SÃO PAULO (Reuters) - As exportações de soja do Brasil devem fechar 2018 em um recorde de cerca de 82,5 milhões de toneladas, ante aproximadamente 68 milhões no ano passado, projetou nesta segunda-feira a Anec, destacando o apetite chinês como importante fator por trás desse salto.
A estimativa da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais confirma reportagem da Reuters publicada em novembro com base em informações de um negociante e dados de programação de navios nos portos do Brasil, o maior exportador mundial de soja em grão.
Só em novembro, foram embarcados 4,9 milhões de toneladas de soja, sendo 97 por cento para o gigante asiático, disse a Anec.
No acumulado dos 11 primeiros meses do ano, as vendas ao exterior alcançaram 80,1 milhões de toneladas, alta de 22,6 por cento ante igual intervalo de 2017. Do total, 82 por cento foi para a China.
O Brasil foi muito favorecido neste ano diante da disputa comercial entre Estados Unidos e China, que, entre outras retaliações, incluiu uma tarifa de Pequim sobre a soja norte-americana. Isso levou os chineses a comprarem com força o produto brasileiro.
Segundo a Anec, para este mês de dezembro, cerca de 2,5 milhões de toneladas de soja encontram-se programadas para embarque. O volume já fica acima dos 2,3 milhões de igual mês do ano, conforme dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.
"O incremento das exportações de soja neste segundo semestre impulsionado pela demanda chinesa antes abastecida pelo mercado americano, deve fazer com que encerremos o ano com o estoque de passagem mais baixo dos últimos anos", afirmou a Anec.
A Anec lembrou que, devido a boas condições climáticas, o plantio da safra 2018/2019 começou cedo, e algumas regiões devem iniciar a colheita já na segunda quinzena de dezembro, "equilibrando o abastecimento do mercado".
MILHO
Conforme a Anec, o Brasil deve fechar 2018 com exportações de cerca de 22 milhões de toneladas de milho, considerando-se 18,9 milhões até novembro e uma programação de 3,2 milhões para dezembro.
Os embarques de milho registraram em novembro um importante incremento em relação aos resultados obtidos nos meses anteriores, considerados abaixo das expectativas iniciais do setor.
Segundo a Anec, o país exportou 3,9 milhões de toneladas, ligeiramente abaixo das 4,2 milhões de toneladas de igual mês de 2017, mas ainda distante do recorde de exportação obtido em novembro de 2015, com 4,9 milhões de toneladas.
"Com uma maior inclinação do setor produtivo para comercializar seus estoques de milho produzidos na segunda safra deste ano, principalmente devido à proximidade do início da colheita de soja em algumas regiões, as exportações de milho puderam avançar mesmo com margens de preço muito apertadas", afirmou a Anec.
O Irã segue como principal importador do milho brasileiro, sendo destino de aproximadamente 50 por cento do volume exportado pelo Brasil, segundo a Anec.
(Por José Roberto Gomes)