BRASÍLIA (Reuters) - O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, defendeu nesta terça-feira projeto de lei que irá redefinir o marco legal do sistema de resolução de instituições financeiras e afirmou que ele, na verdade, irá proteger os contribuintes.
Falando em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Ilan destacou que a utilização de recursos públicos para socorro a bancos é prevista no projeto, mas como recurso de última instância.
Ao ser questionado sobre o tema, Ilan afirmou ser necessário pensar não somente em como entrar no sistema bancário, mas também em como sair dele, razão pela qual o projeto se justifica. Ele também defendeu que o projeto é pensado há tempos, na esteira da crise econômica global de 2008.
"Temos que pensar na organização disso. Se não for pensar, não for planejar, vocês sabem na hora do aperto quem é que vai pagar", disse ele, em referência aos contribuintes.
Na véspera, uma fonte da equipe econômica já havia dito à Reuters que Ministério da Fazenda e o Banco Central chegaram a um consenso sobre o aval para eventual injeção de recursos do Tesouro Nacional no socorro a bancos, ressaltando que isso só ocorreria em último caso.
A informação foi publicada inicialmente pelo jornal Valor Econômico, que destacou que a nova lei também trará a criação das figuras do "good bank" e "bad bank", separando formalmente ativos bons de ativos problemáticos das instituições financeiras, e abrirá caminho para a suspensão de exigibilidades de crédito.
Mais cedo nesta terça-feira, Ilan participou de café da manhã com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Segundo uma fonte com conhecimento direto do assunto, o projeto de resolução foi tratado, sendo que há possibilidade de ele ser encaminhado ao Congresso Nacional até semana que vem.
RESERVAS INTERNACIONAIS
Durante sua participação em audiência pública na CAE, Ilan avaliou que não é o momento de debater o uso das reservas internacionais, pontuando que, quando a hora a chegar, essa destinação deverá ser para abatimento da dívida pública.
"Você comprou o seguro e está no meio do sinistro. Não é o momento de a gente discutir ficarmos, na minha opinião, sem o seguro", disse.
(Por Marcela Ayres)