Por Makiko Yamazaki e Taiga Uranaka
TÓQUIO (Reuters) - Depois de adiar por duas vezes a divulgação dos resultados financeiros, a japonesa Toshiba apresentou nesta terça-feira os números não auditados, aumentando a probabilidade de deslistagem das ações.
O documento continha aviso da PricewaterhouseCoopers (PwC) Aarata LLC de que não foi capaz de avaliar os resultados. O movimento sem precedentes coloca a Bolsa de Valores de Tóquio no centro das ações, enquanto pondera os prós e contras de uma deslistagem forçada dos papéis da Toshiba.
Não agir de forma dura com o conglomerado colocaria em dúvida a credibilidade das autoridades em manter padrões para os investidores. Ao mesmo tempo, a deslistagem agravaria a crise enfrentada pela empresa, elevando despesas financeiras e expondo o grupo a mais ações judiciais de acionistas.
Os números da subsidiária nuclear da Toshiba nos Estados Unidos, a Westinghouse Electric, vêm sendo contestados. Os custos excessivos de quatro reatores nucleares em construção no sudeste dos EUA forçaram a unidade a estimar prejuízo líquido anual de 9 bilhões de dólares e adotar medidas drásticas.
A PwC questiona não apenas os resultados recentes da Toshiba, mas também os números da Westinghouse de todo o ano comercial encerrado em março de 2016, disseram fontes, que pediram para não ser identificadas porque não estavam autorizadas a falar publicamente sobre o assunto.
A Toshiba colocou à venda sua divisão de chips de memória e outros ativos, bem como deu entrada no pedido de recuperação judicial da Westinghouse.
Nesta terça-feira, o grupo japonês disse que considerava uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) para o Landis+Gyr. No mês passado, a Reuters havia noticiado que a empresa preparava potencial desinvestimento de 2 bilhões de dólares do negócio basedo na Suíça.
A decisão sobre a deslistagem das ações da Toshiba cabe à Bolsa de Valores de Tóquio. O conglomerado está na lista de supervisão desde meados de março, depois de fracassar em dissipar preocupações sobre seus processos internos. Não há regras que ditem quanto tempo levará para a bolsa chegar a uma decisão sobre o assunto.
(Reportagem adicional de Taro Fuse, Kentaro Hamada, Takahiko Wada, Ami Miyazaki e Emi Emoto)