Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A energia da hidrelétrica Itaipu pode e vai ficar mais barata para os consumidores, disse à Reuters nesta segunda-feira o novo diretor-geral brasileiro da binacional, o general Joaquim Silva e Luna, que já iniciou conversas com o lado paraguaio para colocar seu plano em prática.
Silva e Luna, que toma posse na terça-feira, em solenidade que deve contar com a presença do presidente Jair Bolsonaro, disse que vai adotar duas frentes de negociação para diminuir o custo da energia de Itaipu, que responde por parcela significativa da geração de energia do país.
Em uma delas, com auxílio da chancelaria brasileira, está em análise uma redução do custo da energia excedente comprada do Paraguai.
Pelo acordo firmado entre os dois países, cada nação tem direito a 50 por cento da energia gerada pela mega hidroelétrica, mas os paraguaios não usam toda a sua cota e vendem essa sobra ao Brasil.
No entanto, durante o governo Lula, houve acordos que reajustaram o custo desse excedente, que favoreceram os paraguaios.
O general estima que hoje o custo dessa energia excedente comprada pelo Brasil seja o triplo do que se pagava antes do acordo firmado por Lula.
"Não há dúvida que a energia vai ficar mais barata para os brasileiros, e o que se calcula agora é o quanto pode ser", disse Luna, ex-ministro da Defesa.
"O acordo não foi ilegal, mas tem espaço para conversar", adicionou ele.
Além disso, a amortização da usina, construída na década de 70, termina em 2023. Atualmente, calcula-se que quase 70 por cento do custo da energia de Itaipu embute o valor do financiamento adquirido no passado para erguer a binacional.
Com a amortização do ativo, abre-se espaço para uma redução de custo da energia e, consequentemente, um barateamento para os consumidores.
"Não dá para dizer que o preço da energia para o consumidor pode cair até 70 por cento, porque há no horizonte outros compromissos e cálculos a serem feitos e custos", disse.
Ele se referia à necessidade de modernização do sistema tecnológico da usina, de analógico para digital, além de outros compromissos como manutenção de centros de tecnologia e pagamento de royalties às cidades das cercanias da usina.
"A amortização gera um barateamento natural da energia e isso será bom para os brasileiros", afirmou o novo diretor de Itaipu.
Itaipu é recordista mundial de geração de energia, com mais de 2,6 bilhões de megawatts-horas (MWh) acumulados desde o início de sua produção, em 1984.