Montevidéu, 7 jul (EFE).- O Uruguai pediu ao Brasil que continue
comprando leite no Mercosul, ao invés de importá-lo dos Estados
Unidos ou da Europa, segundo confirmou hoje o presidente do
Instituto Nacional de Leite do Uruguai, Manuel Marrero, à Agência
Efe.
O jornal uruguaio "Últimas Notícias" divulgou, nesta terça-feira,
que o Uruguai vendia 16 mil toneladas de leite em pó ao Brasil, que
agora estão sem saída.
Marrero disse à Efe que "grandes quantidades de leite" ficaram
presas no Uruguai, já que as vendas ao Brasil já eram automáticas e
que agora o país vizinho mudou o sistema de forma unilateral.
O Brasil ofereceu em troca, na semana passada, uma quota de
importação de 3 mil toneladas de leite em pó por mês.
O "Últimas Notícias" afirmou que a razão para a rejeição da
proposta brasileira foi que isso significaria um retrocesso ao
acordo bilateral entre os dois países e prévio à criação do
Mercosul.
Estas mudanças afetam em grande medida um país como o Uruguai,
que exporta 60% do leite que produz.
O ministro de Pecuária do Uruguai, Ernesto Agazzi, negou ontem
que os produtos lácteos exportados para o Brasil estejam sendo
triangulados por terceiros como a Argentina ou oferecidos a preços
subsidiados, e ressaltou que o sistema produtivo uruguaio "é
eficiente".
Agazzi rejeitou também a alta da Tarifa Externa Comum (AEC, na
sigla em espanhol) do Mercosul proposta pelo Governo brasileiro, de
14% para 27%, até que não se esclareça ou solucione os impedimentos
ao leite uruguaio, apesar de Marrero ter reconhecido que seria um
aumento "benévolo".
Marrero declarou que o setor lácteo mundial está em um momento
"muito complicado" e que, por isso, todos os blocos comerciais estão
tomando medidas protecionistas. EFE