BERLIM (Reuters) - Uma ação judicial movida contra um suposto padre pedófilo na Alemanha busca estabelecer se o ex-papa Bento 16 e outros membros da Igreja Católica têm culpa em um caso histórico de abuso sexual infantil, disse o advogado do autor da ação.
O processo foi movido em nome de um homem de 38 anos, do Estado da Baviera, que diz ter sido abusado por um padre quando criança, de acordo com a emissora BR, em parceria com o centro de pesquisa Correctiv e o semanário Die Zeit.
Andreas Schulz, o advogado que apresentou o caso ao tribunal regional de Traunstein, confirmou o conteúdo da reportagem à Reuters por e-mail.
Um porta-voz da Arquidiocese de Munique e Freising se recusou a comentar um processo em andamento.
O processo tem como alvo um padre, identificado como Peter H., assim como Bento, que serviu como arcebispo de Munique e Freising de 1977 a 1982, seu sucessor no posto, o cardeal Friedrich Wetter, e outros membros da igreja, segundo documentos vistos pela Reuters.
O caso poderia abrir um precedente na Alemanha com o reconhecimento do abuso institucionalizado na igreja se resultar em um julgamento civil, pela primeira vez colocando suposta culpa sobre autoridades do clero.
A vítima, que quer permanecer anônima, tinha entre 11 e 12 anos de idade quando o padre alegadamente lhe mostrou pornografia e abusou sexualmente dela, disse a reportagem da mídia alemã.
Uma reportagem divulgada em janeiro sobre abusos na arquidiocese de 1945 a 2019 acusou Bento de não ter agido contra clérigos em quatro casos quando ele era arcebispo de Munique.
Bento reconheceu posteriormente que ocorreram erros no tratamento dos casos enquanto ele ocupava o cargo e pediu perdão, e seus advogados argumentaram que ele não era diretamente culpado.
(Reportagem de Rachel More e Madeline Chambers)