(Reuters) - O presidente Michel Temer disse nesta segunda-feira que é preciso se incomodar com o montante do déficit público, mas admitiu que a reversão não é alcançada em apenas um ou dois anos, daí a importância da emenda constitucional que criou o teto dos gastos públicos.
"Os nossos ouvidos, da cultura política nacional, acostumaram-se aos bilhões de déficit como se fosse a coisa mais natural do mundo", disse o presidente, durante discurso na abertura do 3º Encontro Nacional de Chefes de Agência do IBGE, em Brasília.
Temer citou o déficit primário, que ano passado registrou 154,3 bilhões de reais no governo central --formado pelo Tesouro, Banco Central e Previdência-- e que neste ano tem meta novamente de rombo, agora de 139 bilhões de reais.
"É como se na nossa casa nós tivéssemos bilhões de prejuízo e não nos incomodássemos. O Brasil é nossa casa e nós devemos nos incomodar, porque é o combate ao déficit público que faz com que nós tenhamos tranquilidade absoluta", acrescentou.
"Agora, registro, não se combate o déficit em um ou dois exercícios, é preciso muitos exercícios financeiros", afirmou, ressaltando que é possível ver os efeitos danosos do déficit público na vida dos trabalhadores quando se olha a situação de alguns Estados.
O presidente voltou a defender a reforma da Previdência, argumentando que, felizmente, a população brasileira está vivendo mais e por isso a mudança previdenciária é "inadiável".
O texto-base da reforma da Previdência foi aprovado na semana passada na comissão especial da Câmara dos Deputados, mas o governo admite que neste momento não tem os 308 votos necessários para aprovar a medida no plenário da Casa.
(Por Alexandre Caverni, em São Paulo)