Por Caroline Stauffer
SÃO PAULO (Reuters) - O Brasil está exportando milho para a África do Sul, um tradicional exportador do cereal que sofre com uma seca relacionada ao fenômeno El Niño, em um momento em que o país sul-americano busca novos mercados para sua crescente produção.
O Brasil exportou 321.662 toneladas de milho para a África do Sul em 2015, ante nenhum volume no ano anterior, mostraram dados do Ministério de Indústria e Comércio (MIDC).
De três a cinco novos carregamentos estão a caminho ou deverão deixar o país nos próximos dias, de acordo com dados de escalas de navios nos portos brasileiros e com uma fonte do mercado sul-africano.
As exportações são indicações da crescente influência do Brasil como produtor de milho no mercado global.
Os números também apontam para os impactos do fenômeno climático El Niño no comércio internacional.
A África do Sul pode precisar importar 5 milhões de toneladas de milho este ano, aproximadamente metade de suas necessidades, por causa da pior seca no país em três décadas, disse a maior associação de produtores do país na quarta-feira.
A Índia, outro tradicional exportador de milho que também sofre com uma seca, lançou uma licitação para importar 320 mil toneladas de milho não transgênico, disseram operadores europeus na terça-feira.
Dados da alfândega brasileira mostram que 4.020 toneladas de milho foram exportadas para a Índia entre janeiro e novembro de 2015, ante 126 toneladas no mesmo período em 2014, embora as exportações para o país asiático não tenham sido incluídas no relatório anual.
Não há nenhuma previsão de embarque de milho para a Índia nas escalas de navios nos portos brasileiros.
As exportações de milho pelo Brasil em 2015 somaram 30,75 milhões de toneladas, ante 20,96 milhões em 2014, graças principalmente à desvalorização do real, que torna o produto nacional bastante competitivo no exterior, disse a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec).
O Brasil deverá exportar 5,5 milhões de toneladas de milho já negociado para entrega em janeiro e depois verá uma queda nas exportações em fevereiro, com novas exportações devendo ser registradas a partir de junho ou julho, disse o analista de milho da Safras & Mercado, Paulo Molinari.
Por outro lado, a grande oferta de milho e a alta demanda pelo grão poderão atrasar o início da temporada de exportação de soja, disse o diretor-geral da Anec, Sérgio Mendes, que também estimou que os embarques de milho do Brasil poderão avançar até março.
(Reportagem adicional de Gustavo Bonato, em São Paulo, e Ed Stoddard,em Johanesburgo)