Genebra, 28 jan (EFE).- O governo da China conseguiu nesta segunda-feira, em segunda instância, que o Órgão de Solução de Controvérsias da Organização Mundial do Comércio (OMC) abra uma investigação sobre as sobretaxas impostas pelos Estados Unidos a suas exportações, caso que detonou a atual guerra comercial entre as duas maiores economias mundiais.
O órgão da OMC concordou com a criação de um grupo para estudar essas tarifas impostas a centenas de milhões de dólares em produtos chineses, uma medida que, segundo a China, "continua danificando os interesses econômicos e comerciais" do país.
A China apresentou o pedido mesmo estando em negociações com pos EUA para resolver de forma bilateral o conflito comercial, e os dois países se deram trégua até 1º de março para encontrar uma solução.
A primeira solicitação chinesa tinha sido bloqueada pelos Estados Unidos em 18 de dezembro de 2018, e para que a segunda não prosperasse, era preciso unanimidade total da OMC.
Pediram para participar da investigação autorizada hoje, como partes interessadas, membros da OMC como Brasil, União Europeia, Japão, Canadá, Rússia, Taiwan, Índia e Coreia do Sul, entre outros.
As tarifas contra as quais a China protesta foram impostas pelo governo de Donald Trump em resposta ao que o presidente americano acusa de más práticas do país asiático em transferência de tecnologia e propriedade intelectual.
Uma primeira sobretaxa de 25% a US$ 34 bilhões em importações chinesas foi aprovada nos EUA em julho do ano passado, e em setembro houve a autorização de outra, de 10%, a US$ 200 bilhões em produtos do país asiático.
Pequim respondeu a estas imposições com tarifas similares contra a importação de produtos americanos, detonando uma guerra comercial que, segundo especialistas, aumenta as dúvidas em torno do crescimento global para 2019.
Segundo a representação dos EUA na OMC, a China tenta utilizar os mecanismos de disputas da organização como um escudo para ocultar "uma ampla gama de políticas e práticas de distorções do mercado não cobertas pela lei internacional".
Os EUA também tacharam como hipócrita a decisão da China de manter a disputa na OMC enquanto aplica suas própias sobretaxas para penalizar US$ 100 bilhões em importações americanas.