Por José Roberto Gomes
SÃO PAULO (Reuters) - A colheita da safra de trigo começou oficialmente no Paraná e já pode ser prejudicada pelas chuvas, que voltaram a ocorrer nesta semana após dois meses de uma estiagem comprometedora para o potencial produtivo das lavouras do Estado, principal produtor nacional.
"Se as chuvas forem esparsas e na semana que vem o clima estiver seco, tudo bem. Mas, se ficar nublado, a planta não vai secar, o que atrapalharia a colheita", explicou o agrônomo Carlos Hugo Godinho, do Departamento de Economia Rural (Deral), vinculado à Secretaria de Agricultura do Estado.
Conforme o Thomson Reuters Agriculture Weather Dashboard, o oeste, o noroeste, o norte e o centro-oeste paranaenses, que concentram as plantações de trigo, devem receber chuvas pelo menos até domingo, dia 20, com acumulados que podem passar de 30 mm por dia em algumas áreas.
No sul do Estado, que também cultiva o cereal, as precipitações devem ser mais moderadas, não ultrapassando os 17 mm até domingo, ainda de acordo com o serviço meteorológico da Thomson Reuters.
Na semana encerrada nesta terça-feira, o Paraná colheu 1 por cento da área cultivada de 955 mil hectares, segundo o Deral. As atividades de campo foram registradas nos municípios de Apucarana, Cornélio Procópio, Londrina e Maringá.
Na avaliação de Godinho, as chuvas até deram uma "aliviada no déficit hídrico" e devem limitar as perdas, mas não reverter o cenário de quebra de produção após a seca desde junho e as geadas no mês passado.
"O que foi perdido, foi perdido. Mas a chuva interrompeu o processo de não enchimento das plantas. Agora voltou a encher, as plantas vão encorpar", destacou.
O Paraná previa colher mais de 3 milhões de toneladas de trigo neste ano, mas após as adversidades climáticas deve colher menos de 2,8 milhões de toneladas.
Os problemas no Estado, inclusive, levaram a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) a reduzir sua projeção para a safra nacional de trigo, de 5,57 milhões de toneladas estimadas em julho para 5,19 milhões de toneladas no levantamento de agosto.
Uma avaliação mais precisa sobre o tamanho da produção --e também das perdas-- deve ser divulgada no fim do mês pelo Deral, em meio ao avanço da colheita, afirmou Godinho.
Por ora, os preços da saca do cereal no Estado oscilam entre 35 e 36 reais, estável em relação aos das últimas semanas, com o mercado à espera de mais informações sobre a qualidade do produto colhido, concluiu o agrônomo.