já há clamores por protestos mais abrangentes na semana que vem e de greves de caminhoneiros e funcionários de ferrovias, portos, aeroportos e refinarias.
"O governo tem a opinião pública contra ele, a maioria dos sindicatos trabalhistas contra ele e o movimento jovem contra ele", afirmou Philippe Martinez, líder do importante sindicato trabalhista CGT.
Outros representantes do CGT pediram greves em esquema de rodízio a partir da noite da próxima segunda-feira, argumentando que a alteração da lei trabalhista pode levar os empregadores a cortar o pagamento de horas extras.
A própria polícia planeja protestar na semana que vem contra o que vê como uma hostilidade crescente contra a corporação, apesar de estar trabalhando além do normal em função do reforço na segurança – uma decorrência dos ataques de militantes islâmicos que mataram 130 pessoas em Paris em novembro.
Pesquisas de opinião mostram que três de cada quatro pessoas rejeitam a reforma, que permitiria às empresas adotar regras próprias para o pagamento de salários e as condições de trabalho, ao invés de obedecerem padrões nacionais.