Promoção de Black Friday! Economize muito no InvestingProGaranta até 60% de desconto

Embargo da UE a carnes do Brasil afeta produção de ração e demanda por grãos

Publicado 23.04.2018, 15:49
© Reuters. Grãos de milho
ZS
-
ZC
-
BRFS3
-

Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) - O embargo europeu a 20 produtoras de carnes do Brasil, principalmente aves, afetará negativamente a demanda por ração e consequentemente por produtos como milho e farelo de soja, os principais ingredientes da alimentação animal, disse o vice-presidente-executivo do Sindirações, Ariovaldo Zani.

O Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações) previu inicialmente produção de cerca de 70 milhões de toneladas de ração no Brasil este ano, o que seria um crescimento de aproximadamente 3 por cento sobre o recorde do ano passado. Mas essa estimativa não deve se confirmar, e a atividade deve se expandir menos que o previsto.

"Fazendo um estudo aritmético, hoje, anualizando, dá no máximo 2 por cento (de crescimento). Mas a situação está se agravando, a tendência é de esses 2 por cento se esvaírem também", declarou Zani à Reuters.

"Em hipótese mais complicada, podemos não ter crescimento nenhum em relação ao ano passado ou até retrocesso, tamanha a influência da questão da União Europeia", completou.

Em 2017, a produção de ração no Brasil demandou cerca de 43 milhões de toneladas de milho, ou a maior parte do consumo interno do cereal projetado para o país, de 57 milhões de toneladas em 2016/17.

No caso do farelo de soja, a produção de ração demandou no ano passado 16 milhões de toneladas, segundo dados do Sindirações, de um consumo total no país estimado pelo governo em 17 milhões de toneladas em 2016/17.

Do total da produção de ração, a avicultura consumiu a maior parte, ou 38,5 milhões de toneladas, segundo dados do Sindirações, que apontam também que a suinocultura demandou no ano passado 16,5 milhões de toneladas.

O problema com a União Europeia, que atingiu principalmente a empresa de alimentos BRF (SA:BRFS3), é o mais recente de uma série de fatores negativos que afetam a demanda interna por ração, lembrou Zani, citando um consumo por alimentos no varejo brasileiro menor que o projetado inicialmente e um embargo russo a carnes suína e bovina do Brasil.

O Brasil consome internamente a maior parte de sua produção de carnes.

Apesar de a União Europeia não ser o principal mercado para o frango brasileiro, os europeus têm participação importante como destino do produto nacional.

O Brasil vendeu 317 milhões de dólares de frango salgado in natura para a UE no ano passado e 118 milhões de dólares em frango in natura sem sal, segundo dados do governo.

CUSTOS EM ALTA

O executivo do Sindirações destacou também problemas internos para explicar projeções menos otimistas de produção de ração, como os custos mais altos com milho.

Somente o preço do milho registrou alta de mais de 40 por cento ante o mesmo período do ano passado, para cerca de 40 reais a saca, de acordo com indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), em meio a expectativas de uma safra menor neste ano, na comparação com 2017.

Zani ponderou que essa alta nos preços do milho pode ter algum fator especulativo, uma vez que considera que os estoques mais a safra de verão deste ano são suficientes para atender a demanda da indústria até a colheita de inverno, que responde pela maior parte da produção do cereal do Brasil.

E comentou que, em um cenário de demanda mais fraca por carnes, o agricultor que não está vendendo agora seu milho pode ficar com o "mico na mão", ao eventualmente ter de vender o produto a valores baixos.

"Vai ter mais depreciação de preço (da carne), em função do aumento da oferta com a decisão da Europa... E o custo de produção está muito alto. E se a produção (de frango) diminuir, isso afeta os negócios da indústria de alimentação animal, que é provedora de insumos", disse Zani.

© Reuters. Grãos de milho

Ele lembrou também que a indústria de carne suína vive uma situação semelhante à do frango, com o embargo russo às exportações brasileiras desde o final do ano passado.

"O Mato Grosso tem tido prejuízo de 70 reais por animal abatido (de suíno)... por conta do aumento do custo de produção versus depreciação de preço pago ao produtor, em boa parte pela dificuldade de repassar isso ao consumidor, ao varejo", afirmou.

Entretanto, Zani disse ter expectativa de que em breve a Rússia possa retomar compras de carne do Brasil, e salientou que a China tem absorvido parte do que os brasileiros deixaram de exportar para a Rússia.

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2024 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.