Por Paul Carrel e Madeline Chambers
HAMBURGO (Reuters) - A União Democrata-Cristã (CDU) da Alemanha elegeu Annegret Kramp-Karrenbauer nesta sexta-feira como sucessora de Angela Merkel na liderança do partido, uma decisão que a coloca na linha de frente para substituir a líder mais influente da Europa como chanceler.
Annegret, de 56 anos, é protegida de Merkel e foi a candidata da continuidade favorecida pela elite do partido. Ela conquistou a liderança com 517 dos 999 votos depositados pelos delegados. Seu rival, Friedrich Merz, obteve 482 votos em um segundo turno.
Ex-premiê do Estado do Sarre, onde liderou uma coalizão tripartite, Annegret tem a reputação de angariar apoio em toda a conservadora CDU e talento para costurar alianças com outras siglas.
Às vezes apelidada de "mini Merkel", ela é admirada pelos escalões superiores da CDU por ter apelo em todo o partido.
"Li muito sobre quem sou e o que sou: 'mini', uma cópia, 'mais do mesmo'. Caros delegados, estou diante de vocês tal como sou e como a vida me fez, e tenho orgulho disso", afirmou Annegret em um discurso entusiasmado ao congresso da sigla.
Enaltecendo sua experiência em um governo regional, ela acrescentou sob vivas e aplausos: "Aprendi o que é liderar – e acima de tudo aprendi que liderança diz mais respeito a ser forte por dentro do que estridente por fora".
Em outubro Merkel anunciou que deixaria o posto de chefe do partido, mas permaneceria como chanceler, um esforço para manejar sua saída depois de uma série de contratempos sofridos desde sua decisão polarizadora de abrir as fronteiras alemãs a refugiados em fuga das guerras no Oriente Médio em 2015.
Durante a campanha, Merz encantou a base do CDU, ansiosa por um partido mais bem definido depois de 13 anos de liderança consensual sob o comando de Merkel, pedindo cortes de impostos e uma abordagem mais robusta para enfrentar a extrema-direita.
Mas os delegados, muitos deles políticos de carreira, preferiram Annegret, também conhecida como AKK.
"Ela é uma aposta segura: uma candidata centrista que não ameaça surpresas desagradáveis", disse Josef Joffe, publisher e editor do semanário Die Zeit.
"Merz era um pouco mercado livre, pró-americano e pró-defesa demais. E também seu discurso ao partido foi seco comparado ao apelo apaixonado de AKK. Mesmo assim ele a obrigou a ir a um segundo turno, o que sugere que AKK presidirá um partido dividido".
(Reportagem adicional de Michelle Martin)